✿Capítulo 23✿

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LEON


Sinto como se errasse todos os dias, nada que eu faça parece ser certo, como se eu tomasse sempre as decisões erradas. São erros atrás de erros e eles não parecem querer parar, e isso de certa forma chega a ser cansativo, e muitas vezes não tenho coragem de sair da cama, pois sei que vou errar mais uma vez, e essas infinidades de erros me sufocam tanto que tenho vontade de me matar, que é mais uma decisão errada.

   No começo eu pensava muito sobre o que fazer, sobre o que comer, sobre o que vestir, sobre o que assistir e o que ouvir. Pensava por horas e não importava o quanto pensava, eu sempre escolhia o errado. Quando cheguei na minha maior idade as coisas começaram a ficar mais tensas, namoros que não ia a lugar algum, passeios que terminavam em hospitais, visitas que acabavam em brigas e assim sucessivamente.

   Com o tempo eu parei de me importar, eu só ia de impulso, não pensava só ia, de qualquer forma eu iria errar mesmo.

   Todo mundo tem dias bons e dias ruins, contudo não me lembro de dias bons na minha vida, só dos dias ruins, que se tornaram uma grande dificuldade. Minha força interior já tinha deixado de existir a muito tempo me deixando aprisionado nesse redemoinho de erros que se tornou minha vida.

   Tinha tomado mais uma decisão que gritava dentro de mim como erro, mas a outra opção também parecia bem errada. Fazia dois dias que a Lizzie tinha recebido sua alta, e quase duas semanas desde seu ataque no quarto, o médico me explicou que ela estava em negação e quando tudo voltou para sua mente ela não queria aceitar a verdade.

   O mais difícil de aceitar foi que provavelmente ela sentiu todo aquele medo de novo, todo o nojo, todos os seus pensamentos de volta, tudo de uma vez. Eu queria está ao seu lado nesse momento, mas o doutor não permitiu, disse que ela precisava de um tempo a sós, mas depois descobri que ela que não queria me ver.

   No fundo sabia que isso iria acontecer, que ela me culparia de tudo quando voltasse a si, que voltaria a e odiar com todas as suas forças.

   Deveria ter pego a Lizzie a dois dias, mas tive medo, medo do que ela iria fazer se aparece em seu quarto, medo que ela gritasse e culpasse, medo de perdê-la para sempre. Adiei ao máximo esse dia, mas ele chegou, Jolie se ofereceu para ficar de olho nela até seus pais voltarem e levarem ela, mas eu recusei, eles me pediram para não a levar de volta aquele prédio e iria cumprir isso.

   Quando Jolie insinuou que eles iriam levar Lizzie me perguntei se ela sabia de algo, eu não queria que ela se fosse, mas no fundo sabia que seus pais não permitiriam que ela ficasse aqui depois de tudo.


CALIFÓRNIA, ESTADOS UNIDOS,

10 ANOS ATRÁS


— Não deveria fazer isso — disse a morena de olhos claros. Ela estava reclamando comigo por pular nas poças de água e alegando que minha mãe iria reclamar por está sujando a barra da calça.

   — Minha mãe não é a sua — revirou os olhos e se virou indo em direção a minha casa lotada. — Porque não disputamos uma corrida até a casa dos Gomes? — ela virou o rosto de lado e vi um sorriso surgir por cima de seu ombro.

   — O que vou ganhar quando te vencer — ela veio se gabando até mim.

   Forcei a risada.

   — Até parece que você vai ganhar — disse caminhando até o meio da pista.

   — Vamos só ver — rebateu.

Sempre Vou Te Amar 》 Book TwoWhere stories live. Discover now