Amor Meu

Capítulo 9 - Parte 4 (Teresa)

Quando acordei naquela manhã, bastante cedo, olhei para o relógio e ainda era de madrugada, coisa que não era normal, pois por mim, normalmente eu acordava sempre um pouco mais tarde, mas estava ansiosa.

Não sei sinceramente se me deveria sentir mal comigo mesma, mas a verdade é que levantei-me e ao ligar o computador, lembrei-me da conta do Salvador, da sua palavra-passe, dele me ter dado.

Se eu fosse cuscar o que quer que fosse, significaria possivelmente, para ele, que eu não confiava nele, mas por outro lado, se eu não o fosse fazer, eu ficaria pensativa, não só com o encontro, mas porque depois de tanto tempo, sem ele ter nada, de mim, de nunca me ter tocado, poderia fazer o mesmo que os meus outros namorados.

Na verdade, no meu interior, eu sabia que ele não faria nada, eu confiava plenamente nele, mas...a curiosidade levou o melhor de mim e quando dei por mim, já estava a entrar na conta dele, social, e a vasculhar os registos sobre com quem é que ele tinha falado e sobre o quê.

Inicialmente, o intuito era ver se aquilo que ele me dizia, se era o mesmo que dizia aos outros. Infelizmente, conforme ia avançando nos registos de conversas, ia-me sentindo culpada por o estar a fazer, por estar simplesmente a vasculhar deliberadamente a sua, digamos, privacidade. Não o deveria ter feito, pois agora eu iria querer-lhe confessar esta minha atitude, até que...parei num registo, com quem ele tinha estado a falar, três dias antes, uma tal de Faith, membro do grupo.

- "Olá Salvador, não me disseste mais nada, até mesmo sabendo que em breve nos vamos conhecer oficialmente, pessoalmente";

- "Sim, conheces, o meu nome é Patrícia, nós falámos lembraste?";

- "Então e diz-me, porque razão tu falaste com todos os membros, exceto comigo? Não te fiz mal, pelo contrário, só te posso fazer bem...";

- "Sim, foi - Diz qualquer coisa, tenho a certeza que consigo ser mais real e merecer mais aqueles textos que ela. Eu posso-te dar mais, pensa nisso!";

- "Não te chateies, eu pensei que não fosses mesmo feliz, pensei que como és um rapaz até giro e eu até me considero igualmente interessante, pudéssemos...flertar, sem maldades, sem pensar no que viria depois, tal como a minha personagem, a caçadora e o seu...vampiro";

- "A Teresa não precisa de saber disto, não vos vou causar problemas, eu já percebi que tu és um rapaz sério, mas se algum dia mudares de ideias...diz-me".

Infelizmente, diversas frases destacaram-se pela negativa e apesar dele não ter dito nada de mal, naquele momento, por saber que ele não me tinha contado e tinha dito sempre que estava tudo bem, deixou-me triste e talvez...magoada como não julguei.

Juro que não estava a conseguir ter reação, por isso, fui ao meu blog, coloquei a musica de fundo "Lara Fabian – Adagio" e escrevi o texto seguinte:

"Por entre forças invisíveis, por entre carinhos esgotados

Quero-te, mas tu nunca estiveste aqui, quero a tua alma, mas nem te tocar eu posso

Sem te ver, sem te ter, tento não te querer, mas os pensamentos atraiçoam-me

Deixam-me a magicar sobre o nosso eu e tu, espero que este nós seja eterno

Afasto-me assim, de ti, para que não nos possamos explicar entre a dor deste amor

Eu sei que tu mereces muito mais, eu sei que tu estás melhor sem mim

Porquê ficares para trás na tua vida se podes viver agora tanto?

Eu seria egoísta, eu não te amaria como digo que te amo se não quisesse o melhor para ti

E eu sei, estes são só versos, codificados, totalmente enganosos para ti

Se nestas frases tu não compreenderes um amor tão antigo, que certamente provem de outra vida

Então não sei o que fazer para te dizer que talvez, um dia isto vai acabar

Não quero acreditar, não quero pensar, só sei que tu voltas sempre para mim

E percebes o que eu escrevo e o que digo, como se fosse agua a fluir

São noites, são dias e tudo aquilo que temos são lembranças

Mas nem um toque, nem mesmo isso eu fui digna de ter

Eu não te quero atrasar, eu não te quero impedir de viver

Vive, se possível, feliz, meu amor"

Quando acabei de escrever, as lágrimas escorriam-me, pois eu sabia que o Salvador iria ler aquele texto, e talvez, fosse perceber tudo aquilo que eu queria dizer.

Eu não queria que ele percebesse como era para acabar e sim, como eu só queria ter podido confiar nele e se ele não o fazia, era porque talvez não fosse feliz.