The name of the game

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"O medo corta mais profundamente
do que as espadas. Aprenda e deixe de sentí-lo."
— Fúria dos Reis, George R. R. Martin.



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Wendy não ficou surpresa com o fato de que Michael escolhera não dormir na Casa. Com a impossibilidade de Quione subir, era claro que ele escolheria descer. Por mais que Anthony e Mare protestassem, e Peter insistisse na oferta de hospitalidade, mutuamente preocupados com a ideia de deixá-lo ir, Wendy nem tentou se preocupar. Michael não deixaria Quione sozinha por mais tempo — sem contar que estar rodeado de gente humana parecia um pouco demais a cada minuto, era perceptível, por cada movimento impensado e ansioso que ele demonstrava.

Wendy deixou que ele fosse sem tentar convencê-lo do contrário. Feliz por não ter sido obrigado a pensar no assunto à pedido da irmã, Mike a abraçou e garantiu, com olhares para Peter, que os dois não saíriam do território da Floresta essa noite. Depois, foi se despedir de Anthony com o pequeno cumprimento que tinham começado a inventar.

Wendy deixou a torre cinco em silêncio, acompanhada de Reis, Carter, Peter e a presença quieta de Nenzi ao lado dele. Anthony ficara para trás... ela podia confiar nele para cuidar de seu irmão. Ultimamente, os dois pareciam ter desenvolvido uma ligação mais justa do que à que tinham com ela, somados.

Era um pouco triste, sim, que ela tivesse seu irmão de volta, mas apenas um espectro dele. Com outras prioridades, lealdades e pensamentos. Podia machucar, levemente, ver como Michael era desesperado pela companhia de Quione e como encontrava apoio em Anthony e só mirava os olhinhos na direção dela quando ouvia sua voz conversando com outras pessoas.

Ela tinha a constante impressão de que ele ficava curioso em vê-la interagir com os novos amigos. Achando estranho como ela fazia parte da imagem geral, no fim. Como sabia todos os nomes, partilhava de histórias e mudava de tom para cada um.

Ele nunca dizia nada. Ela também não.

Crianças Darling não sabem expressar sentimentos direito. Era característica de família, infelizmente. Nenhum dos irmãos podia fugir disso.

Wendy já tinha decidido que deixaria que Mike seguisse o caminho que quisesse — esperando que, um dia, eles se encontrassem no final do emaranhado de linhas pelo qual tinham seguido. Ela não era pessoa mais otimista do mundo, mas sabia como ter esperança.

Fora da torre cinco, eles caminhavam pelo percurso em direção à torre onze, Peter, Reis e Carter mantendo a conversação agradável que encobria o silêncio resoluto de Nenzi e a completa falta de atenção de Wendy, caminhando distraída com todos esses pensamentos.

Na plataforma da torre sete, detiveram seus passos. Para o lado da torre onze, Carter partiu depois de puxar Reis para longe do grupo e se despedir de uma forma desnecessariamente melosa. Wendy foi deixada com a presença silenciosa de Nenzi, afastado, e a tranquilidade paciente de Peter, que se aproximou dela para se despedir com selinhos esparçados no rosto e alguns nos nós dos dedos que segurou entre os seus.

Mesmo depois de todo esse tempo, ela ainda achava graça nos modos doces dele, e precisava rir para disfarçar o destúrbio no equilíbrio.

"Se está me dando tchau, imagino que não volte antes do amanhecer", ela murmurou, mantendo a leve decepção sobre controle.

"Eu e Free faremos uma ronda mais longa essa noite, com seu irmão no aberto da floresta", ele explicou, passando um dedo pela pele suave na curva do pescoço dela, pensativo. Então, sorriu. "Mas não até o amanhecer, não se preocupe. Vou estar lá e acordar você ao primeiro raio de sol."

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