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— Vou tocar essa sexta no bar do Luke — comentou Elisa, enquanto caminhávamos até seu carro. Era o fim do expediente no dia seguinte à nossa visita na casa de Lizzie e eu achei estranho o fato dela ter comentado sobre o show, eu nunca havia ido a nenhum deles antes e ela provavelmente sabia que as chances de eu ir a esse eram mínimas.

Minha explicação veio no comentário seguinte.

— Lizzie quer ir com você — disse a garota loira, me observando com cautela. — Bem, ela nao disse isso com todas as palavras, mas eu sei que ela quer. — Completou ela, dando de ombros. Não falei nada, naquele momento eu não sabia ao certo em que situação me encontrava com Lizzie. O jantar na noite anterior havia sido alegre e divertido, com as duas ruivas se divertindo com fato de eu ser um total desastre ao lidar com o "hashi" – ou os palitos que os asiáticos insistem em usar pra comer, como eu costumava chamar. Ainda assim, foi estranho me despedir dela antes de ir para casa...

Foi como se ainda houvesse tanta coisa a ser dita que seria necessário que tempo parasse por algumas horas para que conseguíssemos colocar tudo pra fora.

Elisa se encostou em seu carro, apoiada na porta do passageiro aberta. — Ficou tudo bem entre vocês? —Ela perguntou, me encarando sem desviar os olhos. Eu retribuí o olhar enquanto pensava no que responder, tentando me lembrar da conversa na última noite.

— Ela... — Eu comecei, engolindo em seco. Eu não sabia porque contaria isso à Elisa, mas era algo que estava me incomodando e eu precisava desesperadamente falar com alguém. — Ela disse que gosta de mim... — Completei, me sentindo aliviado ao perceber que Elisa não estava rindo. Ela apenas continuou me observando, sua expressão vazia não deixava transparecer nada do que estivesse pensando. Algo que, aparentemente, eu era o único que não conseguia fazer.

— E o que você respondeu? — Perguntou ela. Eu apenas dei de ombros, balançando negativamente a cabeça em um gesto que expressava minha total confusão diante da situação. — Entra no carro, Mark — Ordenou ela, em um tom de voz que não permitia questionamentos, enquanto dava a volta pela parte da frente de seu pequeno e velho fusca azul e se dirigia ao assento do motorista. Fiz o ordenado e pude notar imediatamente o característico cheiro de cigarros que sempre predominava no interior do pequeno veículo. Elisa havia fechado a porta e agora encarava o pára-brisas à sua frente com um olhar vazio, as duas mãos apoiadas firmemente no volante.

— Acredite nela — ela falou, repentinamente se virando para mim. — Eu sei que parece estranho, vocês se conhecem a pouco tempo e tal... — Continuou ela. — Mas, acredite ou não, vocês podem fazer muito bem um ao outro... — Ela se virou novamente e deu a partida no carro, que respondeu com o típico e exagerado barulho do motor. — Vocês precisam um do outro mais do parecem ser capazes de admitir.

— Como assim? — Eu perguntei, atento à garota que manobrava cuidadosamente o carro para sair do estacionamento da lanchonete. Aquelas palavras haviam me deixado assustado, não era do feitio de Elisa falar de maneira tão séria sobre assuntos desse tipo.

Principalmente comigo.

— Bom... vocês são dois cabeças duras sem pai, afinal de contas — ela notou minha expressão de surpresa e continuou — Imaginei que ela ainda não teria te contado sobre isso, acho que eu mesma só sei porque o pai dela era meu tio... — ela olhou rapidamente em minha direção enquanto entrávamos em uma rua estreita e seguíamos rumo à minha casa. — Elas parecem não gostar muito de falar no assunto... Até porque o tio Josh já morreu, de qualquer maneira. Então não há muito que se falar mesmo. — Finalizou, dando de ombros e descartando a questão.

Então o pai de Lizzie estava morto...

Ela havia dito que tinha se mudado porque seus pais se divorciaram...

Com amor, Lizzie [Pausado]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin