QUARENTA OITO

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A sirene na janela passando pela rua de Castiel o acordou.

O som ecoou enquanto ele abria os olhos lentamente. Seu colchão estava posicionado no chão e encostado na grande janela no quarto de Sam. Ele via o vidro bem perto de seu rosto. Cerrou os olhos de novo quando o clarão os fez doerem e encostou a testa no vidro. Os fios de seus cabelos negros bagunçados grudavam e se arrepiavam ao encostar na superfície. Estava um pouco frio, porém ele não ligou. Na verdade, ainda estava tentando processar em sua cabeça que estava em Londres e já tinha alguma duração para ser exato...

Ele quase se perdeu no tempo.

Algumas semanas haviam se passado desde que foi na entrevista da faculdade. Apesar de estar suando e sua barriga dando vários pulos de precipícios a cada pergunta direcionada, Cas não se deixou abalar por uma entrevistazinha. Comparado a tudo que passou, sentar em uma cadeira e responder algumas perguntas era mel na chupeta – ok, quase isso.

Tinha voltado a correr. No inicio era sozinho. Colocava os fones de ouvido, fechava o zíper de seu casaco até o topo, corria por todo o quarteirão e voltava mais cansado que tudo. As aulas da faculdade tinham começado há três dias e ele já sentia a dor e o cansaço nas juntas durante elas. Algumas vezes era difícil se concentrar quando o professor desligava as luzes e ligava o projetor. 

A aula era perfeita. Tudo aquilo que ele sempre sonhou, contudo... Ainda estava se curando. Talvez demorasse anos ou pelo menos mais alguns meses.

Mas isso não o impediu de continuar tentando "emagrecer". Era mais para ganhar força e resistência. Todavia, com todos os problemas, remédios e falta de viver. Castiel tinha engordado quase dez quilos.

Dez quilos!

Que foram totalmente - ou quase - perdidos nesse período de tempo de volta aos treinos.  Ele poderia dizer que corria sozinho? Poderia. Mas isso mudou até um garoto começar a correr com ele também. Não com ele, é claro. Só na mesma rua e mesmo horário.

Era o tipo de companhia distante. Você não se sente sozinho, porém não se sente junto de alguém também. E mesmo sua mente negando. Castiel se viu interessado em saber quem era o corredor que tinha o horário regulado com o dele.

Querendo ou não o estranho com capuz que as vezes passava dele em rapidez o deixava com a pulga atrás da orelha. As vezes Cas fingia que ele era Dean... Deus, isso não era saudável. Só as vezes. 

Não poderia fazer mal fingir que ele corria ao seu lado, não? Só deixava tudo mais animado. Ele até voltou a escutar The animals. Não doía tanto assim...

Não muito.

Na segunda vez que Cas viu o garoto foi quando o mesmo olhou para trás, na direção dele. Caralho. O garoto diminuiu a velocidade e a emparedou com a dele ofegante.

— Sabe que horas são? – perguntou como quem não quer nada. A voz ainda arfante. Castiel quase se assustou, mas tentou aparentar calma. Ele tinha olhos azuis. Ah, vá pra puta que pariu.

— dez pras seis. – disse meio baixo. O garoto assentiu e voltou a correr.

Que merda foi essa?

Na terceira vez Cas levou Bones para correr junto. O garoto estava novamente lá, mas eles só trocaram um "boa tarde" e continuaram com seus exercícios ou continuariam se Castiel não tivesse tentado puxar assunto.

Era péssimo. Péssimo com isso tudo. E era péssimo também em não se sentir culpado. Ele só perguntou se ele corria todo dia lá e o menino que pelo visto era loiro – merda novamente – disse que sim.

You can be my cure (Destiel) || CORREÇÃOWhere stories live. Discover now