Capítulo 11 - Os dois cavaleiros

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- Sorte sua que está atento, você iria me pagar se sujasse meu machado de sangue. – Disse o cavaleiro guardando seu machado novamente, Flames ficou totalmente desalinhado sem entender o que acontecido.

- Como eu não ficaria atento? Um búfalo selvagem é mais sutil que você, te percebi a metros daqui. – Respondeu o outro homem com um sorriso zombador. – Quem são esses? - Ele perguntou olhando Flames e Ácura como se eles não pudessem estar ali.

  Flames aliviou-se ao perceber que os dois eram amigos e que não teriam que lutar com nenhum ser mágico ou algo do tipo, por um momento ele achou que o cavaleiro iria mesmo matar o outro homem, mas aquele tipo de comportamento parecia ser um costume dos dois, era difícil acreditar que eles se cumprimentavam dessa forma.

- Eles também estão indo para Kings Town, então decidi dar uma carona até lá, eles querem se alistar para o caruncis. – Disse o cavaleiro.

  O outro homem deu uma risada alta. – Boa sorte, assim que passarem vão ser jogados de cara na guerra, era melhor virarem padeiros.

- Qual o problema? Eu não tenho medo da guerra. – Perguntou Flames tentando entender a piada.

- Nenhum, se você gostar do cheiro de sangue e de pessoas rígidas mandando em você então você está no rumo certo. – Respondeu o homem pulando de cima da carroça.

- Também não é assim, ser um soldado é bom, mas como toda profissão essa tem um lado ruim. - Defendeu o cavaleiro. - Mas nesse caso o lado ruim não é uma fornada de pães queimados, é uma espada bem afiada na sua barriga.

 Flames sorriu. - Eu gosto de correr risco, então para mim está tudo bem.

  Flames olhou o outro homem mais de perto, ele não parecia ter mais que vinte e cinco anos, mas dava para perceber que já participara de várias batalhas pelas cicatrizes que se apresentavam discretamente pelo seu corpo, seus cabelos castanhos iam até a altura dos ombros e apesar de ser um guerreiro possuía uma postura elegante, sua forma física era de um homem normal, exceto pelos braços fortes de tanto balançar sua espada, o que fez Flames perguntar-se como ele conseguiu aguentar um golpe daquele machado gigante.

- Ser um soldado é uma honra, mas é uma responsabilidade muito grande. – Falou o cavaleiro virando-se para Flames e Ácura. – Bom, o trabalho exige muito da pessoa, tanto fisicamente quando mentalmente, vocês serão a linha de frente nas guerras, encarregados de proteger o reino de qualquer inimigo que aparecer, mesmo que vocês tenham medo não vão poder recuar, não quero assustá-los, mas quando alguém entra na guerra ele deixa de viver e passa a sobreviver. - Concluiu o cavaleiro Fazendo Flames refletir sobre sua última frase, soou poético para ele e estranhamente empolgante.

- Nós sabemos o quanto é difícil, mas estamos decididos a fazer isso, morrer na guerra é uma honra também. - Ácura respondeu.

- Não quero ser pessimista, mas acho que os caruncis nunca aceitarão meninas entre seus aprendizes. – Retrucou o outro homem fazendo seu tom elegante se transformar pouco a pouco em um tom de soberba.

- Aceitarão quando souberem que ela é uma maga elemental. – Respondeu o cavaleiro.

- Sério? Você é um mago elemental? - Perguntou ele dando um salto de curiosidade sobre o assunto. - Qual seu elemento?

- Água. – Respondeu Ácura surpresa com a reação dele.

- Na verdade os dois são magos. – Revelou o cavaleiro. – Mas vamos conversar enquanto partimos, não quero demorar muito para chegar no rio Erclames, essa bruxa já me tomou tempo demais.

  Todos entraram na carruagem e partiram sem demora, os fortes cavalos cuidavam para que a viagem não fosse demorada, eram tão fortes que passavam por cima de pau e de pedra sem recuar nem um pouco e sem parecer fazer esforço algum, já dentro da carruagem os bancos eram acolchoados e feitos com materiais de primeira mão, um luxo invejável, a madeira que revestia a carruagem era grossa e firme feita da madeira negra da árvore Tauboa, para resistir ao ataques vindos de fora. A luz tremulante de uma tocha e uma pequena porta aberta no teto iluminavam todo o ambiente, não que precisasse pois o dia estava tão claro que até lá dentro a luz não faltava, aquela era uma carruagem de guerra luxuosa, o tipo de regalias cedidas apenas para cavaleiros, mais atrás tinha um tipo de cela pequena e isolada exceto por uma pequena janela fechada por uma grade, o espaço era apertado e coberto por ferro e madeira totalmente desconfortável, lá ele colocou a bruxa desacordada que parecia tão inconsciente que Flames se questionava se ela realmente continuava viva.

- Vocês ainda não me disseram seus nomes. – Reparou o Cavaleiro.

Flames Hodrison - O Ápice das ChamasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora