41 - Cada um seguir com sua vida. (Maxon Schreave)

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Estava apertando meus nós dos dedos, nervoso, fazia quase duas horas que eu havia recebido a ligação de meu pai, informando que já havia ligado para o advogado. Mas ele não poderia me atender agora, porque tinha um cliente mais importante para atender. O que me fez ficar prestes a explodir.

Quem ele pensava que era para ter a audácia de dizer que eu não era mais importante?

Era mais um para minhas listas de demissões.

E a primeira, você nem precisa ter dúvida: America.

Refleti a noite toda, sobre a minha medíocre conversa com Aspen, se é que podemos dizer que ele saiba o que isso significa. Claro que fiquei constrangido por ter falado sobre a mãe dele, quando eu nem mesmo sabia direito. Mas isso não significava que estávamos em bons tons.

Ele roncou a noite toda, sem parar, me deixando com uma dor de cabeça insuportável, por um momento cogitei perguntá-lo como ele conseguia! O colchonete era ridiculamente fino, e fedia a xixi, o chão nem se podia dizer que era um chão aceitável.

Senti meu maxilar doer ainda mais, maldito Aspen.

Eu queria não estar aqui. Queria poder voltar a dois anos atrás agora mesmo. Queria voltar a olhar a America, secretamente fofocando e apostando as minhas custas na cozinha com suas amigas.

Queria que ela soubesse que na verdade, eu sabia bem que ela me detestava tanto, e sempre que podia gritar seu ódio aos quatro cantos do universo para todos ouvirem.

Queria ter a coragem de olhar no fundo dos olhos dela, e dizer que quando me casei com Celeste, eu já estava apaixonado por ela. Mas o que eu faria? Celeste já havia sido abandonada no altar pelo seu noivo. E eu nunca faria o mesmo.

Queria ter tentado mais fazer meu casamento dar certo, porque todas as vezes que vi America receber ligações, e presentes de seu noivo no escritório, e o sorriso dela era o maior do universo, parecia uma constelação inteira dentro dela, sentia que iria morrer com o teto caindo em mim, me massacrando. Por isso, lá estava eu, ligando para minha mulher correndo atrás dela, só para não correr atrás de America.

Mais uma vez, ele ligava para ela, mesmo eu a repreendendo por atender ligações pessoais em horário de trabalho, o maldito sorriso de menininha não desaparecia. Era tortura.

Fechei meus olhos quase me arrependendo de todos os momentos que pedi para ela ficar até tarde, só para ter um motivo de mantê-la mais perto, nem que fosse para encurralá-la de tantas tarefas, e ver seu rosto mudar de cor de tamanho rancor por mim. Era uma tortura divertida.

Ela dificilmente reclamava, balançava a cabeça e concordava. Sempre me alfinetava sobre meu casamento, e eu sempre fechei as brechas não permitindo suas invasões. Ela tinha isso, ela gostava de expor sua opinião a todo custo.

Queria não me lembrar do dia da chuva, não neste momento, não queria me lembrar que meu subconsciente já a desejava muito mais do que poderia dizer em palavras. Queria tanto que fosse verdade, que daria toda a minha fortuna para ter aquele dia novamente, eu a beijaria ali em baixo da chuva no fastfood. Eu diria a ela, que ela parecia um anjo em perfeição, com seu sorriso de céu. E seus pares de águas marinhas eram tão prazerosos encará-los.

Senti que meus olhos suavam. E ri da minha idiotice, em não querer assumir o que já estava estampado há quase três anos quando meus olhos pousaram em sua foto do currículo. Ainda o tenho na minha pasta, é um mantra que guardo.

E isso me fez lembrar do dia em que ela se demitiu, ela saiu da minha sala com tanta confiança, uma America que eu nunca tinha visto. Ela sempre teve aquilo com ela. O ar de conseguir o impossível ser possível. Era só você encará-la bem, que me entenderia perfeitamente.

Se Um Dia Eu Fosse O MaxonWhere stories live. Discover now