Capítulo 19

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Lorena - 3 da madrugada

Samyr ta com dor de cabeça, Mariano e Alanis não tem remédio e nem eu, assim como ninguém nesse acampamento.

- Ta doendo muito. - ele resmunga.

- Vou na cidade. - decido andando de um lado pro outro.

Não suporto ver ele assim.

- Não! - ele se senta na hora. - Não vai.

- É o jeito Samyr. Ninguém tem remédio. Ninguém!- digo angustiada.

- Pede pro Mariano ir contigo.

- Ele ta dormindo. -cruzo os braços.

- Acorda ele!

- Ta Samyr, já volto. - vou até ele e dou um beijo rápido.

Saio da tenda colocando um casaco preto. Vou acordar Mariano não, ele não tem dormido desde que Samyr entrou em coma e agora dormiu.

Caminho devagar e sorrateiramente até a cidade devastada. Me agacho atrás de umas plantas. Espero o carro dos radicais passarem e corro até a farmácia, metade dela já não existia mais.

Vou engatinhando pelos mini corredores.

Ouço vozes e me escondo atrás de uma prateleira. Os remédios de dores de cabeça tavam em frente. Pego três cartelas e guardo no bolso do casaco.

Dois caras passam na lateral e não me olham. Solto o ar e saio pelos fundos, é capaz deles tarem na porta por onde entrei. Olho pros lados.

Acabo vendo um bebê enrolado num pano velho ao lado de uma lixeira. Me aproximo dele. Estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço e todo sujo de sangue.

- Porra. - desenrolo ele do cordão e pego ele no colo saindo dali.

- HEY YOU! - paro de andar e me viro vendo o cara da pasta de dente.

(Ei você).

Logo o mais severo.

- Hello, good night. - dou um sorriso sem mostrar os dentes.

(Olá, boa noite).

- Were not you pregnant?- ele balança a mão apontando pra mim desconfiado.

(Você não estava grávida?).

- Oh, yeah. - fico nervosa e o bebê se mexe no meu colo.

(Oh, sim).

- Four months?

(Quatro meses?).

- No, I... I lost.... - suspiro mentindo.

(Não, eu... eu perdi).

- You bitch, bitch!

(Sua puta, vadia!).

Ele levanta a fuzil e aponta pra mim, saio correndo com o bebê ouvindo os disparos.

Me encosto em uma lixeira daquelas grandes, me ajeito e faço uma espionagem rápida vendo ele se aproximar com raiva.

Me agacho encostada no muro, consigo sair daquela rua. Olho ao redor vendo uma floresta, olho pro bebê que tava atento. Ainda nem vi o sexo.

Corro pra floresta, uma vez Raul me disse que trilhou um caminho pro acampamento pendurando panos vermelhos.

Sigo o caminho correndo e consigo chegar ao acampamento. Olho no relógio em meu pulso agora mais calma, 5:40 da manhã.

Entro na tenda que Samyr estava, ele conseguiu dormir. Coloco bebê em cima de um pano no chão, desenrolo ele do pano.

É menino.

Dou um sorriso, corto o cordão umbilical depois do procedimento, banho ele.

Pego as mochilas e coloco ao redor do pano que ele estava.

Deito em outro pano e durmo.

****

E aí beberes! Turu baum?

Suavão! Mais um aí pra vocês.

Sub dono do Complexo Where stories live. Discover now