Quando eu era criança e meus pais me apresentavam para os amigos deles e eu dizia um "oi" baixinho, meu pai dizia que parecia que eu tinha medo de gente.
Tenho.
Somos gente perigosa.
Gente que diz que ama mas maltrata, nem que seja de forma velada, bem disfarçadinho, ou até inconsciente, crente que tá fazendo só o bem.
Há a crueldade escancarada, mas há o simples não enxergar o outro e querer forçá-lo, coagi-lo ou apenas estimulá-lo a ser e fazer coisas que não condizem com a natureza dele, que apenas satisfazem quem o "ama".
Ou que dizem respeito a valores de quem o "ama".Padre Fábio de Melo ensina que há pessoas que nos roubam de nós e outras que nos devolvem a nós, na convivência.
Talvez as que nos roubam de nós existam em maior número.
Nós mesmos, temos grande tendência a nos roubarmos de nós.
É cultural.
Não aprendemos muito a nos amarmos, nos respeitarmos, nos conhecermos, nos enxergarmos.
Aprendemos a viver para o outro, agradar o outro, esperar do outro, a colocar nosso valor nas mãos do outro...
E esvaziados de nós, vamos nós roubando quem se aproxima.
Roubando-os deles mesmos, na esperança de preencher o vazio em nós.
E ficamos assim, monstrinhos perigosos machucando uns aos outros.
Deus nos salve.
Façamos por onde.
ESTÁ A LER
Pensando a vida
Non-FictionDesde a adolescência, a escrita tem sido uma grande válvula de escape, uma forma de me perceber e me organizar mentalmente. ...As idéias surgirão por aqui como surgem as reflexões ao longo da vida: aos poucos, como eternos rascunhos, sendo aprofunda...