LIV - A História - Groleo

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Com tantos reencontros, Groleo tinha certeza de que seu coração não iria aguentar. Nem teve tempo de ir até os dois e eles já cercavam seu pescoço e ele retribuía o abraço, enquanto parte de sua mente dizia que não era para estarem ali. Porém, a outra, que era extremamente mais forte, não conseguia repreender a felicidade que sentia por vê-los.

— O que aconteceu?! — Questionou Anima se afastando. Ela nem tentava limpar as lágrimas que continuamente rolavam por seu rosto.

Groleo respirou fundo. Definitivamente já não há mais forma de adiar...

— Eu vou lhes contar tudo... Prometo. — Então olhou em volta, observando o grande furdunço. — Podemos só... Sair do meio disso?

Os dois concordaram puxando o nariz enquanto ele os conduzia a subirem o Monte-Ala dos Iniciantes. Está aí um lugar que eu realmente não gostaria de voltar, mas devo isso a eles... Se perguntou se Sirius ainda estaria com a joelheira mágica, que tivera tanto trabalho para conseguir, porém olhou rápido para o menino que não parecia mancar, então continuou.

Quando finalmente conseguiram se afastar da grande multidão de recém chegados, estavam em um ponto perfeito para ver os outros quatro montes e, por alguns segundos, Groleo relembrou o velho hábito:

— Ali é o Monte-Ala dos Alojamentos, — apontou para o morro à esquerda, — ainda não sei o que pretendem fazer para abrigar a todos, mas vocês provavelmente também terão quartos lá... Aquele é o Monte-Ala da Academia, — apontou para o seguinte, — onde tem a biblioteca e estudos mais aprofundados sobre qualquer assunto... O do lado é o Monte-Ala de Treinamento, onde as pessoas aprimoram suas habilidades físicas de luta e uso de magia... E aquele outro é o Monte-Ala dos Curandeiros, destinado ao tratamento de feridos e doentes...

Teve que fazer uma pausa para recuperar o fôlego. Já não sou mais o mesmo...

— Desculpa... — Disse Anima aproveitando a brecha. — Mas não era exatamente essa a explicação que a gente estava esperando, Groleo...

Droga... Sempre que o chamavam de pai nunca conseguiu evitar não lembrar de sua outra filha, a que havia perdido e não tido forças para continuar procurando... E agora que a tinha por perto outra vez, só conseguia pensar em como fora injusto com eles dois de privá-los de algo por causa de sua própria experiência... Até parece que isso não foi uma das coisas que mais me concentrei em fazer como treinador, não passar minhas frustrações para meus aprendizes... Então mirou as duas crianças já tão crescidas. Talvez esse seja o problema, não são meus aprendizes...

— Desculpe... — Falou olhando para o chão. — Comecei assim para explicar para onde estamos indo. — Então voltou a andar. Estavam quase chegando. — Não sei o que acabaram descobrindo sozinhos, mas acho melhor eu dizer tudo... Para garantir... — Tomou uma inspiração mais forte. — Eu costumava ser treinador de guardiões aqui... Era responsável por treinar o lado físico dos que chegavam... Lutas, armas, postura, danças... Todos com filhos guardiões podiam mandá-los para cá a partir das cinco contagens e éramos responsáveis por eles até as vinte, quando deveriam escolher uma posição de atuação aqui ou no Grande Continente...

Parou de falar ao chegarem ao topo. Tanto Groleo, quanto eles, ficaram encarando os destroços de pedras caídas na parte plana e afundada de cima do morro. Os montes, antigos vulcões agora adormecidos, haviam sido perfeitos para a construção do Continente dos Dragões.

Groleo mirou Anima e Sirius que, apesar de parecerem muito surpresos com a paisagem, não disseram nada. Gostaria de saber se estão pasmos demais ou muito acostumados a ouvirem minhas histórias...

Então, mais um vez, começou a narrar vendo suas memórias passarem em sua mente como se estivesse tudo acontecendo de novo:

***

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