DIA 31.

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Houve um tempo, quando eu vivia em Gênova, que eu tinha a falsa sensação da felicidade, é esquisito isso, difícil de compreender, aliás eu sou alguém difícil de ser compreendido, talvez seja normal isso, ouvi dizer que os grandes artistas eram muito instáveis emocionalmente. Vejo que eu não fujo à regra, sou apenas mais um. Bom, como eu estava dizendo, eu tinha uma falsa sensação de felicidade, eu morava sozinho nessa época, eu sempre morei sozinho, é estranho isso, sem dizer que esta é outra característica dos instáveis emocionais. Minha rotina era a mesma todos os dias, acordava cedo, fazia meu café, depois ia para o trabalho, na parte da manhã eu trabalhava em um jornal local, eu era um dos redatores, mas este emprego não durou muito, na parte da tarde eu trabalhava em uma pequena biblioteca, esse sim era um emprego que eu gostava, mas também durou pouco tempo, mas eu nunca que vou ter outro emprego daquele, para mim era perfeito, um trabalho solitário e rodeado de livros. Um amigo chamado Alberto certa vez me disse que eu era um constante depressivo, hoje eu sei que o que ele disse é verdade, dolorida verdade.
    Hoje é o meu trigésimo primeiro dia nesta ilha, eu que pensei que não fosse durar uma semana, mas aqui estou, diante dessa praia extensa, cercado de verde, cercado de mistérios, essas ilha é muito misteriosa, durante o dia é completamente silenciosa e deserta, durante as noite é cheia de sons esquisitos, cantos e vozes estranhas, algo de errado tem aqui, ou é a ilha, ou talvez seja eu.
Qualquer dia desses eu vou sair a noite para descobrir o que está acontecendo, vou investigar esses sons estranhos. Outro dia eu vi de relance, o anjo ledo, parecia estar na beira da praia, corri até o local para vê-la, mas quando cheguei ao local ela não estava mais lá, fiquei muito triste, chorei muito.

Devolva o rude mar,
As lágrimas que derramei,
Devolva a tristeza que era minha,
A tristeza que se derramou dos meus olhos.

Devolva rude mar,
O sorriso que lhe dei,
Naquela tarde chuvosa,
Devolva - o por favor,
Aquele era o meu único sorriso.

Devolva rude mar,
O meu anjo ledo,
Sei bem que o tens tomado para si,
Não me deixes tão só,
Por favor rude mar,
Devolva meu anjo ledo.

    Talvez exista um possível universo paralelo onde você me ame com todas as forças do seu coração, onde o seu desejo seja o de me ter ao seu lado, onde as regras e os dogmas que regem o nosso mundo não tenham importância.
    Talvez exista neste universo paralelo, a possibilidade de um amor correspondido, um amor que me queira por completo, sem reservas e sem medos.
    Sonho de olhos abertos com esse universo paralelo, quem sabe eu e você já existimos nele, talvez eu e você sejamos cúmplices de um grande amor nesse possível mundo imaginário de possibilidades infinitamente perfeitas.
    Neste nosso mundo de imperfeições, de regras falidas e mentiras disfarçadas de verdades, neste mundo tenho apenas o meu pensamento solitário.
    Já no possível universo paralelo, tudo é permitido, tudo é possível, o que neste mundo seria um ultraje, uma loucura completa, no universo paralelo de meus sonhos não é.
    Lá eu sou livre para dizer o que vem ao coração, sem medo de ser ridicularizado, lá as nossas noites de amor são longas, e os dias de angústias não existem, lá amar é livre e não carrega a tarja da culpa.
    Neste universo paralelo não existe tristeza no sorriso, e nem dor no olhar, tão pouca culpa que pese na consciência, lá somos livres para amar livremente, e ter a certeza de ser amado na mesma proporção que se ama.
    Tudo é permitido no meu universo paralelo, lá você é meu anjo ledo, lá não há limites para o nosso grande amor.

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