Welcome to the hell world

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Dormir era uma coisa delicada para Wendy Darling. Cair no sono não era bem o problema, nem o motivo pelo qual ela tinha tantos frascos de remédios vazios reunidos nas gavetas do criado mudo. Não, ela era uma pessoa que dormia com facilidade, apesar de tudo. O problema era durante o sono. Aquela calmaria infinita de um segundo no escuro não existia para ela. Como posso explicar? Hum. Wendy sonhava muito. E com muito, quero dizer sempre. Não houve uma noite na vida em que Wendy se lembrasse de ter piscado e, de repente, acordado. Isso não acontecia, não com ela.

Por muitas vezes, podia esquecer do enredo do sonho, sim. Podia esquecer das emoções turbulentas que tinha durante a noite. Às vezes se pegava desenhando alguma coisa estranha que tinha em mente e, num estalo, lembrava que a vira num sonho. Mesmo quando isso não acontecia, e ela não se lembrava de nada, sempre havia aquela sensação oca e pesada ao acordar e Wendy sabia que a memória estava se esvaindo para algum lugar no esquecimento, mas acontecera.

Nas fases ruins, era difícil decidir qual era pior: estar dormindo ou estar acordada — sim, difícil, com todos aqueles pesadelos um atrás do outro. Era assim que ela identificava uma fase ruim. Tudo ficava mais intenso, mais estressante. Às vezes, Wendy acordava no meio da noite e socava a parede sem perceber. Chorava, gritava, às vezes corria para o banheiro e vomitava.

Era ruim, bem ruim, e ainda assim, ela não sabia escolher qual era pior. Pelo menos, não eram reais. Machucá-la era um poder que todos aqueles sonhos não tinham, diferente das pessoas fora dele. Isso... bom, emparelhava as coisas.

Wendy tinha acordado duas vezes durante a noite. Na primeira, teve uma crise de tosse que fez seu peito doer. Dormiu abraçada aos joelhos. Na segunda, estava chorando, mas não lembrava do motivo quando abriu os olhos, então caiu no sono rapidamente depois de limpar o rosto e conter aquele aperto estranho no peito.

Quando acordou pela última vez, foi com o grito do despertador e a força das mãos de Gen balançando seu corpo. Seus punhos se apertaram, travando no lugar, impedindo o reflexo que vinha com aquele toque tão repentino na manhã. Todas as vezes, todas as manhãs, ela precisava se impedir de sufocar Gen com as mãos. De lutar. De empurrar os braços da governanta e se afastar para o canto como um animal machucado. Por instinto. Todo dia de manhã, ela tinha de controlar o instinto.

Porque Wendy Darling não era um animal. E tinha que estudar. Não podia se machucar, nem machucar os outros. Não era um animal.

"Acorde, pequena", Gen bocejou. Golejou a caneca fumegante que tinha nas mãos. Quando Wendy não respondeu nada, ela cutucou o colchão com o pé. "Hora de ir."

The Peter PanOnde histórias criam vida. Descubra agora