Vermelho Escuro

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As botas de couro de Gina apertavam meus pés e tornavam ainda mais difícil caminhar pelas pedras escorregadias. Por segurança, aparatamos a cerca de 2,5km de distância do castelo, na beira do mar. Andamos pela praia de pequenas pedras, escondidos pelo alto barranco que separava o mar do vale de vegetação rasteira, em direção às ruínas de Castelo . Avançamos devagar, atentos ao que estava ao nosso redor, mas principalmente, porque Harry e Gui discutiam sobre nossa abordagem à construção. O Weasley mais velho achava mais seguro observar a movimentação e esperar escurecer. Enquanto Harry queria agir imediatamente. Algo com que eu concordava total e indiscutivelmente.

- É exatamente com isso que eles estão contando. Nosso desespero e consequente despreparo. Precisamos agir com cautela.

- Já temos um mapa do castelo, sabemos quantos, aproximadamente, eles são. Que se exploda a cautela, Gui. Quem sabe o que eles podem estar fazendo com ela nesse exato momento. É de Rodolfo Lestrange que estamos falando...

- Harry... - Gui começou.

- O cara torturou os pais do Neville até a loucura.

Ele tentou baixar o tom de voz o máximo que pode para dizer aquilo, apesar da raiva. Era para apenas Gui ter ouvido. Mas estávamos muito próximos. Senti Luna ficar tensa ao meu lado. Os olhos de Neville escureceram por um instante, perdendo completamente o foco. Então, ele olhou para Harry decidido.

- Vamos estabelecer um tempo. Digo para esperarmos duas horas, enquanto observamos, fazemos rondas, testamos possíveis feitiços de proteção e procuramos por armadilhas.

- Duas horas! E eu entro com ou sem vocês. - Harry decretou.

Aquelas podem ter sido, definitivamente, as duas horas mais longas da minha vida. Com a ajuda de Angelina, Héstia e Luna tentei encontrar todos os feitiços de proteção que conhecíamos, mas isso apenas nos deu algo com que passar o tempo, nada mais. Os garotos resolveram criar um revezamento em trios para vigiar a movimentação no castelo e fazer rondas pelo perímetro. E ao fim das duas horas eu sabia que meus pés estavam sangrando dentro das botas apertadas.

Apesar do horário, não havia nem sinal de sol. E o vento que vinha do mar, batia com força contra a pele descoberta do meu rosto, castigando-a. A praia se estendia muito além de onde estávamos, permeando toda a lateral do castelo e adiante. Mesmo dali dava para ver que havia restado pouco do que um dia foi . Os muros não existiam mais; das duas torres em forma de D que eu conseguia ver, apenas uma ainda tinha algo que se podia chamar de terceiro andar; e não havia nem sinal de portões. A pedra cinza, escurecida pelo tempo, tornava o que restou da construção um cenário mórbido e sombrio.

- É isso. Estou indo. - o menino que sobreviveu anunciou.

- Todos nós estamos. - retruquei impaciente.

Começamos a caminhar ainda mais próximos ao barranco. De repente, o ritmo não parecia rápido o suficiente e comecei a correr quase ao mesmo tempo que Harry, ignorando os protestos dos meus dedos dos pés. O chão de pedras e raízes não contribuía em nada para o nosso avanço, sentia uma fisgada no joelho a cada vez que pisava com um pouco mais de força no chão; e devo ter virado o pé uma centena de vezes, até que as paredes de pedra cresceram sobre nós. Harry não parou, aproveitou uma rocha mais alta para dar impulso e apoiando as mãos na grama, içou o corpo. Neville passou por mim antes que eu me desse conta do que estava acontecendo e fez o mesmo. Mas, uma vez lá em cima, esticou a mão para me ajudar a subir. Assim que coloquei os dois pés no chão, hesitei, dividida entre ajudar os outros ou seguir Harry. Então, Neville decidiu por mim:

- Vai. A gente alcança vocês.

Ele não precisou dizer uma segunda vez. Contornei a gigante estrutura de pedra pela esquerda, já com a varinha em punho, e entrei no que um dia deve ter sido o pátio do castelo. Mesmo uma olhada rápida mostrava que podíamos facilmente descartar o terceiro andar das torres mais próximas como esconderijo em potencial. No geral, havia poucas paredes de pé, mas, ainda assim, inúmeros lugares onde se esconder. Harry corria em direção a uma porta escavada na pedra com o mapa improvisado na mão. Do outro lado do pátio, erguia-se outra construção, a outra torre. Ela não estava em melhor estado, mas era um esconderijo tão bom quanto qualquer outro. Lembrei-me na explicação de Narcisa. No primeiro andar, a portaria era dividida em três salas. O segundo tinha um ambiente só. O terceiro, um hall e câmaras. Não foi uma decisão difícil, e talvez não tenha sido totalmente inconsciente também, correr para a torre oposta. Percebi que alguém me seguia e olhei para trás rapidamente para encontrar Neville e Luna.

Side Effect (Dramione)Where stories live. Discover now