Latches on the dome

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"Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos."
— M. Quitana



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As flores serpenteadas ao redor da torre dezessete pareciam apreciar mais o clima gelado da manhã, o orvalho meramente congelado, gotas vagamente petrificadas, do que o resto da natureza ao redor. Especialmente na madrugada mal-terminada, sem muita luz vibrante, se abriam cheias e pomposas, lilases e fúcsias.

Wendy ficou admirando o gracejo das flores, de pé na plataforma meio escorregadia, esperando até que Free terminasse de descer cada andar.

"Uou, ah, que gelo aqui fora...", ela o ouviu grunhir ao abrir a porta. "Desculpe, fiquei preso na sala de luz, de novo. Entra, Wen, você deve estar con—"

Free ergueu os olhos para Wendy e sua jaqueta de treinamento dobrada na curva do cotovelo. Ela sorriu, de leve, e fingiu desatenção. "Hm?"

Ele se colocou de lado para que ela passasse, fechando a porta atrás de si. "Deixa para lá."

"Você me chamou." Não era uma pergunta.

"Aham" Free respondeu com um sorriso terno. Estava vestindo suéter de tricô de um belo tom lilás que fazia toda sua pele parecer parte de uma composição pastel. "Eu consegui."

Wendy piscou. "Sério?"

Sem responder, ele partiu torre adentro. Wendy sorriu de novo, meio sonolenta, e o seguiu. As implicações de Free eram mais leves e recatadas por baixo de um rosto delicadamente contido, mas estavam sempre lá para que ela lesse. No brilho vívido dos olhos, o sorriso mantido no canto da boca e a forma apressada de subir as escadas, do jeito que as crianças fazem.

Ela não conseguia acompanhar o entusiasmo ainda, meio lenta antes do café-da-manhã, mas fez seu melhor. "A sua luz vermelha voltou a funcionar, então?"

"Aham."

"Você consertou?"

"Luke. E Ant ajudou."

Wendy precisou conter seu riso. "Ant?"

Free sabia o que a leve dúvida na voz dela dizia, então sorriu. "A gente não alcançava o encaixe, mesmo com a cadeira."

Justo. "Você ainda não arranjou uma escada?"

"Me diga onde arranjar uma, ficarei agradecido."

"Tá bem, espertinho."

Os andares internos da torre dezessete eram de uma arquitetura interessante, do tipo que facilmente atrai seus olhos para perder algum tempo admirando.

Inteira internada ao tronco da árvore gigantesca, era majoritariamente madeira lustrosa, clara, e rodeada de janelas altas mas estreitas e varandas. Haviam muitos arabescos de ferro pintado nas beiradas das varandas, plantas em cascatas, flores sempre na mesma variação de roxo, luzes retilíneas e molduras.

Um exato equilíbrio entre o leve drama do rústico e o minimalismo de modernidade. Na dezessete, cada direção em que seus olhos paravam, podia ser enquadrada. Coisa de Free, que tinha uma visão própria para o mundo ao redor. Era uma de suas peculiaridades mais bonitas. E tudo que ele fazia, em algum sentido ou forma, sempre era belo.

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⏰ Last updated: Feb 06 ⏰

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