DIA 35.

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    Raios e trovões cortaram o céu de um lado a outro, vendavais tão fortes que fizeram as palmeiras dobram-se quase a quebrar-se, uma forte chuva estava para cair, eram nove horas da manhã, o tempo frio e escurecido não me impediu de ir até a casa das Tulipas, mas eu ainda não havia chegado lá, eu estava bem debaixo das árvores grandes. De fortes que eram os ventos, fizeram muitos galhos cair, um deles quase me atingiu, por um instante fiquei sem saber para onde ir, voltar para casa era um grande risco, ir para a casa das Tulipas era outro maior ainda, o que fazer então?
    Decidi por ir à casa das Tulipas, é uma completa maluquice da minha parte, mas eu tinha que fazer isso, nem eu mesmo sabia o porque eu estava fazendo tal coisa, comecei a caminhar um pouco mais rápido, o vento se intensificou, pedaços de galhos eram arrancados das árvores, os raios iluminavam todo o interior da mata, os primeiros sinais de chuva já eram visíveis, apertei o passo quase a correr, cheguei então na varanda da casa das Tulipas, e ali fiquei, observando o temporal que parecia mais forte, embora ali também fosse arriscado, caso uma árvore viesse a cair na casa das tulipas, a faria em pedaços, mas aquele era um risco que eu queria correr.
    As primeiras gotas grossas da chuva começavam a cair no telhado da casa, fiquei apreensivo com receio de voltar para casa, um certo medo e arrependimento vieram ao meu coração, a chuva começou aumentar, de modo que seus respingos adentravam na varanda, molhavam as Tulipas e as rosas que balançavam com o vento, se elas continuassem ali onde estavam certamente seriam danificadas, coloquei-as mais próximas da porta, impedindo assim que suas belas folhas viessem a se machucarem, a última coisa que eu queria é ver as flores do meu anjo ledo todas quebradas, imagine a tristeza dela, ou seja lá de quem fossem.
    No momento em que me curvei para arrumar as flores, encostei na porta da frente, a porta então se abriu, levei um tremendo susto, pensei que houvesse alguém ali, mas não havia, talvez por um descuido deixaram a porta destrancada, diante de mim estava uma porta aberta, que poderia bem ser a casa do meu anjo ledo, entrar ou não entrar? Eis a questão, minha razão dizia que não, mas o coração dizia que sim, por alguns minutos fiquei parado sem saber o que fazer, foi então que tive coragem e tomei a decisão de ouvir o que o coração falava.
    A chuva aumentou muito naquele momento, agora já não era nem questão de ouvir o coração, mas a própria razão, percebendo o perigo de ficar ali, cedeu ao coração pela primeira vez, adentrei na casa, fechei a porta, e logo todas as minhas suspeitas estavam corretas. Aquela era mesmo a casa de uma mulher, depois de observar um pouco mais cada detalhe, eu não quis explorar muito a casa, mas quando adentrei na cozinha, eu vi um pequeno porta retrato sobre a mesa, quase não acreditei, era ela, sim era ela, o meu anjo ledo, a minha Safira, aquela era a foto dela, bem ali diante de mim, ah... Meu coração quase parou, sentei-me para não cair, meus olhos estavam cheios de lágrimas e o coração cheio de esperança, ver o anjo ledo, agora era só uma questão de tempo e paciência, afinal, aquela era de fato a casa dela.

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    Que o amor dure em mim o tempo de uma vida inteira, que o amor seja as engrenagens responsáveis por mover o meu coração, e que o meu coração se alimente somente do néctar desse amor, que não seja ele um amor simplório e sem valor, mas que em sua essência seja espetacular e grandioso; de tirar o fôlego da alma, fazendo-a desejar sempre mais.
    Amor meu grande amor, elevado amor que me faz voar, amor que me fez entender, que é impossível viver sem ter você. Que o amor nos aquece nos dias frios, e que os teus braços cheios de carinhos me faça perder em tantos abraços, que o amor seja o nosso mestre, que seja a luz a brilhar na escuridão, que seja o abrigo seguro para a alma cansada; que o teu amor venha em muitos beijos, cheios de desejos, ardentes e inesperados a me despertar no meio da madrugada, depois de lindos sonhos de ventura.
    O amor está no teu olhar, em cada sorriso de anjo ledo, Em teus pequenos gestos, em cada toque suave. Quero ser um servo para esse amor, um devotado servo de tuas vontades, farei desse amor minha religião, e de seus beijos minhas súplicas fervorosas, quero que esse amor continue a me seduzir todos os dias, e me faça feliz por toda uma vida, que seja o amor um farol em noite sombria, a guiar meu barco nas tempestuosas águas deste tumultuoso mar. Desejo apenas o seu amor, desejo apenas te amar, que o amor seja o meu guia cego, a me conduzir por este mar sem fim.

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