❤ Orar muito ❤

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"É tempo de crescer,
É tempo de se erguer,
É tempo de resgatar
Aquilo que se foi" 🎶♥

Dias depois...

Não sei quando vencerei esse cansaço de ir a escola. Acho que só quando sair dela.

— Você não está bem. — minha mãe entra no quarto.

— Deus te falou algo? — suspiro.

— Deus precisa me falar algo? Você é minha filha, se lembra disso? — me encara por alguns segundos.

Gargalhamos.

— Mãe, hoje, finalmente irei conversar com a diretora do colégio. Decidi que não vou usar mais calça. — explico.

— Que orgulho de você! — beija minha testa.

— ergui as sombrancelhas. — Como assim?! Achei que iria questionar!

— Eu? Questionar? Filha, você está fazendo algo que não é de si mesma. Tenho certeza que foi um Amigo nosso que despertou esse algo em seu coração.

— Foi ele mesmo. — sorrio. — Será que a diretora vai me compreender?

— Se Deus mandou, Ele garante. — afirma.

(...) 💗

Cheguei na escola com um pouco de incerteza. Minhas mãos estavam suadas e meu psicológico com medo de ouvir um "não!". Pode até ser contra as normas escolares, mas exijo respeito.

— Será? — pergunto a Mikaelly incrédula.

— Vai logo menina! — indaga.

Ao caminhar em direção a diretoria, me deparo com a diretora conversando com outros alunos. Ela parecia um pouco nervosa, é muita gente e muitas perguntas.

— Sem chances! — resmungo.

— Chama ela!

Não havia mais chances de fugir, a mesma estava com a atenção voltada para mim. — Diretora, eu posso conversar com senhora?

— Claro! — ela sorriu.

— Eu poderia usar saia na escola? — engoli o seco.

— Jeans! — responde rapidamente.

— Então... é que eu, não...e social?

— Acho que pode, só um minuto e, por favor, me acompanhe.

Meu coração gelou.

— Lúcia, pode usar saia social, não é? É que ela é evangélica e a igreja não permite calça. — explica.

Ela é diretora, deveria saber.

— Não! — interrompo. — A igreja permite, mas eu não gosto.

— Ah! — Lúcia me encara. — Preta e de preferência, abaixo do joelho.

— Perfeito! — digo tentando controlar a vontade de sair pulando pelos corredores.

— Mas traga a autorização da sua igreja, porque se der algum probleminha ou alguém ver você com uma saia e querer inventar desculpas pra usar outros tipos de vestimentas, conseguiremos interrogar o seu motivo. — a diretora explica sorridente.

— Ótimo! — sorrio.

(...)

Provavelmente o ministério não dará essa autorização, pois ele permite que eu use calça. Isso não vem ao caso, o importante é que estou feliz e ninguém vai retirar essa felicidade.

Tomei um belo banho, almocei e fui direto para o Centro de Ajuda. As coisas aqui tem sido estranha ultimamente. Encontrei algumas meninas que costumo mais conversar.

— Pensei que não viria. — Ketlen se pronuncia. Ela é uma menina muito bonita, cabelos cacheados, pele morena, alta e um sorriso cativante. Muito sábia naquilo que diz, tem um mistério profundo da palavra. É até estranho dizer isso, pois as meninas desse Centro são muito vulneráveis as coisas do mundo.

— Não poderia deixar vocês de lado. — sorrio.

— Eu ainda não entendo como você não congrega com a gente. O que sua igreja tem que a igreja do Centro não tem? — Emily indaga.

Emily é uma garota loirinha, baixinha e de olhos claros. As vezes não entendo a sua personalidade, porque uma hora ela se mostra entender os mistérios de Deus, mas depois começa a questionar as coisas que estão acontecendo em sua vida.

— Nenhuma é melhor que a outra, acontece que fica mais perto de casa. Meus pais não podem me trazer todos os dias de carro, gosto de todos vocês daqui do Centro, são minha segunda família, inclusive o pastor. — explico.

— Não precisa explicar, nós já entendemos! — diz Ketlen, olhando ironicamente para Emily.

— reviro os olhos. — Meninas, eu finalmente tomei coragem e começarei a andar de saia na escola.

— Sério?! Deus é fiel!! — Ketlen comemora e Emily abre um sorriso amarelo.

— Realmente! Agora vou contar essa notícia a minha mãe. Beijos.

Esse é meu problema: contar as coisas para pessoas e achar que elas irão concordar em tudo. Eu sinto que vou perder muitos amigos por causa dessa escolha, mas se Deus mandou Ele garante.

— Mãe? — bato na porta.

— Nem precisa bater! — ouço sua voz.

— Tenho uma novidade. — entro. — Vou poder usar saia finalmente!

— Jura?! Louvado seja Deus. — ela vem ao meu encontro para me abraçar. — Fico tão orgulhosa por estar obedecendo às ordens de Deus, os planos para sua vida. Agora senta aqui que eu preciso te contar uma coisa.

Meu semblante logo mudou e o dela também.

— Não se desespere. — tenta me tranquilizar. — Eu queria que você percebesse naturalmente, mas, usar saia na escola não vai ser uma tarefa fácil.

— Eu sei. Nossa, chega fiquei com medo.

— Desculpa, filha. — lamenta. — Não quero que você desista, porém lute para continuar fazendo a vontade do Pai.

🌸🌸

Vários dias depois...

Realmente o que minha mãe falou era tudo verdade. Deixa eu esclarecer: logo no primeiro dia, as pessoas me olhavam como se eu fosse um "indivíduo diferente". Era como se minha saia fosse algo de outro planeta. Alguns amigos começou a me elogiar, dizendo que eu estava linda, e outros formavam grupinhos​ para comentar sobre a vestimenta.

Fiquei muito constrangida, mas confiante em Deus de que estava fazendo a coisa certa.
Depois de alguns dias, meus amigos do ano passado começaram a se ausentar. O cumprimento deles eram um sorrisinho amarelo, ou levantavam as sobrancelhas​, como um sinal de: "E aí? Beleza?"

As únicas pessoas que permaneceram foi Marcelo, Marcos Mikaelly e Wanderson. Pessoas bem próximas. Estou triste com isso? Não! Me sinto livre para ser quem realmente sou; quem realmente se sente bem com o que está vestida. E se as pessoas não gostam​ de me ver assim, não posso fazer nada. Afinal, se eu estivesse aqui para agradar homens, não seria serva de Cristo.

Tem um menino da minha sala, que reparei que não vou me dar muito bem com ele. O mesmo já mexeu comigo uma vez, mas disse a ele que eu não era qualquer pessoa. Pedi para que ele fingisse que sou transparente.

Sabe aqueles meninos gaiatos que gostam de ficar enchendo o saco de todo mundo? Fazendo de tudo para te irritar? Então, esse mesmo. Quando ele mexeu comigo pensei em perguntar: o que você ganha agindo como se fosse uma criança? Ah, já entendi! Desgosto.

Não, não tenho coragem de dizer isso alguém. Só se me deixassem bem irritada mesmo.

Pelo visto terei que orar muito!

Herdeira III - Meu Leão BrancoWhere stories live. Discover now