[Cap02] - Castelo de areia

10.1K 698 174
                                    

— Uauu. Ainda somos bons nisso — digo deitando ao lado dela, com a respiração ainda alterada.

— Só porque vamos ser pais, não significa que o sexo tenha que ser ruim. Eu preciso de um banho. Você vem? — Ela diz levantando - se e ficando tonta logo em seguida.

— Opa! Você tá bem? — Pergunto acariciando suas costas.

— Estou, é só aquela tontura de novo.

— Aconteceu várias vezes essa semana, não devia ligar pro seu médico?

— Não, é normal. Eu estou inchada, com quinze quilos a mais e um bebê dentro de mim. É muito corpo pra bombear o sangue. Já passou, viu? Vou pro banho.

— Eu vou fazer uma torrada, estou morto de fome. Quer uma?
— Digo saltando da cama e vestindo um pijama.

— Torrada essa hora? Eu não sei como consegue ficar magro, comendo desse jeito.

— Eu fui abençoado pelos deuses, morra de inveja gata - Digo enquanto ela adentra o banheiro.

Vou pra cozinha, cuidadosamente mobiliada com armários brancos, eletrodomésticos inox que custaram o olho da cara e ainda há sobras do chá de bebê, da semana passada na geladeira. Experimento um pastel e decido que é hora de jogar aquilo fora, pego os frios e me ponho a preparar as torradas. Sim, vou preparar duas, afinal, ela nunca quer, mas sempre acaba devorando as minhas coisas, entre uma mordida e outra.

Arrumo tudo num prato e vou pro quarto, antes dou uma passada no quarto do Davin, finalmente pronto, com as gavetas organizadas e eu perdi a conta de quantas vezes vi Carolina desdobrando e dobrando de novo. Ela estava muito ansiosa, queria que tudo saísse perfeito. Eu já não tinha tanta ansiedade assim, gravidez era um saco e eu não tenho certeza que ter um bebê em casa, melhoraria as coisas. Nesses seis anos, nunca brigamos tanto quanto agora, é tipo uma TPM superpoderosa que não passa nunca, eu não sei como agir com ela. Às vezes meu humor a faz rir e em outros dias ela abre a maior DR, me chama de imaturo, infantil e diz que vai voltar pro Brasil com o nosso filho.

Meus amigos do trabalho, dizem que só vai melhorar quando o bebê tiver por volta de três anos, aí ela vai decidir dar um irmãozinho a ele e vai começar tudo de novo. Eu não me importo de ter um filho único, nunca tive muito jeito com crianças, mas o Davin, parece gostar de mim. Ele chuta forte, toda vez que toco na barriga dela e ela diz que se mexe muito quando ouve minha voz, acho que ele me ama ou me odeia e tá me mandando ficar longe da mãe dele. Quero acreditar na primeira opção.

Falta menos de um mês pra ele chegar e tudo que eu queria era ter me preparado melhor, não desistido do grupo de pais e passado da página cinco do livro sobre bebês que Carolina me deu. De qualquer forma, eu tenho ela e sei que ela vai fazer as coisas funcionarem como devem, tudo que eu preciso fazer e não pirar e fazer o que ela mandar. Aliás tá aí uma coisa que concordo com meu pai, se você fazer o que sua esposa manda, reduz nuns 85% a chance de fazer merda.

Volto pro quarto e como eu previ, ela pega uma das torradas e começa a comer zapeando a tv.

— E é melhor você se comportar na Europa ou eu juro que Davin vai ser a única pessoa com um pênis nessa casa — ela diz do nada.

— Relaxa, não vou ter tempo de ir pra Amsterdã — digo e ela me fulmina com o olhar — Não que eu queira conhecer a rua das vitrines, mas o Derek precisa. Ele é solteiro e tá apaixonado por uma garota que tem um namorado e sem falar que depois dessa dica de quarto gay que ele te deu, eu tô começando a suspeitar que meu irmãozão joga no outro time. Será que o Bryan tá solteiro? Ele dava em cima de mim, vai que agora tem uma copia minha que curte dividir o barbeador.

Minha vida em pequenas Escalas  [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora