DIA 24.

2 1 0
                                    

Os dias passam lentamente na ilha,
Os dias se alongam como as ondas,
E como as ondas,  entrega - se a praia,
E de forma lenta, retornam ao mar
Somos todos assim, extensão do mar,
Nos derramamos lentamente na vida,
Escorrendo por entre as fendas do dia.
    Mas, diferente do mar, nem sempre é a mesma calmaria das águas salobras. Às vezes, muitas vezes, somos detidos, aprisionados pelas circunstâncias .
A vida nos impõe muitas coisas, ela,
A vida, é repleta de segredos, muitos deles,
Além de segredos, inúmeros mistérios que nos assombra o tempo todo.
Além do que, existe certo anjo ledo,
Que por vezes resolve aparecer a mim,
Sem avisar, me assustando, comove,
Move meu coração, mexe na alma,
Dilacera o meu pobre coração aedo.
O que fazer então, mediante tal coisa,
Me digam o que devo fazer, por favor o que eu devo fazer?

Não quero enlouquecer nesta ilha,
Embora eu acredite piamente,
já de certa forma estar completamente
Louco, sim, louco, simples assim.
Eu a vejo, a desejo, a todo instante,
A todo momento, a cada segundo,
Onde estará o meu anjo ledo?
Por favor alguém me diga,
Onde estará o meu anjo ledo.?

    A noite chega lentamente, e o sono, vai embora, fico horas inteiras acordado, vagando pelas terras do meu coração na falha tentativa de entendê-lo. As estrelas são bailarinas da noite, desfilam o seu esplendor pelo céu negro, embora eu esteja muito cansado, eu me recuso a dormir. Meus olhos estão perdidos no horizonte, já não conseguem saber o limite do mundo real e do imaginário, em delírios de amor o mundo ficcional parece o real e o real se parece com o mundo ficcional.
    Na minha frente vejo o anjo ledo dos meus sonhos, vejo sua resplandecente beleza, o brilho ofuscante de sua face, o poder da imaginação esmagando meu peito. O amor é estranho e maravilhoso, machuca e afaga, é dolorido e prazeroso, é um fogo que arde sem se ver.

Que meus lábios morram de amor,
Que meus lábios busquem os teus,
Que teus beijos seja meus beijos,
Até que chegar o amanhecer.

    O amor é maior do que tudo, e justamente por não o conhecer nós sofremos tanto, o amor é maior que o tempo, os desejos, o presente e o passado.
    O amor é mesmo assim, senhor de si mesmo, quanto mais a amo, mais eu quero amar, infinitamente quero amar.

DIÁRIO DA SOLIDÃO. Donde viven las historias. Descúbrelo ahora