Casa comigo?

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- O que eu quis dizer, é que você me ensinou a te amar. - Eu disse ainda de olhos fechados. Fazia alguns minutos que nós estávamos acordados, mas eu estava concentrada no ritmo das batidas do coração de Draco. Aproveitando os carinhos dele. - Você... Por isso a culpa é toda sua. Porque eu não consigo mais pensar na minha vida sem você... Eu fico desesperada diante da possibilidade de te perder... Eu sinto a sua dor e queria poder transferir ela toda para mim... O que eu to tentando dizer... Não tem mais eu, Draco. Só nós. Você e eu. Juntos.

Ele parou de brincar com as costas da minha mão. Mas não disse nada. Mordi o lábio, receosa. Talvez eu estivesse indo rápido demais, atravessando as coisas. O mundo lá fora ainda estava uma bagunça. E por mais que a tranquilidade e a segurança daquele quarto nos deixassem confortáveis e confiantes, em algum momento teríamos de enfrentar a realidade - difícil e dolorosa, como ela realmente era. Havia muito o que colocar no lugar e mais coisas ainda para esclarecer.

- O que você disse? - Ele finalmente perguntou baixinho.

Afundei o rosto no peito dele, que subia e descia um pouco mais rápido agora, pensando se deveria repetir a frase ou tentar inventar uma desculpa, mudar parcialmente as palavras e talvez diminuir o peso delas. Draco segurou meu queixo com a ponta dos dedos e virou minha cabeça para cima, para ele, obrigando-me a encará-lo. Então, arqueou uma sobrancelha, cobrando a resposta.

Respirei fundo e mordi o lábio. Eu sempre fui uma péssima mentirosa mesmo.

- Eu... eu falei... Disse que... pra mim... da maneira como eu vejo as coisas agora... A gente... Quer dizer, nós... É quase como se fossemos um só.

Acho que fiz uma careta e fechei os olhos quando as últimas palavras deixaram a minha boca. Porque quando dei por mim, estava mais uma vez de costas na cama, com os lábios colados nos de Draco. Ele segurou meu rosto entre as mãos e deu um beijo na minha testa antes de se afastar só o suficiente para olhar nos meus olhos.

- Casa comigo?

Engoli em seco. Eu imaginei as palavras. Tinha que ter imaginado. Eu só podia ter imaginado as palavras saindo da boca dele, porque não fazia o menor sentido. Quer dizer, por mais que eu amasse Draco e ele me amasse, ainda estávamos na escola. Nenhum de nós tinha um emprego. Eu tinha acabado de completar 18 anos. Meus pais ainda nem sabiam que eu tinha um novo namorado, principalmente, que esse namorado era Draco Malfoy. E, aparentemente, ele estava me pedindo em casamento.

- Hermione? - Uma voz que vinha de longe chegou aos meus ouvidos. - Hermione? Você me ouviu? Estou perguntando se quer ser minha mulher?

Definitivamente, contrariando a sensatez, ele tinha acabado de me pedir em casamento. Encarei os olhos cor de tempestade e meu reflexo me encarava de volta de dentro deles - os olhos ligeiramente arregalados, a boca aberta de forma idiota, a expressão vazia e perdida.

Por que minha expressão chocada de felicidade precisava ser tão patética?

Sim, eu ouvi. Pensei. Sim, eu caso. Eu queria gritar em alto e bom som, apesar de todas as ressalvas e argumentos que inundavam a minha mente. Porque quando se tratava de Draco a lógica e a razão não valiam de nada. Mas minha voz havia desaparecido. Toda a minha capacidade de articular palavras, pensar, e me mover tinha sumido. Nunca imaginei que a felicidade também pudesse sufocar, fazer você perder o ar e a linha de raciocínio, paralisar. Só que, naquele momento, não havia espaço suficiente dentro de mim para o tamanho e a intensidade do que eu estava sentindo. E, por isso, a felicidade acabou transbordando pelos meus olhos.

Um sorriso incerto surgiu nos lábios de Draco. Ele me analisou por mais alguns instantes e sem conseguir se conter, perguntou.

- Isso é um sim? Por favor, me diz que estas são lágrimas de felicidade?

Side Effect (Dramione)Where stories live. Discover now