Os Guardiões

Epílogo

Ela ajudou a outra a subir no balde parado na altura da cela em que estavam. O plano era novamente arriscado, já que não tinham ideia do que aconteceria, mas era preciso tentar. Dessa forma, naquela noite, quando os baldes começaram a subir, eles levaram a mulher que viera resgatar primeiro e logo ela mesma pulou e se segurou nas correntes até conseguir se apoiar no balde que vinha em seguida.

A única certeza que achava que tinha era que aquilo precisava ir para algum lugar. Julgava que não fazia sentido se darem ao trabalho de carregar os dejetos de todos os prisioneiros todos os dias, se não fosse para se livrarem deles de alguma forma. Certo? Bom, estava perto de descobrir.

Assim, viveu uma das experiências que estaria para sempre entre as piores de sua vida. Havia visto e vivido muitas coisas ruins, mas poucas delas conseguiam se equiparar a cair no monte de fezes alheias.

Tentando respirar aquele ar com cheiro fortíssimo, concentrou todos os seus pensamentos na ideia de que, se aquilo funcionasse, teria cumprido seu plano num tempo extremamente menor do que esperava. Mas em que condições?

As duas tentaram procurar por alguma saída, mas sem sucesso. Até que, repentinamente, o último balde despejou seu conteúdo e a corrente parou de passar por cima de suas cabeças. Elas também pararam, esperando o que iria acontecer, porém não imaginaram que o chão sobre seus pés iria se abrir e cairiam na água de um rio caudaloso.

Não demorou para que ela perdesse a mulher que viera salvar de vista em meio a forte correnteza. Não saberia dizer quando sua consciência a deixou também, só conseguia torcer para que não tivesse matado a esperança de todo mundo mágico.

***

Quando acordou, Kalin, estava deitada próxima à margem de um rio, provavelmente o mesmo que havia caído em sua fuga, mas muito mais tranquilo e largo do que vira anteriormente.

Olhou para si mesma. Bom, pelo menos serviu para nos limpar...

Logo lembrou novamente de sua missão e olhou em volta buscando pela outra, desesperada e temendo que a tivesse perdido...

Porém, a garota estava lá, sentada de costas para ela e mirando as árvores. Provavelmente, ouviu Kalin se movimentar e olhou para trás, agora novamente com a aparência jovem que a maga se lembrava.

A guardiã caminhou apressada até ela.

— Você está bem? — Perguntou.

Kalin fez que sim com a cabeça, ao que a outra respondeu com um sorriso.

— Que bom.

Ela ajudou a maga a ficar de pé.

— Você consegue andar?

Novamente um aceno positivo.

— Ótimo, porque acho que sei onde estamos. — Disse Anima com um sorriso quase acolhedor.