11. O que move o mundo

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O que tem pra hj:

- Overdose de glicose fluff-fluff allert!

(cuidado com a diabetes e boa sorte!)

*

*

Aquele foi um dia produtivo. Pela primeira vez foi como se eu e Newt trabalhássemos juntos e fôssemos mais afins entre nós dois do que nunca antes. Discutimos longamente sobre propriedades de ervas e seus usos na medicina, lemos juntos alguns volumes científicos, e eu cheguei a dar-lhe algumas informações novas com as quais ele pareceu realmente intrigado. E foi bem tarde da noite que fomos recolhermo-nos para dormir e, apesar do cansaço do trabalho diário e dos estudos aprofundados que tínhamos feito, e apesar dos olhos azuis de Newt estarem-se fechando sozinhos já de tanto sono, ele relutava em deixar-me para recolher-se à sua pequena casinha modesta.

- Memê, esse foi um dia maravilhoso - dizia ele, incrivelmente sonolento - Tanto, que eu não queria que ele acabasse.

- Mas todas as coisas têm um fim, como têm o seu começo - eu disse, passando para o lado de dentro do cercado.

- Ah, mas é triste pensar nisso; eu não gosto de despedidas.

- Mas não é uma despedida. É um boa-noite.

Ele olhou-me por um longo tempo, os olhos fechando-se involuntariamente, um sorriso meio bobo no rosto, até que falasse:

- Viu só? - ele sorriu - Eu disse que você não ia fugir.

*

Na manhã seguinte bem cedo ele já corria com entusiasmo de um canto para o outro, logicamente para terminar as tarefas o mais rápido possível para vir ver-me o mais breve, mas tantas eram as atribuições que ele precisava cumprir sozinho que conseguiu vir encontrar-me apenas já passadas as onze horas da manhã. Chegou correndo, com as roupas sujas e muito descabelado e suado, limpando as mãos às calças, e falava muito gravemente, como que desculpando-se:

- Coisa linda! Bom dia! Eu gostaria tanto de ter conseguido vir mais cedo, mas há tanto o que fazer - puxou um banco e sentou-se ao meu lado, cansado - Eu sinto muitíssimo.

- Já pensou em ter um ajudante?

- Até sim, mas, quem? Eu não tenho muito a oferecer, e são raras as pessoas que trabalham por amor.

- Assim como você.

- Sim - sorriu, orgulhoso do que fazia - assim como eu. É o amor que move o mundo, não concorda?

Olhei-o e cruzei os braços atrás das costas, pigarreando levemente, vendo-no limpar o suor da testa com um lenço, silenciosamente, até que ele risse:

- Vocês centauros são durões. São muito cerebrais. Enfim - de repente relaxou a pose, encurvando as costas - Eu realmente não queria que você se fosse, apesar de tudo.

- Não pretendo ir-me para lugar nenhum.

- Ah, você me entendeu - disse ele, triste - É tão bom quando podemos interagir... Será que irá demorar muito para a próxima vez?

- Pode ser amanhã. Pode ser daqui a 100 anos - respondi, muito calmamente, e percebi que ele tremeu, muito de leve, pondo-se a coçar um dos braços, descendo os olhos para o chão - Bem, apenas para constar - eu acabei dizendo - eu gosto muito quando você fala comigo, ainda que eu não possa responder, porque compreendo tudo o que diz, e gosto de andar junto com você por dentro dessa sua mala, especialmente quando nos seus ombros ou dentro do seu bolso, junto com o Pickett - e dei, de rosto baixo, o primeiro sorriso desde que tinha chego até alí. Na verdade, o primeiro em bem mais de 500 anos.

Presa na Mala de Newt ScamanderWhere stories live. Discover now