Capítulo XVII

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Olá leitores e leitoras maravilhosos, como vai? Espero que bem!

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  Flik desapareceu por entre os arbustos e nos deixou esperando embaixo da castanheira. Depois de uns dez minutos ele voltou com frutas, pão e água.

  – Nossa, como vocês estão famintas! – sorriu.

  – Fazia bastante tempo que não comíamos. – respondi.

  – E agora, o que vamos fazer? – indagou Flik sentando junto de nós no chão.

  – Não sei, você deve saber, não é nosso ajudante? – rebati dando uma pausa na comida e encarando Flik.

  – Estava brincando – gargalhou disfarçadamente –, nós vamos para...

  – Para onde? – Évele se estressou.

  – É uma surpresa! – falou forçando um riso.

  – Ah sim. – respondi seca terminando de dar a última mordida em um pão.

  Após os alimentos acabarem, nos levantamos e Flik decidiu nos guiar para o próximo ponto.

  (...)

  – Espera aí, ele não perguntou sobre Miguel – pensei –, esse não pode ser o Flik! – concluí depois de muita caminhada.

  – Preciso ir ao banheiro! – falei quebrando o silêncio prolongado por horas em meio à mata.

  – Aqui não tem banheiro, vá atrás daquela pedra. – exprimiu Flik apontando para um enorme bloco de pedra coberta por raízes e folhas.

  – Évele, vem comigo? – indaguei já com uma idéia em mente.

  – Está bem!

  Seguimos cuidadosamente até atrás da pedra, eram muitos espinhos, meus pés já estavam latejando.

  – Presta atenção! – comecei – Esse não é o Flik.

  – Como não?

  – Nós somos muito burras! Primeiro: Ele não quis nos levar até a aldeia. Segundo: Não perguntou sobre Miguel. Terceiro: Ele não sabe de nada sobre nossa jornada. Não acha estranho? – indaguei.

  Évele pensou um pouco e me respondeu procupada:

  – Nossa, é verdade! Por que não pensamos nisso antes? Temos que voltar imediatamente para a aldeia!

  – Vamos bem devagar até aquela árvore. Saímos correndo até chegar ao riacho que atravessamos, depois levantamos pouso e voamos até o povoado! – arquitetei o plano que não tinha como dar errado.

  – Voltem aqui! – gritou o moço que se dizia ser Flik ao ver-nos chegando à grande árvore que tínhamos passado há poucos minutos.

  Encolhemos as asas e disparamos a correr na trilha. Nossos pés pareciam estar pegando fogo, os espinhos penetravam na carne, fazendo-nos mancar e gritar de dor. O homem não parava de correr, o que estava muito fácil com as botas de sola grossa e calça solta que ele usava. Não é nada simples correr de vestido em meio a mata fechada.

  – Vocês não vão escapar! – ele gritava.

  Enfim, chegamos ao riacho sem que o rapaz nos alcançasse, ao ver nossos pés flutuando por entre as árvores diminuiu o ritmo dos passos. Quando chegou perto da água só pode ver nossas lindas asas refletindo ao sol.

  – Vocês me pagam! – ele gritou.

  Subimos bem alto até conseguirmos uma vista favorável, onde podemos ver a aldeia. Seguimos até ela e pousamos bem ao centro, o que parecia um grande terreiro.

  Os olhares fitavam diretamente nossas asas, pareciam não muito surpresos, mas sem dúvidas faziam séculos que não viam um anjo.

  As pessoas ao nos verem descendo se afastaram e fizeram uma roda em nossa volta. Todos cochichavam uns com os outros a nosso respeito, os ratinhos que vagavam correndo pelo chão transformavam-se em homens-ratos e mulheres-ratas.

  – Olá! – cumprimentou uma mulher-rata chegando a nossa frente.

  – Olá! – respondemos em coro.

  – O que duas anjas lindas fazem em nossa humilde aldeia? – retrucou educadamente.

  – Viemos buscar Flik, nosso ajudante! – respondeu Évele sorrindo para a mulher.

  – Então é verdade? – cochicharam as pessoas em nossa volta.

  A mulher nos puxou rapidamente pelo braço com uma expressão assustada e nos levou até uma cabana bem velha de madeira e palha.

  – O que você disse menina? – indagou nos soltando no pequeno cômodo com palha, penas e pelos cobrindo o chão. Sim, era um ninho de ratos.

  – Eu disse que viemos buscar Flik, nosso ajudante. Ele nos ajudará a destruir Admon! – Évele respondeu endireitando o cabelo bagunçado devido ao vento que enfrentamos voando para lá.

  – Não diga esse nome! – a mulher exprimiu indo até as duas janelas que ficavam em cada lado da casa e fechando-as rapidamente.

  Ficamos assustadas com a reação momentânea da mulher.

  – Então é verdade o que o moço de asas falou! – sussurrou fechando a porta atrás de nós.

  – Ham? Do que você está falando? – perguntei não entendendo muito o que ela queria dizer.

  – Miguel, o Anjo Bélico! – respondeu-me crescendo o tórax.

  – Você disse Miguel? – indaguei animada e ao mesmo tempo alvoroçada.

  – Sim. O encontramos na beira do Grande Rio, desacordado. O trouxemos para cá e ele disse ser o Anjo que destruirá o Imundo! – falou, o que me fez questionar em minha mente o porque dela não dizer o nome Admon.

  Olhei muito animada para o rosto de Évele, que parecia estar se sentindo como eu.

  – Ele está vivo! – sussurrei pasma com um sorriso abobado.

  – Vocês o conhecem? – a mulher perguntou interrompendo meus pensamentos sobre os momentos felizes que eu e Miguel havíamos passado.

  – Claro! Ele é meu namorado! – gritei parecendo que iria explodir de felicidade.

  – Mas humanos não podem namo... – antes que ela terminasse a frase, que sem dúvidas no momento não teria importância, a interrompi.

  – Onde ele está? Preciso vê-lo! – eu gritava inquieta.

  – Calma! – a mulher sorriu. – Venham comigo!

  A mulher tomou nossa frente abrindo a porta da cabana. Os habitantes do lugar nos fitavam com olhares esperançosos. A todo o momento os ratinhos fofos e peludos transformavam-se em homens-ratos e mulheres-ratas.

  Seguimos os passos da mulher que andava em meio às cabanas espalhadas pelo chão gramado, até chegar à uma cabana não muito diferente da outra.

  Quando adentramos o lugar deparamos com O MEU AMOR deitado em uma cama de palha.

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Espero que tenham gostado, até a próxima!

Anjo BélicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora