Algumas pessoas ainda preferem os quartos

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- Hermione... Ela está mesmo pálida. - constatou ao me olhar.

- Uma passada na enfermaria antes da aula não faria mal.

- "Ela" está bem aqui, ao lado de vocês. - olhei de um para o outro. - E acreditem quando "ela" diz que só está cansada.

Os dois trocaram um olhar desconfiado e Draco revirou os olhos.

- Vamos acreditar, por enquanto...

- Mas estamos de olho em você.

- Desde quando vocês completam as sentenças um do outro?! - eles fizeram menção de começar a falar ao mesmo tempo e achei melhor interromper. - Parem, estão começando a me assustar. - um embrulho à frente de Draco chamou minha atenção e percebi minha oportunidade de sair do foco da conversa. - O que é isso?

- Algo que preciso devolver ao Harry. Por falar nisso, onde ele está?

- Atrasado. Assim como Nev.

Quase como que em resposta à pergunta de Draco, uma voz conhecida ecoou no corredor. Estávamos na ponta da mesa, próximos à porta de entrada e mesmo com o burburinho de vozes e talheres no salão consegui distinguir o tom irritado de Gina. Eles surgiram na soleira, a ruiva discutia com Harry, enquanto Neville tentava apaziguar os ânimos. Ronald caminhava ao lado deles, ignorando a cena.

- Eu disse que ia pensar... pensar. Não me sinto segura voando ao lado dele. - ela se deixou cair no banco à nossa frente.

Ronald se serviu como se nada estivesse acontecendo e ficou claro que estava ignorando a discussão porque era o motivo dela.

- Gina, ele é seu irmão.

- Ele só se lembra disso quando convém.

- Essa doeu. - Neville murmurou.

- Gina, seja razoável. - Luna argumentou e esticou a mão para segurar a de Neville do outro lado da mesa. - Ele foi sorteado, como todos os outros jogadores das casas. Onde fica nossa credibilidade se o excluirmos simplesmente porque você não quer voar ao lado dele?

- Eu não me importo!

- Sério? - Harry lançou um olhar de descrença à noiva.

- Não. E é por isso que estou tão brava. - ela bufou. - Achei que podia confiar em você. - ela apontou o dedo para Draco, fazendo surgir uma ruga na testa do loiro. - Como pode colocar o nome dele no sorteio?

- Não é minha culpa. Ele é o goleiro do time da Grifinória. Eu não tive escolha. E com tanta gente concorrendo, como eu ia podia adivinhar que justamente ele seria sorteado?

- Odeio esse seu novo eu, tão honesto e razoável.

- É claro que odeia. - ele riu.

- Sabe, me pergunto onde foi parar o Draco que todos nós amávamos? - a voz de Ronald não tinha a menor inflexão, nem um mínimo sinal de emoção. - O cara mimado, egoísta e traiçoeiro, ca-

- Morreu junto com o único homem que ele respeitava até então. Foi atirado da Torre de Astronomia ao lado de Alvo Dumbledore.

Senti todo mundo na mesa prender a respiração. Gina piscou algumas vezes, tentando ter certeza de que havia escutado mesmo aquelas palavras. Essa era apenas mais uma das centenas de culpas que Draco carregava - a morte de Alvo Dumbledore. Ele sempre preferiu o silêncio quando se tratava do que aconteceu antes da guerra, das coisas que foi obrigado a fazer. Apesar de ter que assistir o sofrimento dele quieta e calada, aprendi a aceitar a escolha. Parecia-me que dizer em voz alta aumentava o tamanho da dor, escancarava a verdade e, claro, a culpa.

Side Effect (Dramione)Where stories live. Discover now