16. Uma Ferida a Menos

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"Gostaria que pudéssemos voltar no tempo para os bons velhos tempos" — STRESSED OUT, por Twenty One Pilots.



Tinha que me certificar de que nenhum de meus colegas perceberia que eu não estava feliz em está com Kentin, desenhando juntos, enquanto fingia sorrir.

Não que já não estivesse deixado claro antes que aquela situação me incomodava, mas havia sido alertada que precisava parecer mais alegre, ou estaria levando atenção da diretoria. Queria acreditar que não estavam usando os alunos para isso, mas não quis arriscar.

Já não bastava eu ter um outro castigo, o terceiro, em menos de dois meses. Não queria levar outra advertência. Não por culpa de alguém que eu, certamente, odeio.

Estávamos no jardim para a aula de artes. Pela primeira vez em anos, a professora Jade decidiu fazer uma aula de campo, trazendo todos seus alunos para o ar livre e nos tirando da monotonia chata de sempre da sala de aula e a velha teoria, onde estudávamos desde os gregos antigos até a arte contemporânea. As câmeras capturam cada momento nosso, enquanto passamos os pincéis em nossas telas em branco.

As pessoas me olhavam torto, como se eu fosse louca e eu apenas sorria, no melhor fingimento que eu conseguia mostrar. Tudo por causa do que aconteceu no teatro.

Kentin não tocou no assunto e eu estava satisfeita por isso, mas não conseguia me esquecer que ele me chamou de bruxa má dias atrás. No final das contas, quando no fim do dia, e todos estavam dormindo, ele era tão ruim quanto Juliette e Ivy. Ele me magoou da mesma forma e eu ainda vou o fazer pagar por isso, assim como Susan pagou e Ivy e Juliette pagarão.

Eu não me vingaria, eu apenas acertaria as contas.

Kentin, agora, está concentrado na sua tela logo ao meu lado. Ele sempre foi bom com desenhos e nunca percebi como me irritava ele ser tão talentoso, até agora.

Quando ainda erámos próximos, Kentin sempre estava rabiscando por aí, fosse uma simples árvore, ou o meu rosto no seu caderno velho de capa de couro desbotado que ele sempre carregava para cima e para baixo, onde seus sentimentos estavam guardados e cantados em poesias. Ele nunca me deixou ler, apenas me mostrava seus desenhos e, vez ou outra, ele me mostrava uma poesia, mas era algo tão raro que quase era como um evento extraordinário.

Me pergunto se ele ainda tem esse caderno.

Vez ou outra, Kentin esticava seu pescoço para espiar a minha tela, mas não dizia nada. Meu desenho era simples: era apenas uma flor, o máximo que eu conseguia fazer sem parecer um grande desastre ou atentado a arte. Não queria me esforçar muito, apenas queria limpar as minhas mãos e ir para o meu quarto, usar meu notebook sozinha em meu quarto.

— Sam? — James me chamou, parando em minha frente.

Respirei fundo e o encarei de rabo de olho, antes de voltar a desenhar em meu quadro. As flores não estavam bonitas, mas tinham a sua graça.

Posso Anotar o Seu Segredo?Where stories live. Discover now