Capítulo 13

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Hahahhahah

Estou de volta



É manhã e eu corro para o escritório do sr.Ieron, pago minha encomenda e corro para escondê-la.

Vou ao quarto de Josh, ela estava dormindo.

- Josh, acorda Josh! - a chachoalho, ela remunga e nem liga, vira para o lado abraçando o travesseiro, a longa e única asa estendida por toda a extensão da sua cama de casal. - Josh! - a chacoalho com mais força até que seus olhos se abrem levemente. - Que tal darmos uma caminhada?

Sua feição de calmaria muda para fúria em três segundos.

- Você me acordou antes das oito da manhã pra dizer isso?? Você quer morrer? - ela me dá uma travesseirada no rosto me fazendo tombar com uma gargalhada.

- Vamos, você parece uma morta nesse quarto o dia inteiro! - reclamo a puxando da cama, ela se agarra aos lençóis e acaba levando tudo com ela quando eu a jogo no chão. Ela ruge que eu saia do quarto e a deixe dormir e joga outro travesseiro em mim. - Se veste, molenga!

Após alguns de discussão e guerras de travesseiros que eu acabo ganhando, ela se arruma para ir comigo, põe uma calça e uma blusa leve por cima do espartilho que esconde sua única asa. Começo a caminhada pelos jardins do castelo.

- Eu não acredito que você me tirou da cama pra isso! - ela murmura de cara fechada. - Eu vejo esse jardim todos os dias!!

- Mas não comigo e nem a essa hora. - dou uma piscadela e ela bufa. Mudo a rota para dentro do castelo, ela não diz nada e apenas me acompanha. Sua reação muda quando eu começo a subir as escadas da torre secundária:

- Você disse que íamos caminhar e não se cansar! - ela reclama o tempo inteiro.

- Mas será possível que você está tão sedentária que não consegue subir uma escada? - me viro pra ela irritada.

- Eu vou ter que descê-la depois também.

Bufo e jogo os braços pra cima. Josh quer me tirar do sério. Finalmente chegamos aonde que queria que chegássemos. A torre secundária é a menor das quatro torres do Palácio da Lua, tem alguns cômodos nela que eu nunca explorei mas agora apenas um me interessa: uma grande sala com a vista da torre numa janela de quatro metros quadrados.

- O que diabos estamos fazendo aqui? - ela gira nos calcanhares olhando todo o cômodo vazio - Você disse que íamos caminhar! - aponta o dedo acusatória na minha direção, não contenho uma risada.

- É que... - pego o embrulho e mostro a ela - Eu queria te dar isso.

Primeiro ela fica chocada, depois seus olhos ganham brilho como o de milhares de estrelas, ela se aproxima com as mãos trêmulas e segura a máquina com um sorriso comovido.

Josh chora, grata por eu lhe dar a asa que faltava.

A asa metálica tinha uma envergadura do tamanho da asa verdadeira, longos rolamentos, encaixes e peças davam movimento e as penas se assemelhavam a lâminas. Ela era reluzente e brilhante, e se coplava às costas com um dispositivo gravitacional que é uma pecinha de metal, dele sai a parte biotecnológica: pequenos fios rosa fluorescente com pontas achatadas que se ligam aos nervos do corpo e permitem controlar os movimentos da asa.

- Eu sei que nunca vai ser a mesma coisa- antes que eu termine de falar ela me abraça, suas lágrimas molhando minha camiseta.

- Obrigada, Ray. Você fez muito, obrigada, obrigada. É tudo que eu poderia querer depois do...que aconteceu. - soluça me abraçando firmemente.

- Você não merecia ter perdido suas asas.

- Na verdade, elas nunca foram minhas, sempre as usei para objetivos que não eram realmente meus. - me afasto de Josh segurando em seus ombros e olho nos seus olhos. - Voe!

Ela sorri com as lágrimas derramando pelo canto dos olhos. Ela tira a blusa me permitindo ver a enorme cicatriz que ainda se fechava. Acoplo as asas nas suas costas, os fios de biotecnologia se ligam à ela e Josh tem um impulso, abre as asas, sentindo a nova como se fosse a sua própria.

Uma gargalhada irrompe dela sem querer, como uma criança. Ela se aproxima da janela como se fosse voar pela primeira vez e se joga.

Corro para a janela e a vejo cair com um sorriso maior que o rosto, totalmente extasiada e feliz como eu nunca vi alguém antes. Então ela abre as asas e por um segundo parece cair, eu não a vejo e fico preocupada, mas logo ela aparece e plana levemente no ar, como uma garça magestosa.

Eu mesma começo a rir e a chorar. Pensei que ela nunca mais fosse voar e que era minha culpa. Mas pelo menos dessa vez consegui consertar as coisas.

- Volte pra cá que eu quero te dar um abraço, passarinho! - grito pra uma Josh transbordando alegria. Ela rodopia e mergulha no ar, dando voltas e voltas, cortando o céu e os ventos, gritando e gritando. Chorando de felicidade porque isso; voar, é tudo o que ela realmente é, e achou que nunca pudesse perder.

 
Ela volta para a janela se jogando em mim, nós duas caímos no chão rindo e rolando.

- Me desculpe, Josh. Por fazer você sofrer, por ter te mandado à Arena, eu deveria ter tentado achar outra solução, deveria-

- Ray. - ela me corta - Olhe para mim. - ela mexeu as asas - Não foi sua culpa, olhe o que você fez! Por algo que nem dependia de você! Você conseguiu me fazer voar quando eu achei que jamais poderia. - ela pôs o rosto na curva do meu ombro, me abraçando forte - Você é a melhor pessoa que eu conheço.

- E você é a melhor amiga que eu poderia ter. Eu deveria ao menos tentar te deixar feliz. - a abraço mais forte e olho para a asa metálica que balança na sintonia da asa verdadeira, um sorriso de satisfação surge no meu rosto e eu agradeço mentalmente por ter conseguido.



Uma linda (porém curta) história de amizade.

Não escrevi mais pra não estragar o cap

Aaaa vcs acharam que ela nunca mais fosse voar neeeh...eu não seria tão cruel!

Espero que consigam imaginar a Josh agora. *-*

Rayrah Scarlett: O Coração Pulsante de Evbád [RETIRADA EM 25/10/22]Där berättelser lever. Upptäck nu