Capítulo 21 - Anões e Humanos

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- Filho, que surpresa boa, eu não esperava vê-lo nessa época do ano, o que veio fazer aqui? – Perguntou um anão velhinho com uma voz lenta e amistosa saindo de trás de uma grande barba grisalha que quase chegava a sua cintura, seus olhos apertados de tanto tempo frente a forja quase estavam cobertos pelas grossas sobrancelhas, ele apoiava seu corpo em uma bengala com um cabo prateado, uma peça rara e cara, pelo que parecia Uthean pertencia a uma família rica.

- Eu tive uma pequena folga e decidi vir aqui, esse aqui é um dos meus recrutas, o nome dele é Flames, um mago de fogo. – Disse Uthean. – Flames, esse é meu pai, Uthorian.

- Esse é o mago? É mais jovem do que eu pensei. – Disse o velhinho segurando a mão de Flames e a examinando como se procurasse algum buraco de onde o fogo saia ou algo assim. – Me mostre um pouco da sua magia.

  Flames ergueu sua mão direita e a sacudiu no ar como quem tentava secar as mãos depois de lavá-las e como em um flash de luz sua mão estava coberta por chamas laranjadas e cintilantes.

- Que coisa fantástica, ouvi sobre magos minha vida inteira, mas nunca acreditei nesse tipo de conversa. – Murmurou Uthorian admirado. - Parece até que é bruxaria... mas não. - Ele analisou as chamas mais de perto. - Dá pra perceber a pureza dessa magia.

- Você tem bons olhos, na vila que eu vim todo mundo tinha certeza que eu era fruto de uma maldição.

- Pai, e aquela arma que o senhor falou que estava desenvolvendo, o senhor a concluiu? – Perguntou Uthean desviando o assunto para não ter que ouvir novamente seu pai falar o quanto procurou por criaturas mágicas ou coisas parecidas em suas aventuras na juventude.

- Sim, sim, já tenho uma pronta, veja! – Ele puxou da sua cintura uma arma estranha, ela tinha um cabo de madeira preso a um cano oco, feita com prata e ouro, o cabo era feito com madeira de Argelim muito bem pintada, o cano feito de prata era envolto pela calda de um dragão de ouro que terminava em sua ponta com a boca aberta na mesma direção do cano.

  Uthean a tomou nas mãos e a examinou com os olhos. – Não parece perigosa, como isso funciona? – ele balançou a peça procurando uma forma de atacar com ela, mas parecia intrigado por não conseguir entendê-la.

- Você coloca um pouco de pólvora aqui dentro. – Falou Uthorian apontado para a ponta da arma. – Depois coloca uma bola de ferro por cima da pólvora, ai quando você apertar esse gatilho uma faísca será jogada na pólvora que explodirá lançando o projetil na direção em que ela estiver apontada, bom, é mais complexo que isso, mas estou explicando de uma forma simples.

- Mas isso é mesmo potente? Oferece risco de vida ou só machuca? – Perguntou Uthean.

- Você quer testar?

...

  Flames seguia Uthean e seu pai por uma trilha subindo ainda mais a montanha, haviam diversas montanhas ali por perto e os anões trilhavam todas elas e alguns até se arriscavam a morar em tuneis dentro delas, à medida que Flames subia a montanha ele enxergava toda a vila enânica e percebia o quanto as casas eram bem edificadas, a vila parecia bem verde por causa da rua de grama, e as casas pareciam pequenas caixas largadas na floresta.

- Acho que aqui já está bom, estou velho demais pra subir toda a montanha. – Disse Uthorian sacando a arma e colocando pólvora dentro dela, em seguida pegou uma pequena bola de ferro e a colocou por cima da pólvora e entregou a arma nas mãos de Uthean. – Aponte para uma dessas árvores, segure firme e depois aperte suavemente esse gatilho de metal, segure com força, ela vai dar um tranco quando disparar.

  Uthean apontou para a árvore mais próxima e se concentrou, quando ele apertou o gatilho e houve um leve barulho de um estalo seguido de uma explosão, uma leve fumaça branca saiu da ponta da arma, quando finalmente a fumaça se esvaiu Uthean notou o grosso buraco que ficou no tronco da árvore, sem apoio ela pendeu e caiu por cima das outras.

Flames Hodrison - O Ápice das ChamasWhere stories live. Discover now