Capítulo 23 - Morando juntos

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Sirius Black

Esfreguei os olhos naquela manhã de sábado e pisquei para me acostumar à claridade que vinha do cômodo ao lado e resmunguei por causa a música alta e dançante. Eu não precisava ir para o ministério então realmente esperava poder dormir até pelo menos às três da tarde, ainda mais depois que Dana e eu ficamos acordados até tarde conversando sobre qual seria o melhor animal não doméstico para se ter em casa, eu sugeri um hipogrigo, Jordana foi mais além, queria um unicórnio.

Desde que Jordana se mudou lá pra casa, todas as noites nós bebíamos um pouco de cerveja amanteigada, fazíamos as cruzadinhas do Profeta Diário, comíamos deliciosas jantas prontas que eu trazia do Caldeirão Furado e às vezes até nos arriscávamos a fazer alguns brownies. Pouco a pouco ela parecia se recuperar da morte da tia Phemi e do tio Flemont.

A casa era minúscula com apenas dois cômodos: a sala/cozinha e o quarto. Sua Alteza Real obviamente ficou com o quarto. E não se incomodou com a bagunça, Jordana classificou os jornais espalhados, as roupas no chão e os pelos de cachorro como aconchegante.

— Jordana, abaixa isso! — resmunguei, mas estava claro que ela não me ouviu. Derrotado, me levantei e fui para a cozinha, tomei um gole de café e notei os pequenos detalhes que estavam diferentes na casa desde a mudança. Tinham livros de medicina bruxa na bancada, botas de cano alto largadas ao lado da porta, roupas femininas se juntavam às minhas no cesto, havia dois potes de sorvete na geladeira que agora era enfeitada com post-its coloridos cheios de lembretes, além disso, eu nem precisava do olfato canino aguçado para sentir o cheiro de condicionador e perfume floral presente na casa. Era bem agradável. Acabei sorrindo enquanto tomava meu café.

Olhei para o relógio que não marcava nem dez horas da manhã e decidi ir até o quarto perguntar porque raios ela estava acordada tão cedo. Como a porta estava aberta entrei sem bater e engasguei com o café ao encontrar Jordana dançando apenas com uma toalha branca enrolada ao corpo, os fartos cabelos castanho estavam amarrados em um coque no alto da cabeça. Meus olhos desceram de sua nuca delicada para os ombros, dos ombros alvos para a silhueta coberta pela toalha e pararam em suas coxas nuas e que pareciam tão macias.

— Padfoot! — Ela arregalou os olhos a me ver e parou a música com a varinha. — Érr eu não sabia que estava em casa. — Ela ficou vermelha.

Abri a boca para responder, mas uma gota do cabelo molhado deslizou por sua pele e desapareceu entre os seios cobertos pela toalha. Esqueci completamente o que eu ia falar.

— Se continuar me secando, vai sair daqui com um olho roxo, Black.

— Desculpe. — Ela me encarava com os olhos estreitos, mas tentava não rir e eu precisava provocá-la de alguma forma, claro, era mais forte do que eu: — Ah... e bela pinta, super sexy. — Eu não conseguia desviar os olhos daquelas coxas.

Uma embalagem de shampoo voou em minha direção e eu precisei desviar. Ela me lançava um olhar de repreensão, mas sua tentativa de não rir ia por água a baixo.

— Estou saindo, estou saindo.

Voltei para a cozinha e automaticamente peguei o cereal, o leite e a vasilha, enquanto tentava afastar pensamentos nada decentes da minha cabeça. Noiva do Nott, pestinha chata insuportável, vai te dar vários foras, eu repetia varias vezes como um mantra todos os motivos para eu não olhar para Jordana dessa forma novamente, não estava funcionando.

Pouca coisa mais tarde ela entrou na cozinha já devidamente vestido com jeans e moletom largo.

— Bom dia! — disse bem humorada pegando sua vasilha, colocou cereal e leite e pegou uma edição do Profeta Diário. — Eu pensei que iria para o Ministério hoje.

— É sábado, antes das dez, por que está tão bem humorada? — resmunguei e ela sorriu.

— Você que é preguiçoso e ranzinza, Black. Dez horas não é cedo e vamos receber visitas. — Mal Jordana acabou de falar e ouvimos batidas na porta. Ela pulou da cadeira e correu para abrir a porta. Alice era a visita que Dana estava esperando, eu devia ter imaginado. As duas se abraçaram e entraram.

— Oi Sirius — a Longbotton me cumprimentou rapidamente, eu respondi com um sorriso e ela voltou a se dirigir a Dana. — Então quer dizer que está morando aqui agora.

Enquanto as meninas conversavam, tomei um banho e me arrumei, talvez visitasse Moony, Prongs ou Wormtail mais tarde. Depois enrolei um pouco na sala para ouvir a conversa das duas, especialmente ao perceber do que falavam.

— E como o Nott reagiu quando soube que você veio pra cá?

— Ele quase me mandou um berrador, um exagero, Alice, sério. Ameaçou terminar comigo. — Tentei não demonstrar minha satisfação em saber que eu estava provocando brigas entre o casalzinho, mas não me saí muito bem. — Mas ontem me levou pra jantar em um restaurante e disse que entendia que eu não queria ficar em casa, não podia esperar menos dele, foi bastante compreensível e cavalheiro, mas quis adiantar o casamento para daqui um mês e...

Um mês... UM MÊS. Sem pensar, saí de casa batendo a porta, decidi ir para o ministério mesmo sendo meu dia de folga.

Cheguei no quartel general dos aurores decidido a encontrar alguma missão, a mais chata que fosse, apenas para tirar da cabeça que Jordana se casaria dentro de um mês. Me surpreendi ao encontrar Lily sozinha na sala.

— Padfoot! O que está fazendo aqui?

— Distraindo a cabeça. — Dei de ombros e ela franziu a testa tirando os olhos dos relatórios e olhando para mim. — E você?

—Moody me pediu para ajudar a nova auror, ela deve chegar logo, então fala de uma vez.

— Como vai seu gato? — Na última carta ela me contou que James e ela tinham adotado um gato. Ela cruzou os braços e me olhou séria. — Tá, ta. Jordana vai se casar em um mês. Ela não pode se casar em um mês. Porra, Lily, um mês. — Me larguei em uma cadeira na frente dela. — Ela é minha melhor amiga e se você quer saber ela me deixa louco, dançando só de toalha no meu quarto...

— Informação demais.

— E eu sei que se Nott não for um comensal da morte, ele é o melhor para Dana, porque ele é todo romântico piegas e não faz todas as escolhas erradas como eu, mas eu sou um egoísta, Lily, e não ligo se ele é o melhor pra ela, ela é minha marota — enfatizei a palavra "minha", eu fiquei emburrado, Lily consegue tirar qualquer informação de mim, deve ser aquele olhar de reprovação que só ela tem.

— Fala isso pra ela, Padfoot.

— Olá? Ahm, você é Lily Potter? Eu sou Courtney Bloom, a nova auror. — A bruxa que entrou no quartel não era só linda, era estonteante, alta, morena e com um corpo perfeito, meus olhos se demoraram nos seios avantajados, antes de sorrir torto para a novata.

— Sim, sou eu. Muito prazer. Seja bem vinda ao quartel general dos aurores. Este é Sirius Black, também é um auror. Sente-se, fique a vontade — E se dirigiu para mim. — É sério, Sirius, falar com a Jordana é a coisa certa a se fazer.

— Eu sei, mas como eu nunca faço o que é certo... Vá para casa, Lily, diga ao Prongs que não precisa agradecer, passe toda a tarde com seu gato e seu marido. Eu deixo a Srta. Bloom a par de tudo aqui do quartel.

MarotaWhere stories live. Discover now