Herdeira III - Meu Leão Branco

❤ Clima tenso ❤

— Nem pense em dizer nada a respeito da minha vida. Você não tem autoridade sobre ela. Meus pais realmente me obrigam a ir para Igreja e isso me sufoca. Mas não é da sua conta garota.

Gisele a fita com os olhos marejados.
Nicoly acabara de encontrar a jovem na praça, chorando. Tentou ajudar, porém não teve sucesso.

— Eu só queria te ajudar, não precisa agir dessa forma...olha, se está achando que contarei a alguém, está muito enganada. Não sou esse tipo de gente. — se justifica.

— Eu conheço muito bem o seu tipo de gente: gosta de sair como santinha para ganhar elogios das pessoas. Mas sei que você é uma cínica! Agora se você quiser espalhar para todo mundo eu não ligo. Vá em frente e me deixe em paz. — diz ríspida.

Nicoly maneja a cabeça em sinal de negatividade e se retira com passos largos. Seus olhos enchem de lágrimas e uma mistura de sentimentos vem a tona. Não aguentava mais receber insultos das pessoas, não aguentava mais agir com bondade e ser retribuída de outra forma.

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Tarde do dia seguinte...

Mais um dia de ensaio e Gisele parecia diferente da noite passada. Era incrível como seu semblante mudava dentro da igreja. Nicoly, por sua vez, não entendia o que realmente se passava na cabeça daquela jovem.
Odiava pessoas que usavam máscaras.

— O pastor deu a ordem de que o grupo ficará suspenso das atividades da Igreja enquanto não ver melhoras. Então, vamos começar a mudar isso...faremos a campanha da restituição. Nicoly, suba na galeria e pegue um saco preto que tem em cima do armário. Quero fazer uma dinâmica com todos vocês. Agora, cuidado para não quebrar, é algo muito importante para mim e ficarei chateada se não tiver concerto.

Ela assente e sobe as escadas.
Gisele e suas amigas se entreolham e dão um sorrisinho travesso. Raissa não tirava os olhos das mesmas.

— Noemi, vou no banheiro, estou muitíssimo apertada. — protesta e sobe as escadas correndo.

— Eu também estou. — Raissa também se manifesta discretamente para não chamar a atenção de Gisele.

Nicoly estava meio perdida dentro daquela salinha. Havia tantos sacos pretos em cima de vários armários.

— Procurando isso? — se assusta ao ouvir a voz de Gisele. Olha para trás e a vê segurando os pertences de Noemi.

— Sim, obrigada por achar... — inocentemente, se aproxima para pegar, mas rapidamente a outra afasta de seu alcance. — o que está fazendo?

— Se isso quebrar... você sabe que Noemi vai ficar muito chateada com você, não é mesmo?

— Comigo não, com você! — protesta.

— Ainda farei questão de inventar que fez isso de propósito, ou que tal...jogar em você? Tem coisas de vidro aqui dentro.

— Você não seria capaz. — desafia.

— Acha mesmo?

— Coloque o saco no chão, Gisele! — Raissa dá a ordem.

— Caramba como você é chata! Como foi que subiu assim tão rápido? Não cansa de tomar parte da vida dos outros?

— Já disse para você colocar o saco no chão, agora! — grita.

— Não. — ri.

Em fração de segundos sente seu rosto arder com um tapa. Leva a sua mão até a região agredida.

— Já disse para largar o saco. — Raissa o puxa da mão dela.

— Sua... — range os dentes e levanta as mãos para bater nela, mas Noemi pigarreia.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? — pergunta séria.
Gisele aproveita o momento para se defender:

— Ela que começou. Acabou de me dar um tapa no rosto e depois fica dizendo que é crente! Noemi, já faz tempo que ela me odeia, ela não me suporta. Na primeira vez, por sorte, Nicoly segurou a mão dessa falsa crente!

— Falsa crente é você, garota! Deixa de ser cínica, tira suas máscaras e mostra a todo mundo quem você realmente é. A sua vida é tão miserável, por isso tem inveja da felicidade das pessoas, pode ter certeza que você vai queimar bem no f...

— Raissa! — Noemi a repreende com um olhar. — Não pode decretar as sentenças das pessoas, eu não admito essa dissensão no meio de nós! Teremos uma conversa seríssima, agora!

— Pra que?! Einh? Para essa...maldita dar falsos pretextos e você aceitar? De maneira nenhuma! Bati nela mesmo para ver se aprende alguma coisa nessa vida.

— Já chega! Vou descer, suspender o ensaio e as três ficaram aqui. Se caso vocês não se resolverem, ficarão punidas dos ensaios e do grupo até se entenderem.

— Nunca! — Raissa cruza os braços, indignada.

— Chega! Que dá a ordem (abaixo de Deus) aqui sou eu. — fala e se retira.

Gisele não perde tempo para rir da cara delas. Nicoly estava inconformada com o comportamento da amiga e o cinismo da outra.

— Pode rir. Ria até se entalar, mas um dia a sua máscara cai. — Raissa aponta o dedo.

— Vocês duas são mesmo umas coitadas...

— Olha aqui sua... — Nicoly toma a frente.

— Raissa, não consigo entender esse seu tipo de comportamento. Essa não é a menina doce que conheci a alguns meses atrás. — seus olhos estavam marejados.

— Você.é.uma.idiota. — soletra. — Era para eu ter deixado ela aprontar com você. Não acredito que vai defender essa...

— Essa o que?! — Gisele debocha.

— Você para também! — Nicoly vira-se para a mesma. — Chega de tanta babaquice, amadureça por favor. — as lágrimas desciam arduamente.

— Lágrimas de crocodilo? — ergue as sombrancelhas. — A única pessoa que tem que tirar as máscaras aqui é você, Nicoly. Você não é inocente, é uma falsa... Não adianta derramar essas lágrimas para quando Noemi chegar e sair como vítima da história, porque você não é. Ainda vou provar para todos dessa Igreja, inclusive para o pastor, que você é uma hipócrita. Não tem capacidade para exercer a função de uma líder, sua irresponsável!

— Você não sabe o que está falando. — sua voz saiu embargada.

— Não me comove te ver assim. Eu odeio você! Odeio! Odeio!

Nicoly se ajoelha e chora. Raissa até tentou fazer o mesmo para ajudar sua amiga, mas se policiou.

— Levanta e olha para sua amiga, nem se abaixou para te abraçar. Deve ser porque sabe que estou falando a verdade, conhece que és uma falsa, hipócrita!

— Cala a boca ou vai se arrepender. — Raissa diz.

— Não cansa de me bater? Agora sei que não és crente coisa nenhuma! Você nunca foi crente, nunca teve os frutos do espírito...

— E o que você entende disso sua...nem vou discutir contigo. — leva aos mãos na cabeça.

— Voltei, vamos conversar agora! — Noemi adentra na sala.

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