XXXV - Encontros - Sirius

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Balírion? Tenebrisen não é aquele homem da cabana... E depois do livro da biblioteca? O que era treinador junto com Groleo?

Não sei o quão comum é esse nome, mas acredito que sim.

Fico feliz por poder conversar com você e não ter que interromper os outros. Comentou o guardião encarando o companheiro e sorrindo.

Realmente, seu problema de falar demais melhorou muito depois de mim.

Os dois soltaram uma risada fraca chamando a atenção do outro núcleo de conversa que virou para encará-los. Ambos rapidamente olharam em outra direção com vergonha e os outros voltaram a falar:

— Preciso de ajuda. — A voz da guardiã havia passado de firme e inquisitiva para um tom de desespero disfarçado. — Meu tio foi pego por nakoushiniders. Tenho que...

— Ele se vira. — Skinhago a interrompeu.

A garota o olhou confusa retomando parte da firmeza.

— Desculpa?

— Tenebrisen já foi preso mais vezes do que você pode imaginar, ele sai dessa. — A trivialidade com que ele dizia isso fazia a explicação de sua fala anterior ser quase mais confusa do que a própria fala. — Quero saber como você está.

— Estou bem, obrigada. — Ela respondeu com a voz carregada de ironia. — Tirando o fato de que meu tio foi levado e...

— Amarrado com cordas super finas apesar de ser super forte e habilidoso? — O imimoya a interrompeu deixando a garota confusa indicando que provavelmente era isso mesmo que havia acontecido. — Sei do que estou falando, ele vai fugir como todas as outras vezes. Sim, não posso prometer que ele vai ficar bem, porque ninguém sai bem de uma prisão, mas prometi cuidar de vocês, então como estão você e o dragão?

Foram alguns segundos antes da garota responder com a voz ríspida:

— Bem.

— Ótimo.

— Então meu tio me mandou aqui para que me auxiliasse?

— Isso.

— Pode começar me dizendo como o conhece?

Tanto Sirius quanto Balírion prenderam a respiração e tencionaram os músculos.

— Conheci Tenebrisen através de meu filho e somos próximos desde então.

O garoto e o dragão relaxaram os ombros soltando um suspiro.

— Isso é muito vago! — Rebateu a garota.

— É o que eu posso te dizer.

— Por quê?

Mais uma vez alguns segundos de tensão...

— Não posso dizer.

... Só para mais uma decepção.

A guardiã revirou os olhos antes de encarar Sirius e inquirir:

— E você?

— Eu o que?

— Quem é você?

— Meu nome é Sirius. — Respondeu e deu um pequeno sorriso.

No entanto, a outra continuou lhe encarando e balançou a cabeça como se ele ainda não tivesse terminado.

— Guardião da floresta. — Ainda a mesma ação questionadora. — Cheguei aqui não faz uma semana e desde então estou tentando ter respostas diretas dele. Pode tentar, mas garanto que não é fácil.

A garota suspirou finalmente parando de encará-lo e sentou na raiz de uma das grandes árvores.

— Não acredito que obtive mais explicações de um humano que já quis me matar do daqueles que deveriam "ser como eu". — Disse em tom de desabafo.

— O que disse? — Skinhago ainda estava com o tom sério destoante dos outros dias.

— O que o senhor ouviu.

— Tenebrisen não lhe disse que é perigoso lidar com humanos?

— Sim. E eu cresci com eles e ainda assim aqui estou. Você realmente quer me ajudar? Então me diga como faço para parar essa rivalidade que não leva a lugar algum!

Outra vez a tensão se instalou entre os cinco, dessa vez se prolongando por mais tempo e terminando quando a guardiã se levantou e falou em um tom que para Sirius misturava calma e desilusão.

— E então? Se não posso procurar meu tio, devo ficar sentada aqui esperando?

— Não. — Respondeu o velho ainda com voz séria, porém mais acolhedora. — Mas imagino que devam estar cansados. Pelo lugar de onde entraram, creio que tenham vindo da casa na mata, certo? Se tiverem vindo andando provavelmente estão exaustos. Entrem, por favor, comam um pouco.

A menina e seu companheiro se encararam por alguns segundos antes dela suspirar quase como se declarasse sua rendição. Imediatamente, Sirius viu Skinhago sorrir, retomando toda a figura de velho enigmático com traços de zombaria dos dias anteriores.

— E qual o nome dele? — Perguntou.

— Borotraz.

— Ótimo nome para um dragão da cura.

Ao ouvir aquelas palavras Sirius arregalou os olhos e olhou para Balírion conforme o pensamento brotou em sua mente.

Você teve a mesma ideia que eu?

Claro que sim. Respondeu o dragão fazendo com que o guardião sorrisse.

Skinhago subiu a escada e se sentou na sua cadeira na varanda. Pediu para que os dois guardiões entrassem e que Sirius mostrasse a casa para a recém chegada. O garoto concordou com a cabeça e estava passando da porta quando o velho gritou:

— E Sirius! — A seriedade voltava a sua voz com rapidez enquanto o guardião se virava para encará-lo confuso por ter lhe chamado por seu nome. — Continuaremos aquele assunto depois.

Sem responder ou acenar com a cabeça, o garoto voltou a entrar na casa sentindo a culpa já se formando no fundo de sua mente. Ainda assim, perguntou ao amigo:

Só para confirmar, ela é sobrinha de Tenebrisen, que treinava guardiões com Groleo?

Isso.

E seu nome?

Silena, nossa você realmente precisa começar a aprender nomes mais rápido!

Eu sei! Mas isso depois... Agora eu preciso convencer ela a nos curar para voarmos de volta para a Fortaleza...

Ainda não sabemos o que Skinhago queria com a gente desde o começo...

E se partirmos, talvez nunca saberemos... Mas se fosse importante, ele teria dito desde o começo... Não?

E ele diz alguma coisa?

Sirius riu pensando que não deveria abandonar o velhinho que cuidou deles, mas nunca deveria ter abandonado Anima para começo de conversa...

— Então, — falou forçando empolgação para a garota, não, garota não, Silena, — essa é a sala e cozinha. Está com fome? Tem algumas frutas aqui. — Pegou a vasilha com os alimentos e estendeu para ela com um sorriso.

Os GuardiõesWhere stories live. Discover now