CAPÍTULO 14

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Regressão

          Uma flecha de energia passa por entre as árvores sem ferir nenhuma delas. A flecha segue veloz pela mata até chegar a uma pequena clareira, onde um grupo de mercenários luta.

          Gritos de ódio se misturam ao som metálico de espadas se encontrando na batalha. Jovens guerreiros usam todo o conhecimento marcial, adquirido em seus treinamentos, para derrubar o inimigo.

          Uma mercenária, de longos cabelos dourados, está se afastando de seu oponente com belos saltos mortais para trás, mas é interrompida pela flecha que atinge, certeiramente, seu coração. A jovem tem um segundo para entender que a força vital está deixando o seu corpo, que logo cai inerte no chão. As três assassinas de Heitor surgem de trás das árvores; caminhando com tranquilidade, seguem até os guerreiros que lutam incansavelmente. Hana sorri ao ver que sua flecha atingiu o alvo, como sempre.

          Issa eleva sua espada e corre em direção aos guerreiros. Um mercenário, que acabou de matar seu oponente, segue, furioso, em direção à Issa; o sangue ainda corre quente na espada dele. As duas espadas se chocam, com força, gerando faíscas. Issa sorri. Os dois atacam novamente e as espadas se chocam diversas vezes, enquanto eles conduzem uma bela dança da morte. Issa empurra o oponente, que quase cai no chão, mas se recompõe rapidamente e ataca com fúria. Issa desvia do golpe da espada.

          Hana se mantem afastada, atirando suas flechas.

          O chicote de energia de Eiko se enrola no pescoço grosso de um mercenário alto e forte, ele sufoca um pouco, mas consegue cortar o chicote reluzente com a lâmina grossa de sua espada e segue, furioso, em direção a Eiko.

          Enquanto o grandalhão vem se aproximando, correndo, Eiko lança o chicote novamente, mas, dessa vez, ela aumenta a potência da arma, o que a permite cortar facilmente a mão do mercenário, que segurava a espada. O sangue jorra, mas ele não para, continua correndo com fúria. Eiko corta suas pernas e então, com o mercenário no chão, ela corta seu pescoço. Uma guerreira tenta atacar Eiko pelas costas, mas um tiro de laser faz a mercenária cair sem vida no chão. O pequeno drone dá cobertura às Munakata pelo céu, Eiko segue à frente, sem se preocupar com a retaguarda.

          O instinto de Hana é aguçado. Ela sente a aproximação de perigo a metros de distância. Quando um mercenário tenta surpreendê-la por trás, pulando de uma árvore, Hana atira três flechas de uma vez, impedindo que três mercenários se aproximem pela frente, então se vira e mata o outro mercenário com um punhal, que ela retira rapidamente de seu cinto. Enquanto o corpo do homem cai, o punhal vai cortando sua carne. Hana sorri, depois retorna para o seu posto e continua atirando suas flechas.

          Issa conclui sua primeira luta cortando as pernas de seu oponente, enquanto rola no chão, e então atravessa o corpo dele com a espada, ao se levantar rapidamente.

          As Munakata seguem matando, com a ajuda do drone.

          Quando a matança termina, as três irmãs se reúnem no centro da clareira, cheia de corpos. Issa recebe uma mensagem e aciona a tela holográfica de seu bracelete.

          — Encontramos Yby. Venham rápido. — Heitor diz e finaliza a mensagem.

          — Vocês ouviram, enfim teremos adversários à nossa altura... Vamos! — Issa diz, com um sorriso sarcástico. As Munakata Sanjojin se dirigem à Casa de Heitor.

          Heitor está em sua sala, no segundo andar da casa, pegando um livro em uma estante. As Munakata pulam sobre a sacada atrás dele, que se vira e observa Issa abrir a grande porta de material transparente, inquebrável, que dá acesso à sala. Hana e Eiko a seguem.

          — Hum... se não trabalhassem pra mim teria que matá-las. Parece não haver obstáculos capazes de impedir vocês... — Heitor comenta, sorrindo. As três se olham e sorriem de forma sinistra, levando o líder da Casa a sentir um breve arrepio subir pela espinha. Ele quebra o clima. — Encontramos Yby em Marte. Ela está recrutando um exército para destruir esta Casa.

          — Quem bom... quanto mais, melhor! — Eiko comenta.

          — Quero que vocês acompanhem meus melhores generais até Marte. Vou destruir a Casa de Yby e todas as Casas que se aliaram a ela.

          — E você ficará aqui? — Issa pergunta, com semblante sério.

          — Lógico que não! Eu mesmo quero matar Yby e, depois, quero destruir a Casa de Kûara, que recebeu aquela garotinha arrogante.

          — Você já os encontrou? — Issa pergunta.

          — Ainda não... mas creio que em Marte teremos boas pistas sobre o paradeiro daqueles covardes.

          — O que fará com Artemísia? — Hana pergunta.

          — Farei dela minha serva, afinal, somos filhos do Clã!

          — Ela vai preferir a morte. — Issa comenta.

          — E é exatamente por isso que ela não deve morrer... — Heitor diz, sorrindo.

          Kamikia observa, ao longe, Artemísia no jardim. Malik se aproxima.

          — Se ela não fosse tão jovem, poderia jurar que você está apaixonado por ela... hehehe...

          — Hum... não tente fazer piadas, Malik, não combina com o seu perfil! — Kamikia diz, em tom de deboche. Malik sorri, então olha para Artemísia.

          — Ela ainda não superou o trauma.

          — Sim, eu sei... e isso me preocupa. Ela é muito jovem pra carregar tanta culpa... Você acha que a regressão ajudou de alguma forma?

          — Ajudou bastante! Ela não consegue se lembrar de nada, mas senti que sua energia vital ficou mais forte. Acredito que mais algumas sessões a ajudarão a caminhar mais firme, em breve.

          — Sinto que devo protegê-la, mas não sei dizer exatamente por quê. É só mais uma vida, entre tantas outras, não deveria haver distinção, mas Artemísia parece... — Malik interrompe Kamikia.

          — Especial? — O sábio mercenário diz, sorrindo. Kamikia solta uma gargalhada.

          — Não... não a vejo como você vê... enfim, é diferente! Eu ia dizer que Artemísia parece importante. É como se ela carregasse o destino de toda a humanidade.

          — Sei o que pensa sobre mim, "como um sábio pode ser tão tolo?", mas nenhum sábio está imune a esse poder que nossos ancestrais chamaram de amor... e nenhum guerreiro também. Sei que o seu dia vai chegar, Kamikia, e estarei lá para rir de você! — Malik diz e dá um leve tapa nas costas de Kamikia, enquanto se afasta. O líder de Kûara ri, depois olha para Artemísia, sentada perto da cachoeira, com o olhar perdido, imóvel como uma bela estátua no jardim.

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