While the rain's pouring

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Quando a luz começou a se inteirar pelo cômodo, Wendy já estava acordada há algum tempo. Observava a parede de vidro ser atacada pela chuva, sentada ao contrário em uma cadeira e tomando um chá de rosas fervente. Mare permanecia tranquilamente adormecida no andar de cima e, se o sono agitado de Wendy lhe incomodava, não deixava transparecer ou falava a respeito.

Os pesadelos deixaram de ser pesadelos depois de um tempo naquele acordar e dormir infernal, passando a serem sonhos sombrios mas confusos. Depois de tanto batalhar mais tarde na madrugada, ela desistiu de tentar e foi a caça de um chá, iniciando o dia. Seu reflexo na parede de vidro do ateliê olhava-a com ignorância e cílios pesados. Volte a dormir, ele dizia, como se não soubesse que era difícil.

Quando o sol raiou, coberto por nuvens prateadas, ela encheu a xícara de líquido fumegante outra vez e saiu para a varanda da frente, sentada no parapeito de madeira do dia anterior. A chuva estava forte dessa vez, barulhenta. E Wendy tinha muita atenção numa pequena aranha trabalhando em sua teia graciosa para notar a silhueta que saía da torre oito. Os coturnos dele batendo no chão ao se aproximarem foi o que a trouxe de volta.

Wendy ergueu os olhos e tombou a cabeça para o garoto obscuro encharcado que agora a encarava com aquele sorriso ladino, tão cedo.

"Oi." Foi só o que ela pensou em dizer, o pensamento lento da manhã. "Não existem guarda-chuvas na Terra do Nunca?"

"Na verdade, não. Não chove muito por aqui." Explicou, condescendente, mas o tom de voz rouco e cansado dela não passou despercebido por ele. "Dando bom dia para o sol?"

"Não tem sol, mas acho que você já percebeu." Replicou, indicando as gotas que pingavam dele para o chão de madeira.

O riso dele foi preguiçoso quando decidiu se juntar à ela no parapeito, esticando as pernas. O cabelo pingando nos pés dela. Wendy fitou-o com descrença quando os dois trocaram olhares. "Não consegue dormir?", ele perguntou, suave como a manhã. Suspeito.

Já que explicar sobre a noite agitada era muito complicado, ela inventou alguma coisa mais simples. "A chuva está muito alta. E você, o que faz aqui? E de bom humor aparentemente."

"É o que parece?", ele parecia surpreso.

"Não percebeu? Está completamente encharcado cedo de manhã mas está aqui conversando tranquilo, comigo, ainda por cima", ela provocou, interessada na reação dele. Como era possível que não notara? Como se vir até aqui e se sentar ao lado dela, com a leveza e tranquilidade de um gato, não fosse nada fora do normal?

"Eu não percebi."

Pela forma como falou e deu de ombros, Wendy percebeu que Nenzi devia estar acordado há algum tempo. Era visível pela agitação em seus olhos, em seu rosto. Ele estava trajado de preto como sempre, coberto por um moletom escuro agora encharcado, os olhos castanho brilhantes. Ela não se conteve a observar o cabelo molhado colado a testa outra vez, era uma visão meio hipnotizante. "Que horas acordou? Você não parece só bem humorado, parece... agitado."

"Eu fui visitar a torre doze o mais cedo que pude e troquei meus curativos. Sabe, Doze não gostou da sua falta. Aparentemente, ela não gosta muito de mim", disse, respondendo aos pensamentos dela.

The Peter PanOnde histórias criam vida. Descubra agora