Capítulo XXXVI

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Olá pessoas lindas, como vocês estão? Espero que bem! 

Mais um capítulo maravilhoso pra vocês! 

Espero que gostem! Votem e Comente!

Muito Obrigado!

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Narrado por Jhulia

  Eu estava em prantos no pequeno quarto do formigueiro. Já fazia semanas que Miguel encontrava-se desaparecido. A última vez que eu havia visto-o tinha sido no túnel principal. Ele mandou-nos levar Crístian para o Sr. Eustáquio, mas ao chegarmos à porta da enfermaria ele não estava mais lá. Eu queria contar-lhe que após a cura de meu amigo, Crístian, aquele centauro que ele tanto odiava tornara-se um Guerreiro.

  Ouvi baterem na porta do pequeno cômodo. Naquele momento eu não queria ver ninguém, apenas encontrar com o amor de minha vida.

  – Jhulia, venha jantar. Você precisa comer! – Crístian disse do outro lado da porta.

  – Não estou com fome! – Respondi.

  Eu estava acabada, meu cabelo parecia uma crina de égua. Meus olhos estavam roxos e fundos. Eu havia quebrado tudo que fazia-me ficar bonita para Miguel. O resto de maquiagem que eu trazia no bolso, naquele momento estava sendo decomposto pelas sombras. Eu as havia jogado longe.

  Ouvi de novo alguém bater na porta.

  – Amiga, vamos comer? Hoje tem grama no cardápio, eu particularmente já estou cansada de comer raízes – Évil chamou-me, como sempre, bem-humorada.

  Levantei-me lentamente e fui até a porta. Retirei a madeira que a segurava fitei minha amiga com meus olhos fundos.

  – Nossa, você está acabada – ela abraçou-me e limpou minhas lágrimas.

  Fiz que sim com a cabeça e deixei-a me levar até o refeitório. No caminho, encontrei Flik, cabisbaixo. O envolvi em um abraço aconchegante e sussurrei em seu ouvido. 

  – Miguel está bem, ele voltará.

  – Tenho certeza disso...

  Depois de comer, com muita má vontade, um delicioso fecho de grama, dirigi-me para meu quarto novamente, mas antes que eu adentrasse o mesmo, Évil surpreende-me.

  – Você vai ficar chorando até quando? Todos nós sabemos que Miguel está vivo em algum lugar, o que nos resta é rezar para que ele volte logo. Venha comigo – ela puxou-me pelo braço e correu entre os túneis do formigueiro.

  Esquivamo-nos pelo refeitório e entramos em um lugar pouco frequentado, continuamos a correr entre as tochas e subimos uma longa escada, coberta por teias de aranha. Por fim, atravessamos uma cortina de cipós e folhas e deparei-me com um lugar lindo.

  Fitei rapidamente todo aquele campo que cercava as montanhas. Era possível perceber que aquele mundo era redondo. Faltava pouco para o anoitecer, a escuridão andava levemente ao horizonte e vinha em nossa direção. Vi os animais da savana correrem das trevas e aconchegar-sem aos pés das montanhas.

  Antes que os últimos raios de sol desaparecessem de vez, avistei em meus pés uma linda pluma que a reconheci no mesmo momento. Peguei-a rapidamente e tudo escureceu-se. Segurei nas mãos de Évele e entramos de volta às escadas, que eram iluminadas.

  – Olhe Évil, é a pena das asas de Miguel! – Falei animada.

  – Que linda! Será que ele está por aqui?

  – Acredito que não. Essa pena está enlameada devido à chuva de ontem, ele deve ter vindo aqui no dia que ele comeu as baratas. Ele disse-me que estava explorando o formigueiro... – Minha expressão emudeceu e a tristeza tomou-me – Ele mentiu, Miguel não quis mostrar-me esse lugar, porque estava bravo comigo. Meu namorado estava triste e eu nem percebi. Ele estava precisando de um abraço – caí em prantos novamente.

  Évil abraçou-me e o calor transmitido pelo fogo causou-me uma sensação de paz. Me recompus e desci as escadas mal feitas até chegar ao refeitório.

  Flik e Crístian conversavam ao lado de uma mesa.

  – Até que em fim, por onde andaram? – Crístian indagou.

  – Não é da sua conta – respondi enfurecida. Talvez eu houvesse exagerado um pouco, mas em minha situação eu não queria desculpar ninguém.

  – Nossa Jhulia, que isso? – Todos murmuraram.

  Saí do refeitório pisando alto e voltei para meu quarto, o qual eu dividia com Évil e Flik.

  Eu já não aguentava mais chorar, minhas lágrimas não desciam. O pior de tudo era o desgosto, Miguel havia desaparecido e nós estávamos enciumados. O que me consolava era a noite maravilhosa de beijos que tivemos antes dessa catástrofe acontecer, mas mesmo assim a saudade batia. Naquela noite fizera nove dias do desaparecimento de Miguel e tudo corria depressa.

  Bateram na porta no momento exato em que eu começaria a jogar as palhas da cama para o ar. Era Crístian.

  – Jhulia?

  – Me deixa em paz!

  – Sr. Eustáquio está nos chamando em sua sala – ele argumentou.

  – Não quero falar com ele! – A esse ponto minha garganta ardia esforçado-me para não gritar.

  Ouvi os cascos de Crístian baterem no solo e afastarem-se de perto do quarto. Voltei à chorar e a bagunçar a cama, afundando-me em suas palhas e estendendo as mãos na parede de terra. Meus soluços ecoavam.

Anjo BélicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora