DIA 36.

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Como descrever tal formosura,
Se nem as ninfas alcançam tanto,
Afrodite tem-lhe tamanha inveja,
Somente em ver a tua face,
Face que brilha como a aurora,
De cabelos negros e longos,
Soltos por sobre os ombros,
É de uma maciez sem igual,
E seus grandes olhos brilhantes,
Tão magníficos quanto o céu.

É impossível que estas palavras,
Dimensionem toda sua majestade,
Palavras não são o suficiente,
Sempre existirá um vago,
Algo que ainda não foi dito,
Não é fácil transcrever os sentimentos,
Fazer daquilo que está no âmago da alma,
Em versos de uma poesia,
Pois este anjo; é pura perfeição.

Ela surgiu de repente em minha vida,
Veio fulgurante como estrela,
Em uma noite escura sem luar,
Eu nunca imaginei que o amor,
Fosse capaz de me aprisionar,
Ela me acorrentou ao seu olhar,
No calabouço daquele coração,
E lá estou desde então,
Lindo anjo ledo a me encantar,
Bela mulher que me faz sonhar.

Meu antigo refúgio agora é lembrança,
Deixou no peito muitas saudades,
Me fiz fugitivo de muitas cidades,
Um andarilho errante,
Na terra estranha poeta delirante,
Risquei na areia de solitária praia,
Minha poesia de medo e dor,
Poesia que o mar veio buscar,
Que num instante desapareceu,
Nas profundezas do mar.

E lá no distante reino dos sonhos,
Sou o teu cavaleiro aventureiro,
Cavalgando em extenso reino,
Onde obstáculos não existem,
Existe somente o meu coração de amor.
Certo dia nesse reino dos sonhos,
Algo extraordinário aconteceu,
Um ser tarjado de luto,
Morador da mente muito astuto,
Adentrou no reino sem permissão.

Tudo então começou a mudar,
Mudou as leis do meu reino,
Leis que foram modificadas,
E as luzes chamadas encantadas,
Foram apagadas da imaginação,
Temeroso estava este cavaleiro,
Com tamanha balbúrdia feita,
O nome desse odioso ser,
Fez o meu coração tremer,
Todos o conhece como razão.

Dura batalha foi travada,
Dia após dia, noite após noite,
Não seria possível imaginar,
Quem a batalha iria ganhar,
Tamanha era a confusão,
Este poeta do reino dos sonhos,
Ajuntou todos em assembléia,
Todos estavam presentes,
Dali a poucos instantes,
Todos ouviriam palavras do coração.

Os moradores dos Reinos dos sonhos,
Ouviram atentos os discursos,
A proposta votada foi a melhor,
Na intenção de evitar mais dor,
A proposta foi a votação,
O reino seria dividido,
Assim evitaria mais lutas,
E buscaram cultivar o amor,
Assim como cultiva uma bela flor,
Tulipas e rosas de grande valor.

A razão analisou atentamente,
Observando cada vírgula e ponto,
E todos que a razão se aliou,
Todos quantos arrebatou,
Aceitou a proposta sem objeção,
A proposta passou a vigorar
E o reino todo foi dividido,
Em cada uma das metades,
Reinaria grandes verdades.

Desde muito tempo isso foi feito,
Guerra em meu peito foi travada,
No meu pequeno universo,
Reinos distintos estão imersos,
Desde os meus tenros primórdios,
Seja conhecido por ti anjo ledo,
Que por sua causa não tenho paz,
Habita dentro de mim,
Sentimento sem fim,
Pois sou hoje razão e coração.

    Este é um dos muitos poemas que escrevi na areia, infelizmente este foi o único que não permite que o mar levasse, e não sei por qual motivo resolvi transcrevê - lo aqui.

                              * * * *

    Não há nada que eu possa fazer, estou tentando te esquecer, mas a cada tentativa, mais apaixonado me vejo por você. Na solidão de uma noite sem estrelas vejo o teu reflexo em meus pensamentos, vejo os teus olhos que tanto me encanta, e a tua voz de anjo ledo, ah! Doce voz, linda canção. Amo-te com todas as forças do meu coração.
    Realmente não há nada que eu possa fazer, o meu coração recusa te esquecer, ainda que esteja a sofrer, ainda que chore, ele se recusa a te esquecer.     Mas o coração é assim mesmo, teimoso, desejando cada vez mais, sempre mais.
    Já não tenho paz dentro de mim, todos os dias são dias de tempestade e amor, correntezas de uma paixão desmedida. Ah! Como eu te amo anjo ledo, te amo como a abelha ama a flor, na incessante busca do néctar, assim sou eu em busca do néctar do seu amor.


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