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Eu estava deitado há um bom tempo após ter de fazer hora extra na apertada lanchonete naquele dia, tudo porque quem quer que tivesse que me substituir decidira não ir e havia comunicado sua decisão na última hora possível.

Ao menos foi a explicação que Lucy, a atual proprietária da lanchonete, se limitou a dar.

Eu não me importava em ficar até mais tarde em dias normais, era um modo interessante de ganhar um dinheiro extra e eu não tinha muito o que fazer em casa além de jogar video game.

O problema é que aquele não havia sido um dia normal. Não, pela primeira vez na vida eu tinha o número de uma garota em mãos.

Literalmente.

E não era o telefone de uma garota qualquer, Eu tinha o número de uma garota linda em mãos... e não havia a menor chance de eu ligar pra ela.

Sim, eu ja havia me decidido por isso naquele momento. Não fazia o menor sentido ligar pra uma desconhecida louca que passou seu número pra um cara que ela nunca tinha visto na vida.

Ou assim eu queria acreditar.

Eu estava deitado segurando o celular de frente para o meu rosto, olhando para o número que logo se apagaria da minha mão no banho, quando o celular vibrou repentinamente.

— O que foi Elisa? — Eu perguntei sem rodeios. Elisa, como porta voz e recrutadora de novos escravos para Lucy, sempre ligava para assuntos relacionados ao trabalho e a necessidade de mais horas extras.

— Olá Mark, boa noite! Tudo bem com você? — Perguntou a garota irônica do outro lado da linha, fingindo uma educação que nunca lhe foi peculiar e ressaltando sua aparente falta de interesse por meu estado.

Foi então que o possível motivo da ligação veio à minha mente.

— Tá ligando pra saber sobre a menina ruiva, né? — Eu perguntei, cansado. Pude ouvir a risada no outro lado da linha.

— Na verdade, eu realmente só queria saber como você está. Tenho um profundo interesse em seu bem estar. — respondeu ela, ainda rindo. — Mas já que você tocou no assunto, como foi? Já marcou o encontro? — Ela perguntou.

O modo como ela fez a pergunta fez todo o processo de ligar para a ruiva desconhecida e marcar um encontro parecer algo casual, rotineiro, algo a se fazer todos os dias pela manhã. A hipótese de que talvez fosse realmente algo simples veio à minha mente por alguns segundos, mas logo concluí que não era.

Não para mim...

Era impossível alguém como eu fazer algo assim.

— Eu não vou ligar, na verdade eu nem tenho mais o número — Menti. — Apagou da minha mão enquanto eu lavava os pratos. — Um suspiro de decepção fez-se ouvir do outro lado da linha.

— Não sei porque fiquei surpresa.— Começou Elisa. — Qual o seu problema Mark? —perguntou ela logo antes de desligar, sem esperar por uma resposta.

Uma resposta que eu ainda não tinha...

Naquela época.

Com amor, Lizzie [Pausado]Where stories live. Discover now