Sempre Vou Te Amar 》 Book Two

✿Capítulo 21✿

LEON

   Todo mundo esconde uma parte de si mesmo, pelo menos por um tempo, às vezes você enterra alguma parte de si mesmo tão profundamente que precisa ser lembrado que ela ainda estar lá, e às vezes tudo que você quer, é querer esquecer quem você é por inteiro.

   É incrível como a vida é fugaz, tão frágil. Tudo nela é passageiro, nada dura para sempre só o que fica são as lembranças e a saudade dos momentos felizes. Hoje foi mais um daqueles dias que me senti inútil, mais um daqueles dias que percebi que não sou nada, que não podia e não posso fazer nada.

   Sempre vivi na sombra de meu pai e de suas realizações, como se eu não fosse capacitado para caminhar sozinho, me sentia aprisionado como se tivesse uma coleira em meu pescoço e para onde quer que ele fosse me arrastava junto. Ele nunca me perguntou sobre meus sonhos, ou mesmo se gostava de ser arrastado para toda reunião que fosse.

   Quando cheguei na Inglaterra ele tratou logo de me colocar por cinco anos em um internato e quando finalmente pensei que estava livre ele começou a me levar em suas reuniões. Só em pensar que irei ter que voltar a viver isso tudo de novo me deixa louco, eu sei que isso é minha responsabilidade, mas também sei que isso não é o que quero para mim.

   — Leon — disse Henry me trazendo para o mundo real. O cheiro do álcool fica mais forte em minhas narinas, o som das macas e cadeiras de rodas sendo arrastadas ocupam o ambiente e os sussurros das conversas das pessoas vem de vários lados. — Eu me lembro desse olhar — ele senta ao meu lado encarando a mesma parede banca e as cadeiras acolchoadas e vazias. — Sinto muito pelo seu pai — eu não queria falar sobre o assunto, não queria pensar na responsabilidade que está em minhas mãos agora.

   Confirmei com a cabeça e olhei para o chão.

   Tudo está acontecendo tão rápido, parece que foi ontem que cheguei de viajem, parece que foi ontem que vi o sorriso dela pela última vez, aconteceram tantas coisas nesses dois meses.

   — Isto é tão familiar — a voz de Henry soa mais uma vez e o encarro. — Ela vai ficar bem, você vai ver.

   — Você já me falou isso antes — Já fazia quatro dias que ela foi encontrada, sua mãe não permitiu que a visse, e tenho certeza que ela ainda não quer que a veja, mas o médico que cuida do meu caso me ligou essa manhã pedindo que viesse aqui.

   — Então vai me dizer que ela não ficou bem — rebateu ele.

   — Mas não quero ficar mais dois anos sem ela como consequência.

   — Você já falou com os pais dela — nego.

   — Ela passou por tanta coisa e eu sei que eles me culpam, não só a mãe, mas também o seu pai, mesmo que ele não admita, eu vejo isso sempre que olho para ele, falei com ele algumas vezes, mas depois que ela foi encontrada e vim aqui e tive aquela discussão com sua esposa, ele não atende minhas ligações.

   — Jolie está aqui, você a viu — neguei. — Ela ainda está sua casa —neguei mais uma vez.

   Gosto muito do Henry, mas nesse momento eu só quero está a sós, minha cabeça lateja, minhas costas doem e o cansaço físico e também o metal está acabando comigo. Nunca passei tantos dias sem dormir, sei que não adianta em nada ficar acordado, mas todas as noites Hardin aparece em meus sonhos, como um ladrão noturno, ele sempre aparece sorrateiramente e rouba a Lizzie de minhas mãos, enquanto eu permaneço parado vendo eles se afastar lentamente de mim.