Epílogo

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   Tinha acordado a um tempo, mas Leon continuava dormindo ao meu lado. Sua respiração era calma. Eu o admirava sabendo que não poderia dar o que ele queria, o que nós desejávamos. Eu queria um filho nosso, algo só nosso. Não que a Joan não seja, mas cada vez que eu a colocava para dormir, cada vez que ela me chamava de mamãe, cada vez que ela sorria para mim, eu desejava ter aquela sensação de uma vida sendo gerada em mim.

   Quando Joan completou 12 anos, ela pediu um irmão. Não era por falta de tentativa ou desejo, mas sim eu, eu que tinha dificuldades, o problema estava em mim. Quando ela falou do seu desejo em ter irmãos, começamos a tentar de tudo, mas nada do que fazíamos dava certo e sempre perdia a criança.

   Eu nunca conseguia segurar nenhum em meu ventre.

   Chorava toda noite no começo, Leon nunca via, eu sempre esperava ele dormir. Não consegui olhar para ele sabendo que não poderia dar nenhum filho a ele. Isso acabou criando uma situação muito grande em nosso relacionamento, ele sabia o motivo eu não precisava dizer.

   Ele sempre esteve ao meu lado me apoiando, dizendo que tudo iria dar certo, que tinha um tempo certo para tudo e que o meu tempo não era esse, mas eu sabia que ele queria mais um filho, uma coisa minha e dele e me doía não poder dar isso a ele, não dá isso a nós ou mesmo a Joan.

   O maior arrependimento de Leon foi ter ignorado a Joan por boa parte de sua infância, ele se arrependia de não ter cuidado dela nesse tempo, ter ido ao seu socorro toda vez que a mesma chorava, ter aproveitado mais os seus primeiros dias de vida.

   Tinha feito uma semana desde a última tentativa, eu tinha acabado de perder mais um filho. No começo Joan pensava que era culpa dela eu não poder ter mais filhos, ela pensava que de alguma forma tinha me machucou, que me feriu a um ponto que eu não pudesse mais gerar mais nenhum filho.

   Foi difícil explicar que ela não tinha culpa e que foi o acidente que me deixou assim. Ela queria saber que acidente era esse, a gente não podia dizer a ela a verdade e eu tinha feito uma promessa que não iria mentir mais para ela, já era difícil demais carregar a culpa de mentir sobre eu ser sua mãe.

   Ela estava triste, e me pedia desculpas todas as vezes que eu perdia um bebê ou que a inseminação não desse certo, ela se sentia culpada e nada que disséssemos a deixava bem, eu não aguentava vê-la assim, ela era só uma criança e já se sentia responsável por algo que não era sua culpa.

   Cheguei a pensar em contar a verdade para ela, mas eu e Leon brigamos muito naquele, a decisão era dele e nunca passaria por cima disso. Sei que deveríamos ter contado desde o começo, mas os anos foram se passando e tudo ficou mais fácil, ela não se lembrava da infância e nem que eu passei um bom tempo longe dela.

   Quando ela perguntava porque não tínhamos fotos juntas eu dizia que era porque estava muito doente e estava a maior parte do tempo no hospital e que seu pai fez de tudo para substituir o tempo que a gente passava longe, eu me sentia mal por mentir para ela, mas me sentia mais mal ainda em contar a verdade ela.

   O moreno se move a minha frente, ele estava se despertando e sabia que ele se sentiria mal em me ver assim. Me virei e fechei meus olhos, se ele pensasse que estivesse dormindo não me acordaria, hoje é seu dia de ir para a empresa, temos dividido as responsabilidade para que nenhum se sinta sufocado, alternamos os dias e hoje era minha folga e como a Joan estava de férias iriamos sair.

   — Eu sei que está acordada — sua voz era rouca e ele me puxou para perto me fazendo ficar de frente a ele.

   — Desculpa – meus lábios vibraram, eu senti a lágrima rolar em meu rosto, meu peito doía e eu não sabia como parar com aquele sofrimento, com aquela dor.

Sempre Vou Te Amar 》 Book TwoWhere stories live. Discover now