Capítulo XV

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Olá leitores e leitoras, como vai?
Espero que bem!

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Capítulo Narrado Por Jhulia


  – Escute! – falei silenciando para ouvir os fortes uivos que chegavam cada vez mais perto. – Temos que sair daqui!

  Évele se despertou rapidamente ao ouvir o perigo se aproximando. Saímos da cabana nos desenrolando das asas e sentindo o forte vento úmido e frio que passara por ali, nos causando calafrios.

  – Não olhe para trás! – Évele falou me fazendo olhar rapidamente para o que tinha em nossas costas. E não aram asas.

  – Ai meu Deus, não grita, não faz barulho nem um e nem demonstre medo! – falei encolhendo-me aos braços de Évele que se juntava aos meus.

  Aquele animal feroz, com o focinho cumprido, orelhas pontudas, pelos sedosos e brancos, a cauda peluda e comprida, olhos azuis cor de céu e dentes parecendo adagas.

  Um grande lobo nos encarava com um olhar nervoso e rosnava fazendo um barulho medonho. Parecia um vistoso e belo macho alfa, que estava à busca de comida para seus filhotes.

  Viramos de costas para sair bem devagar e se afastar, mas outro deles pulou em nossa frente saindo de trás dos arbustos. Estávamos cercados por dois lobos, que viraram quatro e depois oito. Um bando deles nos cercou rodeando-nos e nos fazendo de bobos.

  O sol não saíra por completo naquele momento, tudo estava escuro, não colaborando nem um pouco.

  Encolhíamos-nos uma na outra, e apenas gemíamos de medo ouvindo o forte som do rosnado se misturando com uivos.

  – E agora? – sussurrei com a garganta doendo, devido ao início de choro que eu não queria deixar escapar.

  – Calma, vamos conseguir sair dessa. – respondeu-me parecendo estar sentindo o mesmo que eu.

  Oito lobos ferozes e famintos nos cercaram, não deixando nenhuma saída. O cheiro de cachorro molhado irritava meu nariz e o clima pesado nos arrepiava.

  Fomos ficando mais e mais imprensados devido aos bichos que chegavam perto, pronto para nos esquartejar ali mesmo.

  – Vamos voar? – sussurrei bem baixo, pois parecia que os lobos entendiam perfeitamente o que falávamos.

  Olhamos para cima, não tinha como voar, a floresta era como a do outro lado do rio, todas as árvores eram bem juntas.

  – Não há outra saída, a não ser... – falou Évele prolongando a frase como se tivesse tido uma idéia.

  – A não ser o que? – falei já nervosa.

  – Admon Faluhd! – ela gritou apontando para um lado escuro da floresta.

  Os lobos se viraram rapidamente para ver se realmente Admon estava lá, foi o momento certo para eu golpear um e sair correndo. Segurei firme nos braços de Évele e a puxei com muita rapidez para onde estava um vão por entre os lobos. Após chutar o focinho de um deles, corremos na direção do pequeno rio e o seguimos com a intenção de chegar à margem do açude, onde seria possível voar.

  Os lobos após perceberem que nós havíamos os feito de bobos dispararam a correr atrás de nós. Nossas asas encolhidas nas costas estavam prontas para voar, mas o lugar não favorecia, tínhamos que correr, espetando os pés, rasgando o corpo por entre os galhos e sujando-nos todas com a lama da mata.

  Os animais latiam e uivavam. Parecia que a quantidade deles havia aumentado. De oito para dez. Seguíamos na margem do pequeno rio, onde o sol começara a nascer pulávamos sobre os morros e sobre as pedras.

  Para nosso azar havíamos chegados a um penhasco enorme. Onde o riozinho se transformava em uma cachoeira, que se transformava em ar.

  A sáfara era tão grande que a água do rio desaparecia após cair lá em baixo, as gotas nem chegavam ao chão. Bem ao fundo, um córrego corria até o açude, que seria nossa salvação. Era possível ver ao outro lado a continuação da floresta escura.

  – Agora! Temos que voar! – gritei na ponta do penhasco segurando no braço de Évele.

  – É muito alto, e se nós cairmos? Não sabemos voar tão alto assim!

  – Você prefere ser comida por um lobo ou arriscar? – continuei.

  – Mas e se agente... – antes que Évele terminasse a frase um lobo cravou os dentes, que mais parecia adagas, em sua perna, balançando a cabeça pra lá e pra cá.

  – Aí meu Deus, pula Évele! – gritei segurando mais forte seu braço e saltando do penhasco com minha amiga ao lado.

  O Lobo não soltava a perna dela de jeito nenhum. Após chegar a um certo ponto entre as duas enormes paredes de terra. Começamos a bater as asas de forma que ficássemos um pouco equilibradas no ar.

  Évele gritava de dor, eu sabia que se o lobo não soltasse sua perna ela cairia. Portando tentei ajudá-la de forma que só o animal despencasse sáfara abaixo. Comecei a dar chutes no animal que se segurava apenas pela boca. Tudo em vão, Évele já estava se cansando de tanto bater as asas, precisávamos pousar urgentemente.

  – Évele, por aqui! – gritei puxando-a para a outra parede de terra.

  Chegando ao outro lado do penhasco pousamos e rapidamente peguei um pedaço bem denso de madeira e comecei a bater no lobo. Eu meti umas dez pauladas no animal até ele se soltar da perna de Évele. Aproveitando o descuidado do lobo, por fim, dei um forte chute em sua barriga fazendo-o que caísse do penhasco. Seu corpo flutuava feito uma pena até desaparecer por entre as árvores no fundo da sáfara.

  Os outros animais latiam e uivavam no outro lado do penhasco. Estavam bem nervosos devido a nossa vitória. Tudo isso foi presenciado ao olhar do brando sol que começara a nascer.

  Olhamos-nos e abraçamo-nos, mas o momento feliz foi interrompido pelos gemidos de dor de Évele.

  – Está doendo muito? – perguntei observando o corte na pequena e fina canela de Évele.

  – Está! – ela me respondeu com uma voz dolorosa.

  O lobo havia rasgado com muita força a perna de Évele, o corte foi tão profundo que o osso ficou exposto.

  – Você consegue voar?

  – Acho que sim. – respondeu-me deixando escapar algumas lágrimas.

  Rasguei um pedaço do meu vestido, que estava coberto por lama, e amarrei na perna de Évele, que gemia sem parar.

  – Isso deve ajudar! – retruquei dando o ultimo nó no pedaço de pano.

  Segurei firme em sua mão e comecei a bater minhas asas bem devagar, até Évele acompanhar meu ritmo e decolar do chão. Seguimos voando na beira do penhasco, para que quando precisasse, nós pousássemos com mais facilidade.

  No meio do caminho eu olhava para o rosto da minha amiga, era de doer o coração. Gotas de suor misturavam-se com lágrimas e sangue.

  Por fim, chegamos à margem do grande rio. Pousamos e sentamos rapidamente na areia fina que formava o solo.

  – Amiga, está dando para aguentar? – indaguei preocupada.

  – Está! – respondeu com dificuldades.

  – Fique tranquila, vamos chegar ao povoado. – concluí me levantando e observando o lugar paradisíaco.

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Anjo BélicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora