Capítulo XL

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  Absolutamente nada vinha em minha cabeça. As sombras alisava-me de cima a baixo. Acariciavam meus cabelos, sussurravam em meu ouvido.

  – Venha, vamos para onde realmente é seu lugar... – Uma voz feminina e sedutora ecoou em meus tímpanos.

  – Me larguem seus demônios! – Eu gritava. Inútil.

  Vi todos os tipos de seres de Ór naquele grupo, anjos, homens-ratos, fadas e centauros. Todos borrados e estraçalhados.

  Uma centauro, na retaguarda, apertava meu traseiro e sussurrava palavras eróticas em meus ouvidos. Sem dúvidas queria me seduzir, para que eu me entregasse. A meus pés, uma sombra estava agachada, lambendo minhas botas de madeira, se não fosse a fada carniceira que há minutos atrás agarrou-me pelo pé, eu conseguiria distinguir a que espécie pertencia a coisa que babava meu calçante.

  Juntaram-se todos a minha volta de uma só vez, senti acariciar-me as asas e deslizar os dedos répteis em minha barriga. Apertavam meu pênis e tentavam me despi. As roupas eram firmes e não saiam de forma alguma.

  Eu não conseguia me livrar de nenhum se quer. Comecei a gritar e pedir ajuda. A esse ponto, minhas asas estavam paradas e eu era erguido pelas sombras, que não paravam-me de alisar meu corpo.

  – Parem, já chega! – Eu sacudia os braços e empurrava os corpos de perto de mim. – Socorro!

  As mãos asquerosas e grossas começaram a fazer movimentos de masturbação em meu pênis. Pareciam querer me levar a sedução, queriam que eu os deixassem me levar.

  "O livro de feitiços!"

  Dirigi a mão rapidamente ao bolso da calça e tirei para fora a boleba mágica. Como no momento não tinha chão, improvisei. Avistei metade da costela de uma sombra exposta. Aquilo já fora um homem-rato, que agora se contorcia entre os sete para encostar-se a meu corpo. Lancei a bola de gude diretamente em um dos ossos. Chutei todos a minha volta e agarrei o livro materializado com tudo. As sombras soltaram-me e eu caí em meio ao breu, apenas com os braços entrelaçados no cartapácio. Os carniceiros mergulharam na minha direção, foi o tempo suficiente para eu achar o que eu queria.

  "Sombras, sombras, sombras – eu folheava o livro rapidamente, apenas usando o dedo polegar direito."

  "Achei!"

    Li o primeiro parágrafo da página 645.

  "Sombras: 

  Para curar sombras: Curation sombrono, fizera feliz quem te seguia. Curation sombrono, curastes tudo o que podes. Curation sombrano, fazeis que tais (diga quantos queres curar) ainda te eximirem para o resto da vida. Cruration sombrano, cure! "

  Olhei para as sombras que cerravam os dentes e vinham como bomba para cima de mim. Então gritei:

  – Curation sombrono, fizera feliz quem te seguia. Curation sombrono, curastes tudo o que podes. Curation sombrano, fazeis que tais oito ainda te eximirem para o resto da vida. Cruration sombrano, cure!

  Foi então, que uma luz reluziu de minha mão e lançou-se na direção das sombras, como se fosse um portal que os seres atravessassem, eles curaram-se e caíram desacordados na minha direção.

  Eu não podia deixá-los vagando na galáxia. Enquanto eu caia e as asas se curvavam com o vento, continuei a folhear o livro à busca de algum feitiço que os parasse.

  "Achei!"

  "Paralisar seres: Paralise constantoseres.

Anjo BélicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora