Capítulo 65

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Samyr - dois meses depois.

- Paciente Renato Aragão. - falo pra a enfermeira que assente indo chamar.

Dois meses depois consegui renovar minha licença médica. Tô fazendo o que mais amo.. operando.

Por sorte as vezes opero com Lorena ou Alanis, que, mesmo grávida seguiu o que nunca devia ter largado.

- Boa tarde doutor Moura. - aperto a mão do paciente e me sento.

Ele se sentou em uma das cadeiras vagas na minha frente - são duas - parecia bem confortável.

- Boa tarde senhor.. Renato. - releio a ficha lembrando o nome.

Perda de memória recente é foda.

- O que te trás aqui?

- Bom, passei por dois médicos. Fizeram essa TC e disseram ser inoperavel. -ele me entrega um enevlope grande.

Assinto com um "hm". Pego o envelope e abro. Coloco o exame na luz e ligo.

Dou um sorriso vendo o tumor que atingiu a T2 até a T7 - região torácica - era perfeito. Bagunçado mas lindo.

- Todos os médicos falaram "quer um médico que desafie? Procure Samyr Moura!". E então eu vim. -fala encolhendo os ombros.

- Não da pra operar. Posso te deixar sem andar. - coloco o exame em cima da mesa.

Ainda admirado.

- Doutor, desculpe a ousadia. Todos os médicos se adsustaram mas só em você vi inspiração. Ficou encantado! - ele sorri de lado. - Não me importo que fique sem andar, suporto muito bem essa perda. Me importo se morrer.

Dou um sorriso.

- Posso operar mas pode ser que ainda ande. - digo.

- Não ligo se vou andar ou não, quero viver doutor. Tenho só trinta e dois!

Meu sorriso só aumentou. Seria uma cirurgia de umas 18 horas, e eu ano essa adrenalina.

Alanis

Depois da morte do Mariano percebi que não tinha saída. Ficar naquela casa não fazia mais sentido, ainda mais depois que voltei a trabalhar..

Mudei de casa mas continuei na favela. Nada me tira dali.

Tô com três meses de gravidez. Grávida de um menino, Mariano Jr.

Nem eu percebi os sintomas, mas Mariano sim. Minha bunda, meus seios.. tudo tinha mudado e eu nem reparei!

A falta que Mariano faz ninguém vai ocupar. Mas me distraio bem operando.

Refazendo vidas, dando novas chances.

- Fiquei sabendo que pegou um tubarão branco. - falo sentando na mesa que Samyr e Lorena estavam.

Antes éramos quatro almoçando juntos.

- Tumor da T2 à T7, bingo!- ele diz colocando o garfo na boca.

Carne de sol, delícia.

- Que sortudo! - Lorena da uma tapa no ombro dele. - Quero adiantar minhas craniotomias, cirurgias assim só semana que vem.

- Sabe como vai operar?- pergunto bebendo suco.

- Não, vou abrir e ver, não existe um plano certo pra isso. -suspira. - Os vasos sanguíneos tão comprometidos. Não dá pra saber o que tá ligado ao tumor ou a medula.

-Ele pode ficar sem andar. -Lorena conclui o que já sabiamos.

- Ele não liga. Ele quer viver. - diz.

Ele quer o que Mariano já não queria. Dou um sorriso e coloco o garfo na boca, como pude ser tão egoísta?

Fiquei tão nervosa com ele me escondendo coisas que não percebi que ele estava cansado, sobrecarregado.

Não tinha mais ânsia de vida.. que ele queria a morte mas não tinha coragem de me deixar.

Todos são culpados porquê ele nem lutou! Foi tiro inimigo mas o apoio não existiu.

Foi fogo amigo com toda certeza.

Termino meu almoço e vou passar as visitas.

Seu Gonçalves é meu melhor paciente. Tem 73 e quebrou o fêmur. De todos os ossos quebrados esse é o que mais dói.

Também né, o apoio da perna. 

***

Próximo capítulo vai ser fotos da evolução do Mariano Jr., da Babi, Lia, Hiago, Stavo e Santiago.

Beijos.. fim próximo.


Sub dono do Complexo Where stories live. Discover now