Amizade ameaçada?

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O silêncio tomou conta do grande cômodo. Nós três ficamos olhando de um para o outro. Gina parecia estar reunindo coragem para começar a contar o que quer que fosse.

- Gina... - Harry começou a dizer, meio engasgado.

Eu arregalei os olhos em direção à garota ruiva, tentando estimulá-la, mas sem forças para perguntar o que mais poderia ter acontecido enquanto eu estava desmaiada. Apesar do tom de brincadeira, Gina parecia mais séria do que eu jamais vira.

- Bem... - ela tentou sorrir, mas não deu certo. Ao contrário, seu rosto exibiu uma careta: havia angústia, cansaço e um certo desespero presos por baixo da máscara de calma que ela tentava vestir. Meu coração, se isso era possível, apertou-se ainda mais.

- Gina, você sabe que não há nada que não possa nos dizer... - comecei. E os olhos dela se encheram de lágrimas.

Harry passou o braço pela cintura de Gina e a puxou para perto, afagando os cabelos ruivos da namorada. O que só serviu para que o choro aumentasse. Comecei a me desesperar com o que poderia ter acontecido para deixar Gina naquele estado.

- Giny... - Harry chamou. Mas a garota estava agarrada a camisa dele, ensopando-a enquanto soluçava. - Giny, depois de tudo o que passamos, nada pode ser tão ruim... - ela murmurou alguma coisa na curva do pescoço de Harry, mas a frase abafada e cortada pelas lágrimas foi incompreensível, exceto por uma palavra. "Papai".

- Aconteceu alguma coisa ao senhor Weasley? - Harry questionou, tão surpreso quanto eu.

Ela balançou a cabeça negativamente, enquanto se afastava de Harry, limpando os olhos.

- Ainda não... mas... assim... - e começou a chorar novamente.

- Continuo sem entender nada! - Harry foi categórico. - Alguém está ameaçando sua família Gina?! Você viu ou ouviu alguma coisa?!

Aquele era bem o tipo de coisa em que Harry pensaria. Mas as coisas andavam tão tranquilas...

- Harry, não acho que seja uma possibilidade. Quem?! - protestei.

- Alguns comensais ainda estão à solta, Mione. Podem estar tentando confundi-la com visões e sonhos como já fizeram comigo. Podem estar tramando uma retaliação. - ele teimou.

- Agora você soou exatamente como o Ronald. - destaquei. - Nenhum dos comensais com cérebro e habilidade suficiente para fazer uma coisa dessas ainda está vivo ou à solta.

- Chega! - Gina se manifestou, fungando. - Não é... Não é nada disso, Harry. Apesar de poder dar início a uma terceira guerra bruxa. - ela parecia cansada. Gina sentou-se na cama novamente, ao meu lado. Ela levantou os olhos ainda marejados para mim e segurou a minha mão.

- Eu sei que não é justo te pedir isso, com tudo o que você está passando, Mione. Mas eu preciso da sua ajuda. Papai sempre escutou você e o Harry mais do que eu, ou qualquer um dos meus irmãos. Mas não acho que seja uma boa ideia deixar Harry ao alcance dele pra isso... Bem, talvez o perigo mesmo, nesse caso, seja mamãe e, é claro, Ronald.

Gina falava com rapidez, atropelando as palavras, colocando para fora o que pareciam horas de reflexões sobre o assunto. A compreensão iluminou a minha mente à menção da sra. Weasley, associada a possibilidade de uma terceira guerra bruxa. Não era como se eu não soubesse tudo - até mesmo mais que o necessário - sobre a relação de Harry e Gina.

Como pude deixar passar os sinais? Como pude não perceber? Merlin! Eu estava tão envolvida assim em mim mesma, que nem pude ver o quanto minha melhor amiga precisava de mim?

- Por Merlin, Ginevra! - murmurei, não conseguindo deter o espanto que o entendimento da situação causou em mim. Os olhos dela eram piscinas de lágrimas.

Side Effect (Dramione)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora