A war for the crown of pumpkins

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Tem muitas coisas que a Wendy de oito anos amaria fazer, mas que não podia, porque era impossível. Coisas essas que a Wendy de dezoito anos tem chance de fazer, e não sabe muito bem como reagir, porque elas não são mais a mesma pessoa.

Apesar de ser um exemplo bobo, é um exemplo: a Wendy de dezoito anos participa de festas com ninfas. Podia parecer absurdo, mágico e emocionante aos ouvidos daquela jovem Wendy. Hoje, ainda é absurdo e mágico, porém mais enervante do que emocionante, por falta de melhores definições. Não é assustador, mas também não é exatamente tranquilizante.

Porém, comecemos pelo começo. Vem acontecendo, aqui e ali, desde a primeira missão dela na campina. Peter não gosta muito, mas Aìne insistiu muito na primeira vez. Chamou Wendy de convidada ilustre tantas vezes que Peter cedeu por desistência.

Ah, sim, e ninfas não dão jantares, exatamente.

A reunião para a qual Wendy é constantemente convidada chamava-se "cerimônia", e era um ritual, uma confraternização — nas palavras de Mare. Para Wendy, a melhor definição da cerimônia das ninfas era: um culto, daqueles que se faz para deuses. A única diferença entre aquilo e os cultos religiosos ao qual ela estava acostumada como humana era que a divindade estaria sentada logo ali em frente, assistindo e participando da celebração como parte dela. Àine era a divindade.

Wendy nunca foi religiosa, e a única pessoa de sua família que já tinha tentado doutrinar os jovens Darling foi sua tia-avó por parte de mãe, a assustadora tia Pearl. Ela os arrumava escondido de Gen aos domingos e os colocava para dentro de uma igreja abafada que ficava no fim da avenida. Jonh se irritava, passava por uma fase rebelde na época, mas Wendy e o pequeno Michael mal se importavam porque ganhavam picolés na volta para casa. Não durou muito, mas foi uma época engraçada.

Ela não sabe muito bem porquê pensou nisso, mas, enquanto Mare penteava seu cabelo e prendia raminhos coloridos em minúsculas tranças, Wendy se pegou segurando o riso da ideia de ter Jesus sentado na fileira da frente da igreja da tia Pearl, conversando e dançando com seus seguidores como era de se esperar que Àine fizesse. Mare a observou com uma expressão confusa, mas divertida de quem está achando graça. Elas duas sempre ficavam meio bobas quando estavam prestes a sair para uns dias de cerimônia.

É, o termo exato, dias. As cerimônias eram tão pagãs que Wendy achava engraçado. Elas duravam dias, eram tumultuadas... e, claro, eram perigosas para humanos. Da forma como todas as coisas mágicas, em geral, são. Wendy às vezes se pegava pensando em como se tornou essa versão de si mesma que gosta um pouco mais das cerimônias por causa do perigo, da leve adrenalina.

No dia depois de beijar Nenzi, Wendy e Peter passaram algumas horas no telhado, conversando. Ela achou que estaria se abrindo para ele, mas foi um inesperado contrário. Peter quem se abriu com ela, sugerindo um plano que mexeu tanto com sua cabeça que Wendy determinou que precisava de um pouco de tempo para pôr a cabeça no lugar. Ela e Mare escaparam para a campina logo depois do meio-dia naquele mesmo dia.

"Às vezes ficar rodeada de muita testosterona pode fazer mal para a cabeça", gracejou Mare, como uma velha e sábia anciã, enquanto elas saíam da Floresta dos Tigres. "Mulheres precisam de férias."

The Peter PanWhere stories live. Discover now