XIV

40 9 0
                                    

"ELIZABETH ANNE MURRAY!"

Eu ouvi o grito de dentro do carro de Elisa, foi a primeira vez que escutei o nome do meio de Lizzie. O silêncio que se seguiu depois me fez temer pelo destino das duas garotas. Eu tinha ligado para minha mãe, enquanto Elisa dirigia seu fusca o mais rápido possível para deixar Lizzie em casa primeiro, e disse a ela que eu acabara dormindo na casa de um amigo após a festa e me esquecera de avisar. Depois, tudo o que tive de fazer foi continuar pedindo desculpas repetidamente por não ter atendido ao celular e não ter avisado que não dormiria em casa. Ela não tinha ficado muito preocupada pois sabia que eu estava com Elisa e, por algum motivo, minha mãe confiava nela. Como ela havia saído cedo para cuidar de minha tia, eu pude dar uma minimizada dizendo que havia chegado em casa pela manhã.
Já Lizzie não teve a mesma sorte, não fosse pela mãe de Elisa lhe dizer que a filha costumava fazer esse tipo de coisa, Melissa teria provavelmente acionado a polícia.

Esperei por alguns minutos no carro e, percebendo que a conversa entre as três dentro da casa ainda poderia levar um tempo considerável, saí do carro e comecei a subir a rua em direção à minha casa.

Lembranças da noite anterior voltando em flashs à minha consciência...

Nós havíamos feito sexo...?

Eu estava começando a me lembrar de seu toque, do calor de seu corpo contra o meu, do gosto de sua boca que mal me deixava respirar, da sensação única de estar dentro dela...

Meu deus...

Minha primeira vez e eu estava bêbado demais para aproveitar...

Que idiota...

Eu poderia pensar nisso depois, tudo o que eu precisava agora era de alguns analgésicos e meu quarto escuro e abafado.

            ***

Eu não falei com Lizzie depois dos acontecimentos da festa, dormi o restante do sábado e não tive coragem de sair da cama no domingo, último dia de férias. Eu estava me sentindo desidratado e meu estômago ainda apresentava alguma indisposição enquanto eu forçava a pizza comprada no dia anterior todo o caminho até ele.

Quando a noite chegou, eu ainda estava em meu quarto pensando pela milionésima vez sobre o que havia acontecido e sem coragem alguma de ligar para Lizzie ou Elisa, quando alguém tocou a campainha. Desci vagarosamente os degraus, pensando se minha mãe havia perdido as chaves novamente.
A pilha de louças sobre a pia da cozinha pareceu me chamar quando eu a olhei de relance, me deixando ainda mais desanimado. Eu teria que dar um jeito naquilo antes que minha mãe chegasse e não restasse muita coisa de mim para contar história.

Abri a porta e encontrei Elisa, ainda vestida com as mesmas roupas de sexta, seus olhos inchados indicavam que estava chorando até pouco tempo atrás...

E que vinha chorando há um bom tempo também....

— Posso entrar? — Perguntou ela passando por mim sem esperar por resposta e se jogando no sofá. A garota estava tremendo e com as mãos segurando a cabeça, como se não quisesse deixar seu cérebro escapar.

Eu não preciso dizer que aquilo me pareceu problema, não é?

— O que aconteceu? — Eu perguntei, após fechar a porta e me sentar na poltrona. Ela limpou o nariz na manga de sua jaqueta e fungou algumas vezes, tirando o cabelo dos olhos. Ela estava destruída. Sua pele estava pálida de uma maneira doentia, seus olhos inchados e vermelhos pareciam resultado de inúmeras xícaras de café e muito pouco ou nenhum sono.

Ela não cheirava muito bem também.

— Lizzie... — Falou ela com a voz fraca. — Ela está no hospital, Mark... — Ela continuou, me encarando fixamente após dizer aquilo. Duvido que estivesse realmente me vendo, seus olhos desfocados estavam olhando para algo muito distante dali.

Com amor, Lizzie [Pausado]Where stories live. Discover now