08. Ontário

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Ao longo desses meses eu decidi que iria registrar todos os meus momentos aqui no Brasil, com meus amigos, minha família, momentos, sorrisos e tudo que me fazia feliz. Bem, aí eu ganhei uma Polaroid e você já deve saber no que deu, minha mala de mão tem mais foto do que roupa e fiz questão de guardar em um caixa e levar na mala de mão para não correr risco de perder. Quero fazer um mural em meu quarto com essas fotos e com as novas que irei tirar no Canadá. Meu pai disse que eu tenho um dom para a fotografia, assim como eu tenho para o canto.

Esse é o voo mais longo que já fiz em minha vida, já vi metade de e Breaking Bad e Jack tinha razão, essa série é maravilhosa, escutei o álbum inteiro do John Mayer e metade do Ed Sheeran , dormi, comi e ainda não chegamos. Decidi dormir mais um pouco para abafar meu tédio já que eu era a única acordada naquela fileira.

- Madison Cardoso Laurier! Acorda, estamos chegando. – Levo um susto ao sentir meu assento ir totalmente pra frente num solavanco só.

Fazia um bom tempo que eu não escutava o meu último sobrenome, um dejavú se formou em minha cabeça ao me lembrar de minha vó, ela é francesa, adora contar essa história, a história de como obrigou seu filho a deixá-la escolher o sobrenome de sua neta e bem, ela escolheu o sobrenome de sua mãe, minha bisavó. Era uma honra usar esse sobrenome embora todo mundo desistisse de me chamar por ele por não saber sua pronúncia certa no Brasil. Foi ela que me ensinou a falar francês e inglês, até hoje eu agradeço à ela pela a fluência.

Na maior parte das vezes ninguém sabia minha nacionalidade, já que meus sobrenomes eram de distintas origens. Deixa-me explicar de uma vez por todas:

Minha mãe é Portuguesa- Cardoso

Meu pai é Francês- Le'blanc

O Laurier substituiu o Le'blanc, e não me importei já que ambos representam a nacionalidade de meu pai.

E eu, bem sou brasileira, boa mãe... Quem mandou ela viajar para o Brasil com 9 meses de gravidez.

Esse dejavú inteiro me fez sentir mais saudades da minha vó, fazia 2 anos que não ia visita-la, nas próximas férias eu quero ir para lá. Ela me fez amar a cidade dela assim como me fez amar os animais. Colmar sempre terá um grande pedaço do meu coração, sempre achei aquela cidade digna de um conto de fadas, minha vó falava que eu poderia virar a princesa desse conto, seu eu fosse morar lá, o que deixava minha mãe de cabelos e pé, quando eu implorava a ela, para nos mudarmos ou me deixar morar com minha vó.

- Pra que carinho né Jack, levei um susto... – Falo me ajeitando.

Dentro de instantes estaremos pousando no Pearson International Airport (YYZ). Mantenham os encostos da poltrona na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas. Observem os avisos luminosos de apertar cintos.

- Pai, estou com medo... do que está por vir. – Perguntei, mas no fundo eu sabia de sua resposta, ele também estava.

Assim que ele decidiu vir, ele arrumou um emprego no hospital central de Toronto, não foi muito difícil já que ele era um cirurgião renomado, à prontidão. Mas apesar de renomado, sempre foi muito presente, acabando com o esteriótipo de que médico não tem tempo para a família.

- Ah minha filha, eu também estou. É normal estar com medo, estamos nos mudando para um novo país, estamos indo em busca do desconhecido, por novas aventuras, novas experiências e uma nova vida. Eu não posso te pedir para abstrair esse medo, pois é impossível, mas eu posso te pedir para mergulhar de cabeça nisso, se entregue, meu amor e não tenha medo de ser feliz, pois...

- Tudo depende da perspectiva. – Eu o interrompi recebendo uma aceno positivo com a cabeça. Ele me dizia isso todas as vezes que eu precisava e ele me fez acreditar realmente nisso, pois apesar de tudo, tudo depende da perspectiva, de como você olha e de como acredita.

Life Youth • shawn mendes •On viuen les histories. Descobreix ara