Lorena
Pego Bash no colo indo pro mercadinho do Zé. Pego umas besteiras, umas frutas..
Logo volto pra casa.
- Mamãe posso ir bincar na rua?
- Você é muito novinho menino. - toco seu nariz e ele ri.
- Papai deixa.
- Não sou seu pai. - lembro. - Brinca com meu celular. - entrego pra ele desbloqueado.
Faço um macarrão ao molho branco de frango, obviamente. Uma delícia. Faço um suco que maracujá e guardo na geladeira. Isso tudo e ai da são 10:29.
Suspiro esperando que o tempo voe.
- Cheguei!- ouço a voz de Samy.
- Cozinha. - respondo.
- Fala amor, fala moleque. - ele me da um selinho e depois bagunça os cabelos de Samyr.
- Posso ir bincar lá fora pai? - diz colocando o celular na mesa.
Samyr me olha e nego.
- Agora não. - diz pegando Bash no colo e sentando na cadeira com o mesmo.
-Comer. - ele pede.
- Coloca em um só amor. - ergo as sobrancelhas.
- Vou botar mas não sou tua escrava não. - ele ri.
Coloco a quantidade que Samyr come e mais um pouco pra Bash. Coloco na mesa e eles começam a comer. Ponho pra mim e como também.
Tava delicioso.
Samyr - uma hora antes.
Fico na boca contando dinheiro, é incrível como isso aqui tem mais puta que um bordel. Mais incrível o fato delas não aceitarem que eu e Mariano temos mulher!
Uma morena se aproxima com os olhos vermelhos, ela é bonita e tenho certeza que aquilo não é droga. Experiência é tudo nesse ramo.
- Samyr né?- ela sorri.
-O próprio. O que houve? - guardo o dinheiro na gaveta e tranco.
- Que? Vim conversar.
- Seus olhos. - aponto.
- Ma..machonha. - ela gagueja.
- Menina, sou experiente. Diz, vamo no meu escritório. - aponto pra porta da minha salinha.
- É maconha, loló. - ela explica.
- Vou fingir que acredito.- suspiro cruzando os braços. - Tem quantos anos?
- Semana que vem faço 16. - ela diz.
- Com quinze e já ta com o olho vermelho?- riu sarcástico. - Vem.
Fomos pro meu escritório.
- Por que ta nisso? - sinto na minha cadeira rodando. - Senta.
- Escolhas..- ela funga.- Escolhas.
- Tava chorando.- apoio os cutuvelos na mesa e junto as mãos.
- Não..- ela passa a mão no rosto.
-Foi uma afirmação. Qual teu nome?
- Letícia.
- Letícia, eu tenho vinte e oito anos, sou médico, to nessa por diversão e amizade. Aprendi a cuidar das pessoas, a perceber seus sentimentos e perceber quando devo me intrometer. - ela me encara com medo e surpresa. - E quando eu vejo, uma menina de quinze anos com drogas eu só imagino meu filho no teu lugar.
- Não sou..seu filho.- ela trava.
- Mas eu sou pai e não suportaria ver meu filho aí. Onde tu ta e falando com um traficante. Mas ele é filho de um. - ando pra frente da minha mesa e me apoio nela. - Vou em casa buscar comida pra tu, fica aí.
- Vai demorar?
- Vou tentar não demorar. - aviso.
ESTÁ A LER
Sub dono do Complexo
Teen Fiction"Somos condenados a liberdade" - Sartre A todo tempo fazemos escolhas, sejam boas ou ruins, e temos consequências boas ou ruins, temos que saber lidar com elas. Esse livro conta a história de 4 pessoas nascidas no Complexo Alemão, todas perceberam...