Before Midnight- 4*

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Me espreguicei na cadeira e fechei os olhos. Já são 22:00 da noite. Estava fazendo um plantão com Wendy, tínhamos muitos trabalhos e estava difícil conciliar o tempo. Então, ficaremos a noite toda acordadas.

-Vou comprar um café, vai querer?— Perguntei a Wendy, peguei meu casaco e a carteira.
-Café puro, por favor.

Sai da sala, e caminhei até a cafeteria recém inaugurada. A noite estava fria e as ruas estão bem movimentadas. Senti o calor reconfortante quando entrei no local. Caminhei até o balcão.
- Dois cafés puros, por favor.
-Qual é o seu nome?
- Sung Ahra.
-Ok, já vai ficar pronto.

Agradeci e sentei na mesa mais próxima. Deveria ter trazido meu celular... Comecei a olhar para as pessoas que estavam no local. Tinha um grupo de adolescentes, um senhor concentrado no computador e um casal... Espera, aquele era o Hoseok?

Gelei. Meu coração parou. Minha mente ficou como uma folha vazia.

Apesar da minha vida ter mudado pra melhor, eu ainda continuava no meu mundo. O único momento que eu sai dele, foi quando o Hoseok me beijou. Há um ano atrás...
Poxa, tantas coisas podem ter mudado pra ele. Agora, ele está sentado naquela mesa, com uma garota.

Eu não posso questionar, eu fui embora. E nem sei o significado do beijo, talvez tenha sido uma ficada em uma festa.
Pra mim, aquilo desencadeou em uma série de pensamentos e mudanças, mas pra ele pode ter sido só um beijo. Talvez, ele nem se lembre de mim.

-Sung Ahra! —O atendente me chamou e eu caminhei até ele. Enquanto pegava o dinheiro na carteira, senti um toque nas minhas costas.

-Ahra? —Meu corpo estremeceu quando ouvi a voz dele. 1 ano. E ele continua provocando reações. Me virei lentamente. Ele estava na minha frente, seu rosto expressa tamanha confusão. Mas ele continua lindo. Muito lindo.

-É você mesmo? —Hoseok estava concentrado em mim. Meu mundo parou.

-Hoseok... —Eu viajei nos nossos olhares. Só despertei quando o atendente me chamou.

-Moça, o pagamento...— Me virei para o rapaz e paguei o pedido. Quando estirei minha mão para pegar os cafés, Hoseok a segurou.

-Podemos conversar por um minuto ?

Olhei em volta e a garota não estava mais no local. Ele parecia estar suplicando, o que é isso? Saudade?

Peguei os cafés, e sentei na mesa, com ele na minha frente. Eu não sabia o que falar.

-Já faz tanto tempo...— Hoseok começou e eu mal conseguia respirar. —Eu te procurei. Naquele noite, e todos os dias depois dela...

Olhei incrédula para ele. Mas o que estava acontecendo?
- Sabe, eu não costumo ficar com garotas em festas. E você teve um significado pra mim...

Tiro. No. Meu. Coração.

Tentei me acalmar um pouco, Hoseok parecia muito nervoso, e eu não conseguia raciocinar.
- Eu... Me desculpe, por ter saído sem me despedir...Você, também teve significado pra mim. Eu não fico com caras em festas e...achei que eu era a única que sentiu alguma coisa naquela noite...

- Eu perguntei pra todo mundo, se alguém conhecia uma Sung Ahra. Depois, procurei nas redes sociais... Nada, comecei achar que você era coisa da minha cabeça. E que aquilo não aconteceu e eu só estava muito bêbado. Sabe, você podia ter ido no estúdio, você sabia que eu trabalhava lá...

-Eu sei disso, mas eu fiquei sem saber o que foi aquilo. Podia ser, só uma ficada. Você não tem noção do significado daquela noite pra mim... —Olhei para os  cafés e lembrei do porquê de estar ali. Wendy ia ficar preocupada se eu demorasse— Hobi, desculpa mas eu tenho que ir agora. Salve o meu número, vamos marcar de sair. Precisamos conversar. Estou sem meu celular aqui, então me dê o seu.

Ele me entregou o aparelho e eu salvei o meu número. Dei uma última olhada nele antes de sair. Isso aconteceu mesmo? Sendo sincera, todas as vezes que imaginei me reencontrar com ele foram muito emocionantes. Não tinha esse sentimento estranho que estou sentindo agora. Mas é claro, nunca acontece como a nossa cabeça acha que aconteceria. Agora é saber até onde estou disposta a mexer nisso porque mudar o jeito que as coisas estão na minha cabeça, seria demais.

***

Realmente aconteceu. Depois de 1 ano. Eu não sabia o que sentir ou pensar.

Hoseok era uma lembrança bonita. Agora, eu não sei o que vai acontecer. Ninguém nunca sabe. Por que eu estava com tanto medo do futuro?

É só ele.

Assim que entrei na minha sala, entreguei o café de Wendy. Bebi o meu com tudo. Nem ligando para o  gosto horrível.

-Aish, está frio! Por que demorou tanto, Ahra?

Não me dei o trabalho de responder. Minha mente ainda estava no puro branco. Ele voltou sem avisos prévios. As coisas acontecem na nossa vida, e acabamos percebendo que não temos controle de nada.

Hoseok parecia muito sentido. Sua expressão era diferente da expressão de quando o conheci. Era diferente. Talvez aquela festa, não foi a melhor forma de nos conhecermos. Mentira. Aquela festa foi perfeita.

Levei um susto com o meu celular vibrando. Pela tela, era uma mensagem de um desconhecido. Mas eu sei quem é.

Desconhecido: Senti saudade.
Desconhecido: Tenho uma coisa pra te dar.
Desconhecido: Quando vamos nos ver ?

***

Ah, saudade é um sentimento tão bonito. É sentir a falta. É se sentir incompleto. Para você sentir a saudade, você primeiro tem que dar espaço para o ser necessário. Hoseok é necessário? Então por que eu senti tanta falta? Eu era necessária pra ele?

Wendy me aconselhou a me jogar na dele, e ele poderia ter sentido muito mais que eu. Tentar conhecê-lo era o próximo passo.

Meus dias estavam tão corridos, nem percebi a semana passar. Hoseok me manda mensagem todos dias de manhã, e a conversa sempre termina com ele perguntando quando iríamos nos encontrar. E eu sempre pedia desculpa, por não ter tempo.

Eu não tenho tempo para o Hoseok.

Nunca achei que essa frase estaria os meus pensamentos. Me senti culpada. Culpada por ter ido embora. Culpada por não ter o procurado. Culpada por estar com medo. Culpada por estar fugindo.

A verdade era que eu estava fugindo, colocando a culpa no tempo. De novo. Às vezes, queremos tanto alguma coisa, que temos muito medo do pode acontecer.

Queremos tanto um emprego bom, queremos tanto passar naquela faculdade desejada, queremos tanto aquele namorado perfeito, queremos tanto aquela roupa da moda. Mas o que fazer? Quando o emprego te sufoca, quando a faculdade te transforma em um zumbi, quando o namorado termina com você, quando a roupa mancha ou rasga.

O tempo é sufocante, mas libertador. A falta dele, resulta em medo, ansiedade, dúvidas, estresse. O loop de tempo é tão comum que quando saímos dele, o medo persiste no nosso coração.

Não tenha medo. Tudo passa.

O seu emprego um dia vai passar, a faculdade também e se ela ainda não chegou, não se preocupe. O namoro pode acabar e a roupa não vai mais estar na moda.

A vida é como um rio. O tempo é como as águas correntes, essas águas do medo, da ansiedade, das dúvidas e do estresse passarão da mesma forma que vinheram. E águas tranquilas surgirão na sua vida. Só deixa as águas ruins partirem, e não provoque confusão jogando uma pedra no rio, porque essa pedra será só mais uma no fundo do rio. As pedras são como pessoas. Elas sempre estarão ali. Pedras ruins só causaram um estrago no percurso do rio, e pedras boas só mudaram o percurso das águas. Mas todas as pedras ficam no fundo do rio. Guarde as pessoas da vida, e aguarde os momentos ruins irem embora.

Tudo passa.

***

𝑷𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒆𝒔 𝒊𝒏 𝒓𝒆𝒂𝒍 𝒍𝒊𝒇𝒆  -𝚂𝚑𝚘𝚛𝚝𝚜𝚏𝚒𝚌𝚜- BTSWhere stories live. Discover now