DIA 15.

2 1 0
                                    



    Hoje o dia estava lindo, o sol mais uma vez desfilou imponente sobre o céu, com toda a sua majestade, com toda a sua glória; acordei bem cedo, às seis da manhã, como de costume fiz o meu café, no forno havia pães caseiros que eu tinha feito no dia anterior, ficaram bons. Após o café, que não demorou, fiz minha caminhada costumeira pela praia, tudo estava calmo e tranquilo, uma paz reinou hoje, silêncio total, até os pássaros resolveram fazer silêncio, apenas o mar tocava a suas notas musicais, em sua envolvente dança com a praia.
Depois da caminhada retornei para casa, eram quase nove horas, neste horário a partir de hoje, vou reservar alguns minutos para leitura, minha biblioteca tem vários livros de vários autores, de várias nacionalidades. A leitura de hoje foi Fernando Pessoa, um dos seus heterônimos, Alberto Caeiro, que leitura fabulosa, a simplicidade das palavras tão bem colocadas, o homem do campo, de sua relação com a natureza, gostei muito de ler os poemas de Caeiro, são belíssimos.
    Após a leitura, fui a outra parte da ilha, que até o presente momento eu ainda não havia relatado neste diário, há um pequeno cais aqui perto, nele tem uma pequena casa, onde fica um senhor, um pescador, é o único ser humano que eu vi aqui até o presente momento, combinei com ele de uma vez por mês, me trazer algumas coisas da cidade, creio que o dinheiro que tenho dê para mais de um mês, depois disso, não sei como vou fazer.
    Como eu havia dito, somente esse senhor da qual não vou dizer o nome, é o meu contato, por assim dizer, com o mundo lá fora. O resto do dia fiz o de sempre, fiquei a beira da praia, esperando pelo anjo ledo, mais ela não apareceu hoje.

O mar beijou a praia,
A praia beijou o mar,
E o vento forte a soprar.

Sentado neste lugar,
Com olhar preso ao horizonte,
esperando o amor ausente.

Nada além do silêncio,
No pensamento lembrança,
Uma vaga esperança.

Meu anjo ledo não veio,
Então recolho a face a chorar,
Fios de lágrimas a derramar,
Na salobra água desse mar.

    Guardo no silêncio dos meus olhos o amor platônico que sinto por ela. Sinto esse amor queimar meu peito em brasas ardentes.
    Guardo no silêncio da minha alma, todas as palavras que um dia gostaria de dizer a ela.
    Como seria bom declarar o meu amor, diante da face dela, e dizer-lhe tudo o que eu sinto.
    Guardo no silêncio dos meus lábios o desejo de um beijo seu, bastaria um beijo, e o meu coração se derreteria perante o seu.
    Guardo no silêncio oculto do próprio silêncio, toda a ternura e todo o encanto desse imensurável amor que sinto por você, anjo ledo dos meus sonhos.
    Guardo a tanto tempo que não estou suportando mais guardar, meu desejo é gritar para o mundo todo ouvir, quero que todos saibam da grandeza desse amor.
    Guardo nos meus versos a sua lívida face, a majestosa poesia do meu amor em versos escondidos.

DIÁRIO DA SOLIDÃO. Where stories live. Discover now