13. Lidar-se com sentimentos

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Para hoje:

- Conflitos internos;

- Sedução (!);

- Mais conflitos;

- Mais sedução (!!);

- Inversão de papéis (adoro).

*

Ele não retornou nem mesmo para buscar as roupas que havia deixado para trás nem para trazer-me comida, o que achei duplamente estranho, voltando apenas na manhã seguinte, já em verdade próximo ao meio dia, e notei que, embora tivesse se aproximado da lagoa, ele evitava olhar-me. Sentada no pequeno pier desde manhã cedo, eu ficara a cantar e pentear os longos cabelos com as mãos e eles agora já estavam quase que completamente secos, caindo em cascatas castanhas ao longo de minhas costas, para onde eu os havia colocado, mas me silenciara quando o vi aproximar-se, falando-me baixinho e de rosto baixo:

- Sua voz é bonita. Te ouvi cantando de longe.

Retirei da frente do peito uma última mecha de cabelo comprido que ainda estava a pentear com as mãos e apoiei-me com ambas atrás das costas, reclinando-me levemente, enquanto olhava-no e comigo pensava porque ele evitava olhar-me e logo deduzi que fosse talvez por causa de minha nudez, por causa dos seios que estavam à mostra, mas não conseguia entender porque isso o chocava tanto. Desviei dele o olhar para suas roupas que ele abandonara sobre o píer e de repente falei:

- Por que não veio buscar suas roupas?

- Não foi preciso - ele respondeu, de rosto ainda baixo e de forma evasiva - Eu tenho outras.

- E não vai pegá-las?

Notei que ele vacilou um momento, mas não queria fazê-lo porque na verdade não queria aproximar-se muito de mim, e eu estava sentada bem ao lado delas. Mudei de assunto:

- E você também não veio conversar comigo... Eu estou falando, você percebeu isto ontem?

- Sim, percebi... Mas... - ele gaguejou - eu estava muito ocupado com as questões da viagem. Não tive tempo para isso - e falava sem olhar-me, o tempo todo sem olhar-me, e para disfarçar sacou o relógio do bolso e espiou vagamente as horas.

Ergui a mão direita e cocei o ouvido, um pouco chateada.

- Eu fiz algo errado? Foi por isso que você saiu correndo? Ficou bravo comigo por eu tê-lo puxado para a água?

- Não! - ele olhou-me de repente ao que exclamou, mas logo tornou a baixar o rosto, cruzando os braços - Não... Não foi isso... Aliás, não foi nada.

Estiquei-me ligeiramente, estendendo os braços e a cauda, que bati algumas vezes sobre a água, brincando sozinha, um pouco pensativa, e decidi brincar com ele, para quem dirigi em seguida um sorrisinho malicioso:

- Já está perto do meio-dia... Podia retirar-me daqui, por favor?

E assim tendo dito estiquei de lado o pescoço em sua direção, olhando-no com uma inocência meio fingida, e percebi como ele ficou um pouco sem jeito com o meu pedido, em verdade um pouco incomodado em atendê-lo, mas solícito como era não conseguiu negar-se e obedeceu-me, baixou-se e pegou-me no colo. Assim que tornou a erguer-se, paramos ambos por um segundo olhando-nos nos olhos em silêncio e, com a cabeça com a orelha em seu peito, pude ouvir como de repente seu coração havia disparado dentro dele, e sem pensar ergui uma das mãos, erguendo-a para seu rosto,e acariciei-lhe a lateral dele até o queixo com a ponta de meus dedos, sem retirar de sobre ele o meu olhar. Ao meu toque, ele fechara os olhos trêmulos levemente e seus lábios e seu queixo tremeram muito de leve antes que ele conseguisse outra vez abrir os olhos, e sussurrou, com voz trêmula:

Presa na Mala de Newt ScamanderHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin