Subtle ways of love

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Wendy mal percebeu que pegou no sono no meio de um emaranhado de pessoas cansadas, roncos e respiração profunda. A única fonte de luz vinha da lareira que crepitava baixinho, quase apagada, mas o cômodo estava morno por conta de toda aquela aglomeração. Mare e Anthony dividiam a poltrona, Reis e Carter ocupavam o sofá com River e Luke. Free se encontrava espalhado no tapete, enrolado no cobertor como um burrito.

Ela abriu os olhos, confusa por um instante pois não percebera quando caiu no sono. Nenzi dormia no tapete há alguns centímetros dela, o cabelo bagunçado, os lábios entreabertos. Se esforçou para não acordá-lo enquanto levantava, mas não resistiu a cobrí-lo até os ombros com o cobertor que estiveram dividindo.

Depois de levantar, Wendy caminhou na meia escuridão, abriu a geladeira mágica pensando no quanto estava com sede e encontrou uma garrafa borbulhante dentro. Não passava de água com gás, mas ela agradeceu em voz alta para as pixies, à magia, ou qualquer que fosse a coisa que comandava aquela geladeira onisciente.

O vento empurrava a chuva e açoitava a torre por fora, fazendo ranger de leve as janelas bem fechadas. Além disso, o único som eram roncos vindo da sala cheia de homens e o crepitar quase inexistente da lareira. Wendy bebericou a água por um tempo, reclinada sobre o balcão e se distraiu observando a meia luz da sala tocando o chão. Perdida em pensamentos sonolentos, ela quase deu um pulo quando braços envolveram sua cintura por trás. Por reflexo, suas unhas quase se fincaram sobre a pele do intruso, mas foram contidas no mesmo quarto de segundo. Wendy conhecia bem aquele tipo de abordagem, sem contar o perfume familiar, só não esperava por ela tão repentinamente.

Ela sorriu para o escuro. "Nunca mais faça isso."

"Desculpe", a voz rouca de Peter soou no ouvido dela, não parecendo nada arrependido. "O que está fazendo acordada, mocinha?"

Wendy bebeu um gole da garrafa, devagar. "Acho que não consigo dormir", murmurou, acariciando os braços dele em volta de sua cintura. "E você, jovem príncipe?"

A respiração dele fez cócegas na pele do pescoço dela e o aperto na cintura aumentou enquanto Peter suspirava. "Estou agitado demais para dormir, então fiquei vigiando."

"Agitado, é? De que maneira?"

Peter não respondeu de imediato, ocupado em deixar uma trilha de beijos pelo ombro dela. Wendy inclinou o corpo para o dele quase que de forma involuntária, tocando as costas em seu peito.

"Não sei, hum, de muitas maneira...", ele respondeu, por fim. "Em geral, pensando demais."

Ela conhecia bem aquele tom casualmente calculado, vindo de uma pessoa que está constantemente tentando parecer no controle. "Continua preocupado com o que aconteceu na terceira festa, não é?"

O leve silêncio dele respondeu bastante. Peter respirou fundo, então escondeu o rosto na curva do pescoço dela. "Me sinto impotente", sussurrou. "Minha magia falhou em nos proteger uma vez... Quem garante que não falhará de novo?"

Wendy, enfim, se virou para ele, forçando-o a se soltar e encará-la. Suas íris verdes brilhavam no escuro, como sempre. "Se falhar, estaremos aqui para ajudar. Ninguém espera que você seja impecável, Peter", ela murmurou de volta, tocando o rosto dele. "Nem você deveria. Sabe disso, certo?"

The Peter PanDonde viven las historias. Descúbrelo ahora