Capítulo 14 - Caruncis, treinadores de heróis

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- Ninguém tem certeza se ele pertence mesmo a esse clã, dizem que ele apresenta as mesmas habilidades e características, mas até onde se sabe pode ser apenas coincidência. – Contou Hasuran. – Eu particularmente acredito que seja mesmo um descendente, porque Kandaram não prenderia um garoto comum por mais pobre que ele fosse, eles o fariam de escravo, e quando ele foi pego ele estava com a arma sagrada que pertencia ao clã, na verdade eles possuíam vários objetos sagrados, todos feitos com metais e joias preciosas, mas a arma sagrada era o mais valioso de todos os objetos, ela é um bastão de ouro adornado com pedras preciosas em suas extremidades, era um bastão que passava-se de líder para líder, foi por esse bastão que os membros do clã lutaram em uma disputa pela liderança, o garoto foi encontrado arrastando o bastão, perdido na floresta, se isso tudo fosse coincidência seria muito estranho, e se ele não fosse tão importante por qual motivo Miguel arriscaria sua vida para ajudá-lo? Eu não sei como conseguiram sair daquele lugar, mas Kandaram não é referência quando o assunto é tolerância, e depois disso o garoto entrou pro grupo de loucos do príncipe, parece que esse foi mais um dos motivos que fez Kandaram querer iniciar uma guerra contra Obrehim quando descobriu que o líder do rosa branca era o príncipe Miguel. – Contou Hasuran.

- Eles não são loucos. – Defendeu Traziriam.

- É, tanto faz. – Hasuran disse com desdenho. – O fato é que eles sempre compram brigas com gente perigosa, a lista de inimigos deles só cresce em todos os reinos e advinha pra onde essas pessoas direcionam a fúria delas? Para o rei e consequentemente para toda Obrehim.


- Kandaram atacou minha vila a pouco tempo, Dynarki, ela fica do outro lado do reino, eles não mataram ninguém, mas saquearam tudo e me levaram como prisioneiro. – Flames disse olhando para o fundo de um copo com água. – Só de ouvir que ele atacou Kandaram já gosto mais dele, se eu pudesse faria o mesmo.

- Apesar de toda imprudência Miguel segue sendo amado, agora com a volta dele ele é o assunto principal do reino, mulheres lindas filhas de grandes nobres fazem fila na porta do castelo querendo conhecê-lo, ele tem tudo que um homem desejaria e mal fez dezoito anos, dá até uma certa inveja. – Hasuran falou sorrindo entre as colheradas que ele dava na comida.


- Você não quereria ser ele, Kandaram quer a cabeça dele a todo custo. – Traziriam falou.

- Aqueles doentes querem a cabeça de qualquer pessoa viva daqui do reino, então não faria diferença alguma. – Exclamou Hasuran sem medo, ele sorria de tudo e sempre fazia piadas sobre as coisas com seu humor sarcástico, mesmo diante de situações sérias. – É melhor a gente voltar logo para o quartel, se o comandante descobrir que ficamos batendo pernas depois da missão ele não vai ficar nem um pouco contente.


- Tem razão. – Concordou Traziriam levantando-se da mesa enquanto indicava para a dona do estabelecimento que queria a conta.

- Espera, não vai nos levar para se alistar? – Perguntou Flames.


- Perguntem na cidade onde fica o coliseu, todos sabem, falem que eu mandei vocês, se ele não os aceitar digam que são magos, não tem erro. – Disse Traziriam por cima do ombro já passando a porta.

- É melhor irmos andando também. – Disse Ácura levantando-se. - Temos que nos alistar e procurar um lugar para ficar ou dormiremos na rua.

  Flames levantou-se e saiu seguindo ela.

  Eles andaram por horas pelas ruas de paralelepípedo sob a grossa chuva pedindo informações, as pessoas não pareciam sociáveis com estranhos, sempre desconfiadas de tudo, o que não era estranho em uma cidade tão movimentada como Kings Town, um lugar onde havia todo tipo de gente, depois de horas andando eles finalmente acharam o famoso coliseu, as grandes paredes feitas com enormes pedras colocadas perfeitamente uma sobre a outra o fazia se destacar entre os demais edifícios que o cercavam, a construção colossal podia ser vista de muito longe pois se estendia a uma altura impressionante, o fato de não terem o encontrado antes dava prova do quanto a cidade era extensa, um curto rio cercava todo o coliseu distanciando-o da rua em quase quatro metros, as águas eram escuras e Flames percebia que tinha vários peixes grandes vivendo ali e com certeza eles não eram dóceis, haviam apenas duas entradas em lados oposto, onde pontes levadiças faziam uma passagem direta sobre a água, Flames uma vez ouviu falar que os coliseus ou construções mais antigas tinham algo do tipo cercando-os para dificultar a fuga dos escravos nos tempos antigos, dois soldados guardavam a entrada e assim que tentaram passar foram logo impedidos por eles.

- O que vocês querem aqui? – Um dos guardas perguntou levando a mão a espada, desconfiado, eles não eram tão grandes como os homens que vigiavam a muralha, mas eram igualmente intimidadores.

- Viemos nos alistar. – Flames Falou com um pouco de receio pela forma que reagiram a sua aproximação.


Flames Hodrison - O Ápice das ChamasWhere stories live. Discover now