DIA 16.

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    Hoje o dia nasceu com mais beleza, nasceu com mais cor, e no cântico das aves há uma melodia diferente. Hoje o céu está com um azul muito mais intenso, e os raios do sol não queimam na face, antes a beija docemente.
    Hoje este meu coração enlouquecido resolveu cantar, ao invés de bater dentro do peito. Hoje, especialmente hoje; eu a vi, nas primeiras horas da manhã, eu vi o meu ledo anjo sobre as águas do mar.
    Hoje eu li Shakespeare, me embebedei de seus versos apaixonados, misturei aos meus versos apaixonados. Hoje aquele amor antigo outrora esquecido, despertou novamente, e ele dói dentro do peito.

Cantem o amor,
Que seja ele celebrado,
Este poeta apaixonado,
Arrancou do peito a dor,
A dor da ausência,
Aquele anjo de divina aparência,
Surgiu Majestosa como bela flor.

Cantem o amor,
Amor sem defeito,
Ardendo no peito,
Amor do mais puro amor,
Era ainda cedo,
Quando vislumbrei o anjo ledo,
Amor do mais excelso amor.

                                  ****

    Quando a noite se fizer alta, erguendo-se entre o brilho das estrelas, revelando a todos o seu negro véu de mistérios; uma brisa suave começará a soprar na minha janela, me revelando o segredo da madrugada.
    Debruçado sobre a noite, ao brilho das estrelas, e a escuridão me saltando aos olhos, revelando toda sua oculta beleza envergonhada.
    Meus pensamentos voam no infinito do universo, Cintilando rudes versos, de um desnudado amor primaveril. Em algum canto desta terra desconhecida, meu amor descansa sua formosa face de anjo ledo, nas plumas macias de algum travesseiro, eu aqui debruçado em meus sentimentos, observado o dançar das estrelas e das ondas do mar, tentado a crer no inconcebível poder do amor.

Amor desconcertante,
Amor descomunal,
Amor deslumbrante,
Amor tão desleal.

   Este amor brilha mais que o Órion, este amor que se estende pelos dias, se arrasta pelos meses, que ultrapassa os anos.
    Ainda debruçado sobre a noite, acompanho o caminhar da lua pelo céu, enquanto no véu negro as estrelas brilhavam de contentamento. Meus pensamentos são tais como a areia do mar, que com fúria se joga sobre a praia, assim são estes meus pensamentos, jogados com ímpeto nestas toscas palavras de amor.

Meu cantar é solitário,
Não tem explicação,
Minha alma desgostosa,
No descompasso do coração,
De sofrer já não aguenta,
E não encontra solução,
Minha sina é te amar,
até o perder da razão.

DIÁRIO DA SOLIDÃO. Where stories live. Discover now